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Hospital de Clínicas celebra 32 anos de acolhimento a pacientes mentais no Estado

A partir de 1989, o hospital passou a receber os pacientes antes internados no Juliano Moreira e no Aluízio da Fonseca, uma marca da luta antimanicomial no Pará

Por Marcelo Leite (COSANPA)
21/07/2021 15h20

O Hospital de Clínicas Gaspar Vianna na travessa Alferes Costa, no bairro da Pedreira, em Belém, é referência em tratamento psiquiátricoUm dos marcos da história da psiquiatria no Pará completa 32 anos neste mês de julho. Foi nesse período que, em 1989, o recém inaugurado Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC) recebeu os primeiros pacientes dos hospitais Aluízio da Fonseca e Juliano Moreira que, durante décadas, foram os únicos centros com perfil para esse tipo de tratamento na Região Metropolitana de Belém.

A transferência foi uma exigência das leis sobre tratamento em saúde mental e a desativação do “Juliano Moreira”, depois de um incêndio em 1982, e do “Aluízio da Fonseca”, originalmente construído para ser um anexo do prédio principal.

Alguns dos funcionários que ajudaram a fazer a transferência dos pacientes naquela época continuam no Hospital de Clínicas e falam com o orgulho sobre a própria participação nesse período da história da saúde mental no Estado.

Técnicos de Enfermagem, Paulo Cardoso e Carlos Zeferino têm orgulho da ampla experiência profissional na área da saúde mentalÉ o caso do técnico de Enfermagem, Paulo Cardoso, 62 anos, 38 dos quais na área de saúde mental. Para ele, uma das lembranças mais importantes está na mudança das técnicas de tratamento e no acolhimento aos pacientes. “Eu era muito jovem, mas o que vi e vivi no Juliano e no Aluízio fez parte da história do tratamento psiquiátrico. Quando chegamos no Hospital de Clínicas, encontramos outra realidade de infraestrutura e tratamento, o que foi bom para os pacientes e para nós”, contou Paulo.

A relação entre o presente e o passado também faz parte do dia a dia do técnico de Enfermagem Carlos Zeferino e o estimulou a investir na formação como profissional. “Hoje em dia, quem é da área da saúde passa por várias áreas até escolher onde vai atuar. Eu entrei direto na psiquiatria e muito jovem. Tentei trabalhar em outras áreas, mas acabei voltando. É uma questão de identificação. Por isso, me dediquei aos estudos e me formei em Enfermagem, entendo que, para contribuir mais, é necessário se colocar no lugar desses pacientes”, pontuou Carlos.

HUMANIZAÇÃO

Ivete Vaz, diretora-presidente do HC, ressaltou a importância do Hospital de Clínicas na história da psiquiatria no Pará e como esse passado deve ser lembrado para o fortalecimento do tratamento atual.

“Ao longo dessas três décadas, todos que passaram por aqui trabalharam por um modelo humanizado e de acordo com as leis mundiais vigentes em cada momento para o tratamento em saúde mental. Hoje, somos uma referência e buscamos contribuir com o que for necessário para melhorar toda a rede de atendimento, já que o número de pessoas que buscam ajuda tem sido cada vez maior”, declarou a presidente.  

HISTÓRIA

Localizado na Avenida Marco da Légua (hoje Almirante Barroso), ao lado do Bosque Rodrigues Alves, o Hospital Juliano Moreira ganhou este nome em 1935, em homenagem ao médico psiquiatra e professor baiano que humanizou o tratamento de pacientes psiquiátricos no século 20 e lutou contra teses racistas que relacionavam miscigenação a doenças mentais no Brasil.

O prédio existente desde 1892 sempre foi destinado à assistência terapêutica de pacientes com transtornos mentais, recebendo inclusive pessoas de estados como Amazonas, Acre, Amapá e Maranhão. 

Desde 1989, Hospital de Clínicas Gaspar Vianna passou a ser referência para esse tipo de tratamento e, atualmente, a unidade integra a rede saúde mental formada por unidades básicas de saúde e centros de atenção psicossocial, oferecendo tratamento para os casos de urgência e emergência em um serviço que funciona 24h por dia.  

Dos 249 leitos do hospital, 60 são destinados aos serviços de psiquiatria, 20 dos quais para o atendimento dos casos de emergência e 40 para internação breve. Entre janeiro e maio deste ano, as taxas de internação são de 923 e 223 pacientes, respectivamente.  

Outros detalhes da psiquiatria no Pará são contados no livro “História, Loucura e Memória – O acervo do Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira”. A obra foi lançada em 2009 pela Secretaria de Estado de Cultura do Pará e está disponível para consulta na Biblioteca Profº. Dr. Sérgio Martins Pandolfo, no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.