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Ophir Loyola utiliza tecnologia assistiva a favor da autonomia e recuperação dos pacientes

Procedimento é incluído nas atividades cotidianas para garantir independência na realização de atividades como alimentação, higiene e vestuário

Por Leila Cruz (HOL)
04/08/2021 10h12

Durante o enfrentamento de doenças neurológicas ou oncológicas, os pacientes podem sofrer diversas limitações, causadas pelo tratamento e pela enfermidade. Atividades simples como andar e comer podem se tornar difíceis de serem executadas. Em Belém, o Hospital Ophir Loyola que assiste pessoas com doenças crônicas degenerativas investe em tecnologia assistiva para auxiliar os enfermos a ter autonomia e a depender cada vez menos da ajuda de terceiros.

Uma doença autoimune levou o administrador Everson Martins, atualmente com 29 anos, a passar mais de quatro meses em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Em setembro de 2020, ele foi diagnosticado com a síndrome Guillain-Barré, que faz com que o próprio sistema imunológico passe a atacar as células nervosas, levando à inflamação nos nervos e, consequentemente, gera fraqueza, paralisia muscular e pode levar à morte.

À época, Everson era subgerente de um hotel no município de Breves e certo dia acordou com uma dificuldade para se levantar. Ao tentar se deslocar, caiu da escada. Após dois dias, foi intubado e transferido para a UTI do Ophir Loyola, na capital paraense. “Além da fraqueza muscular, enfrentei os demais sintomas provenientes da síndrome, tais como a paralisia facial e do diafragma e dificuldade na fala devido à traqueostomia”, conta.

Ainda em cuidados intensivos, recebeu uma órtese de PVC de baixo custo para ajudá-lo a manter uma estrutura anatômica mais saudável. E com os cuidados recebidos, conseguiu ir para enfermaria e receber alta no mês de março. Agora faz acompanhamento ambulatorial com a equipe multidisciplinar da clínica de neurologia.

Recuperação

Em julho, o administrador retornou ao hospital, desta vez para receber uma tecnologia assistiva produzida com material termoplástico biodegradável pela Divisão de Terapia Ocupacional. A órtese tem como vantagens o conforto do processo de imobilização, a estética, a funcionalidade, a leveza, além de proporcionar um melhor acabamento, favorece a higienização e uma adaptação perfeita ao corpo do paciente. “É um trabalho para nos ajudar na preservação e na evolução dos nossos movimentos”, afirma Everton.

A coordenadora da Terapia Ocupacional, Márcia Nunes, explica que as mãos podem fazer até nove tipos diferentes de preensão (ação de pegar, agarrar ou prender), mas o administrador perdeu essa funcionalidade. “Estamos trabalhando para deixá-lo numa posição funcional para que não desenvolva deformidades ósseas e nem contraturas, que ocorre quando o músculo faz a contração de maneira incorreta e não retorna ao seu estado normal de relaxamento. Vamos atuar com a reabilitação duas vezes na semana”, informou a terapeuta.

Márcia explica que a Tecnologia Assistiva é utilizada para “identificar todo o arsenal de recursos que ajudem a proporcionar ou ampliar habilidades funcionais dos pacientes com deficiência temporária ou definitiva, assim, gera autonomia, independência e qualidade de vida”.  A habilidade das terapeutas ocupacionais vai garantir o correto ajuste de medição, bordas, aplicação de cinta, segurança e facilidade de posicionamento no corpo do paciente. Esses fatores precisam ser considerados, assim como a integridade dos tecidos moles para a manutenção da funcionalidade do indivíduo.

As adaptações são produzidas de uma forma criativa: aos poucos o papel, o lápis e a tesoura dão formato ao molde na placa termomoldável. “Começamos a confecção através do desenho, depois passamos para a placa de termoplástico, cortamos e aquecemos e em seguida moldamos o utensílio ou a órtese no paciente”, explica Márcia Nunes.

Os modelos desenvolvidos pela equipe de Terapia Ocupacional do HOL substituem os modelos industrializados e são personalizados conforme a necessidade de cada enfermo. Existem vários tipos, mas no hospital são utilizados a prancha de comunicação alternativa, adaptadores, dispositivos para dar conforto ao paciente e as órteses.

“Fazemos uma avaliação das necessidades de forma individualizada, então, verificamos se há deformidade, lesão, mobilidade. A tecnologia assistiva é incluída nas atividades cotidianas para garantir um grau de independência na realização das atividades diárias, como alimentação, higiene e vestuário. Isso proporciona a autoestima, confiança e valorização do ser humano. Poder realizar as tarefas sem precisar de ajuda é fantástico para eles”, enfatiza a terapeuta ocupacional.