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Sedap fomenta cadeia produtiva em municípios com Indicação Geográfica da farinha de Bragança

Órgãos das diferentes esferas administrativas trabalham na elaboração de um termo de cooperação para adequar ou construir casas de farinha

Por Governo do Pará (SECOM)
21/08/2021 13h31

Com a finalidade de alinhar parcerias para a construção ou adequação de casas de farinhas artesanais, e promover outras melhorias na produção e qualidade do produto, técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) cumpriram uma extensa programação, na última semana, nos municípios da região Bragantina, no Nordeste do Pará.

As ações incluíram visita de campo aos agricultores familiares que produzem mandioca nos municípios de Viseu, Bragança e Tracuateua. Também foi realizada na quinta-feira (19), como parte da programação, reunião entre representantes da Sedap e das prefeituras de Bragança e Tracuateua. Os dois municípios estão entre os cinco que obtiveram a Indicação Geográfica (IG) da farinha, que inclui também os municípios de Augusto Corrêa, Santa Luzia do Pará e Viseu.O Indicação Geográfica da farinha confere qualidade e reconhecimento ao produto

A articulação é uma iniciativa da Sedap, que busca parcerias para a instalação de unidade demonstrativa para potencializar a produção do tradicional produto da culinária paraense, feito à base de mandioca. Em Bragança, a reunião ocorreu no prédio da Secretaria de Cultura, Desportos e Turismo, com a presença do titular do órgão e equipe, além dos secretários de Pesca e de Agricultura, e também representantes do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater).

Em Tracuateua, o encontro foi realizado à tarde, na sede da Prefeitura Municipal, e contou com a participação do prefeito José Bráulio da Costa, do secretário de Agricultura, Naldivan Figueiredo, e de membros da equipe de Secretaria de Agricultura e do gabinete municipal.

A engenheira agrônoma da Sedap Márcia Tagore, representante da Secretaria no Fórum de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas, fez uma avaliação positiva das reuniões realizadas no nordeste do Pará. Ela explicou que a finalidade da Sedap, ao propor um termo de cooperação, é auxiliar os agricultores familiares a adequar esses espaços à nova Instrução Normativa que está sendo avaliada pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará).Equipe da Sedap dialoga com gestores municipais para aprimorar a cadeia produtiva da mandioca

“A Sedap elaborou, junto com os especialistas das suas vinculadas – Adepará, Emater e as instituições parceiras, como Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e representantes do Conselho Regulador da IG da Farinha de Bragança –, a Instrução Normativa que acreditamos, até final de setembro, deverá ser publicada pela Adepará, que é o órgão competente para regular a matéria de defesa e vigilância sanitária do Estado. Nós avaliamos que ainda precisamos melhorar esses espaços, embora a gente já tenha verificado que há produtores seguindo as normas, o que é muito satisfatório”, ressaltou a técnica.

Crédito - Ela informou que entre as propostas que estão sendo costuradas está a busca por linhas de créditos em instituições como o Banco do Estado do Pará (Banpará) e o Banco da Amazônia (Basa), que atuam com financiamentos específicos para o desenvolvimento da produção rural. Márcia Tagore também anunciou que a Sedap realizará reuniões com a gestão municipal dos outros três municípios produtores da farinha da região bragantina.

O início dos diálogos sobre linhas de crédito, lembrou Márcia Tagore, ocorreu no dia 23 de julho passado, em uma reunião com o prefeito de Bragança, Raimundo Nonato de Oliveira, que projetou a construção de pelo menos 10 casas de farinha. Para Márcia Tagore, “as Indicações Geográficas do Estado são importantes para os gestores, pois sinalizam as potencialidades do território e concentram esforços e parcerias, nos diferentes níveis, para a solução de problemas”.

Segundo o secretário de Cultura, Desportos e Turismo de Bragança, Vinícius Oliveira, “é fundamental a gente chegar até os produtores e levar a estrutura das casas de farinha para criar essa referência. Eu tenho certeza que esse termo de cooperação entre a Prefeitura de Bragança e o governo do Estado, através da Sedap, irá resultar em benefícios aos produtores”.

O secretário informou que a equipe da Prefeitura desenvolveu um projeto para a utilização de biodigestor no processo da torração da farinha, com o aproveitamento de matéria orgânica da própria comunidade produtora.

De acordo com Vinícius Oliveira, o projeto-piloto será implantado na Comunidade Quilombola do América, situada na região dos campos de Bragança, que também é uma região turística. “O ideal, é a gente conseguir implantar a conservação do meio ambiente com a preservação das raízes da nossa cultura africana, de onde vem a produção de farinha, agregando diversos valores para a produção”, frisou o secretário, acrescentando que “agora, com a participação da Sedap, a ideia é que a gente possa agregar um projeto ao outro e construir esse elo entre as duas esferas de governo para desenvolver o projeto”.

As unidades de produção da farinha deverão ser distribuídas em quatro regiões de Bragança: Montenegro, Cacual, Campos de Bragança e Imboraí.

Tradição e qualidade - O prefeito de Tracuateua, José Bráulio da Costa, também ressaltou a importância do trabalho em parceria entre a Sedap e a prefeitura em busca de melhorias para o trabalho do agricultor familiar. “O nosso município é um dos maiores produtores de farinha da Região dos Caetés, e ainda temos produtores que trabalham com as tradicionais casas de farinha, algumas muito precárias. Eles precisam de incentivos e de financiamento para que melhorem, mais ainda, a qualidade da nossa farinha. É importante que essas unidades estejam dentro dos padrões exigidos”, frisou o gestor.

A farinha d’água é o principal produto econômico de Tracuateua. Localizada a 206 km de Belém, o município conta com pelo menos 95% da sua população vinculada à agricultura familiar. “Praticamente todos os moradores vivem da mandioca. Temos também a pecuária em Tracuateua, mas todo mundo que cria uma vaca ou um boi também produz farinha. Quem produz feijão caupi – outro tradicional produto do município – produz a mandioca, que está ligada aos outros produtos de Tracuateua”, ressaltou.  
O prefeito disse ainda que o município se divide em campos, área urbana e colônia, onde mais se produz farinha. “É nessa região onde mais encontramos os igarapés que são bastante visitados, por isso é importante que essa produção de farinha possa ser aliada a uma rota turística, como a dos igarapés”, acrescentou.

Produtor José Milton de SouzaUm dos produtores que vive na colônia, José Milton de Souza, membro de uma família de agricultores que sempre trabalhou com farinha, está construindo outra casa de farinha, seguindo as orientações estabelecidas pela Adepará. Ele acredita que a IG para o produto vai melhorar a qualidade da farinha. Por isso, com muito esforço e apoio de familiares está construindo a unidade de produção.

O agricultor defende os investimentos em melhorias. “Tem gente que acha ainda que não vale a pena investir. Para mim, esse espaço não representa gastos, mas sim um investimento. Só o fato de estar melhorando a minha unidade de produção, vou poder planejar melhor o meu trabalho e tirar uma melhor produção. Ganha o produtor e ganha o consumidor, que além de ter uma farinha de melhor qualidade, terá um atendimento mais rápido, pois vai ser possível atender em um tempo mais curto”, ressaltou o agricultor.Casa de farinha tradicional na região Bragantina

Aos poucos, segundo ele, foi reaprendendo que a qualidade é mais importante que a quantidade, por isso resolveu investir em melhorias na produção, sem perder a tradição. O agricultor familiar inseriu outras culturas na sua propriedade de oito hectares, como milho e açaí, para ajudar no reflorestamento.

A Sedap, recentemente, por meio de convênio com as prefeituras e a Emater, entregou estacas e material vegetativo de cultivares de mandioca para melhorar a produção dos agricultores familiares da região. A mandioca é uma das atividades importantes do Estado, e faz parte da cadeia produtiva prioritária de ações de desenvolvimento.

Texto: Rose Barbosa - Ascom/Sedap