Secult apresenta projeto do Teatro São Cristóvão ao Ministério da Cultura
O projeto para reerguer o Teatro São Cristóvão, na Avenida Magalhães Barata, em São Brás, foi apresentado pelo secretário de Estado de Cultura, Paulo Chaves, ao ministro da Cultura, Roberto Freire, na última sexta-feira (13). A reunião abriu um novo diálogo com o governo federal para estabelecer prioridades em várias frentes, da produção cultural à questão do patrimônio histórico.
Roberto Freire afirmou que essa primeira visita foi para discutir como melhorar o relacionamento. “Retomar a ideia de criar uma representação do ministério no Norte com maior peso, muito maior estrutura, inclusive de pessoal, para poder superar esse distanciamento, ter maior presença no cotidiano, não apenas na visita de um ministro ou na visita de alguém da região a Brasília”, disse.
O entendimento é que sem os governos estaduais não se pode fazer política de integração regional a partir de Brasília e que a região Norte precisa ter uma presença forte no ministério visando resolver o problema do pouco que chega pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. O ministro argumentou que o custo amazônico é a incapacidade de se comunicar, tendo como barreira as distâncias continentais. A solução será a criação de escritório baseado na Amazônia para resgatar “uma ausência de tempo”, enfatizou. A partir dessa iniciativa o Ministério da Cultura poderá ser acessado com maior presteza.
Roberto Freire se manifestou de forma positiva em relação ao projeto de recuperação do Teatro São Cristóvão, marco patrimonial e cultural em ruína e ameaçado mais ainda pela especulação urbana. Essa realidade e o projeto de recuperação do espaço cultural criaram grande expectativa na sociedade. Paulo Chaves fez uma explanação sobre a importância histórica do prédio que abrigou a antiga Associação dos Chauffers e que foi doado pela França no início do século passado.
Tradição – O Teatro São Cristóvão, que faz parte da mesma edificação, ficou conhecido como “Teatro dos Pássaros”, onde se apresentavam os cordões de Pássaro Junino, gênero de teatro popular tipicamente paraense. “É uma espécie de ópera popular, com texto e música e até com orquestra mínima que lotava o teatro”, contou Paulo Chaves, mencionando fatos que marcaram esse tempo, como a perseguição da censura a esses espetáculos por causa das letras maliciosas.
A proposta de restauração prevê a criação do memorial dos chauffers – dali saía uma das mais populares procissões da cidade em louvor de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas – outro memorial para os Pássaros e uma área para ensaio da Amazônia Jazz Band, que atualmente ensaia no Teatro Gasômetro. Além do DVD com o audiovisual, Paulo Chaves, autor do projeto arquitetônico, repassou ao ministro a planta do novo teatro e o histórico do processo, incluindo o termo de compromisso assinado por Marta Suplicy, em 2012, quando ela era ministra da Cultura. O ministro garantiu que retomará o processo de restauração que, em valores atuais, custará R$ 15 milhões. Paulo Chaves informou ao ministro que a obra poderá ser concluída em nove meses ou um ano.
Depois da apresentação do projeto, o ministro assistiu ao audiovisual sobre a criação do Parque Estadual do Utinga, em plena execução, e se mostrou impressionado com as dimensões dessa área de conservação ambiental e a intervenção arquitetônica no local, que será aberto à visitação, educação, pesquisa, turismo e para quem queira apreciar a enorme diversidade da fauna e da flora do parque que abriga os lagos Bolonha e Água Preta, importantes mananciais no abastecimento de água de Belém.
Paulo Chaves falou ainda da Feira Pan-Amazônica do Livro, que será aberta em maio, e o ministro pediu mais informações sobre o evento, que este ano terá como homenageado o poeta Mário Faustino e como país homenageado a poesia. O ministro anunciou que este ano o Ministério da Cultura vai lançar o Prêmio Ferreira Goulart de Poesia, para alunos do ensino médio das escolas públicas, e disse que era uma notícia em primeira mão.
No fim da reunião com o secretário Paulo Chaves, que teve a presença do deputado federal Arnaldo Jordy (PPS) e da secretária adjunta da Secult, Cristina Chaves, eles retomaram a ideia da criação do Museu do Homem Amazônico. O ministro prometeu analisar a instalação de um museu no complexo do Mercedário, no bairro do Comércio, que pode ser feito sem trâmite muito demorado e que está orçado em R$ 700 mil. Se esse recurso for captado em curto prazo, o museu seria inaugurado ainda este ano.