Secult inicia curso de qualificação para comunidade que irá atuar no Museu do Marajó
A iniciativa, que atende 10 pessoas da comunidade cachoeirense, terá duração de seis meses, com aulas remotas e presenciais
Enquanto as obras estruturais do Museu do Marajó avançam, o investimento na qualificação técnica de mão de obra local também se consolida. Nesta segunda-feira (28), a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), por meio de seu Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), iniciou o curso de formação técnica para o museu situado no município de Cachoeira do Arari. A iniciativa, que atende 10 pessoas da comunidade cachoeirense, terá duração de seis meses, com aulas remotas e presenciais no município.
O início do curso era aguardado com ansiedade e expectativa pelos selecionados, entre eles, Analu Batista, que assim como a maioria dos cachoeirenses, tem uma história de afeto com o espaço fundado pelo Padre Giovanni Gallo. A bolsista quilombola do rio Gurupá conta que, desde criança, ouvia muito falar no museu, que sempre foi uma referência na cidade. Analu já atuou como voluntária do espaço e diz que participar do curso é voltar a colaborar com esse equipamento cultural tão importante.
“Estive pela primeira vez no museu aos 12 anos. Para mim, sempre foi um lugar encantador, cheio de coisas incríveis, fragmentos de nossas histórias. O museu faz parte das lembranças de infância, então, estar aqui hoje fazendo parte desse curso é revisitar a memória de uma menina quilombola do interior do Marajó, muito curiosa, que via no museu um universo de descobertas e possibilidades”, destaca.
Além da relação de afeto com o espaço, o curso de qualificação também é uma oportunidade de renda para pessoas como Paulo da Gama, um dos selecionados que hoje está desempregado.
“A bolsa chega em uma hora oportuna, além de fazer eu reviver os bons momentos ao lado do Padre Gallo. Considero este um momento de retomada. Na época, Gallo construiu o museu com o que ele tinha, e tenho certeza de que ele gostaria que estivesse do jeito que está, avançando fisicamente nas obras e, principalmente, na qualificação de pessoas que gostam do museu. Ele não tinha recurso na época, mas sempre incentivava nossa formação na área da museologia”, conta o bolsista.
Primeiro módulo
A aula inicial foi marcada pela apresentação dos participantes, seguida de um rico debate acerca de um texto disponibilizado previamente na plataforma aos participantes.
“Esse primeiro módulo foi dedicado a debater e situar os participantes sobre essa relação que nós, humanos, temos com os objetos. Então, a ideia foi abordar o tema da cultura material a partir da ótica da memória e como essas coisas, esses trecos e bagulhos, servem de suporte para as nossas lembranças. Nas próximas aulas, daremos prosseguimento à parte mais conceitual, que envolve a gestão da informação e acervos. Todas as atividades são importantes e nelas eles serão avaliados por seus desempenhos”, explica Emanoel Oliveira, diretor do departamento de Documentação e Pesquisa do SIMM e responsável pelo módulo.
Sobre o conteúdo da primeira aula, o bolsista Paulo da Gama fez uma breve avaliação. “Essa primeira aula foi muito interessante. Com essa forma de debate, acredito que a gente possa aprender muito mais e também mais rápido. E pessoas que não têm muita noção também se nivelam e se a gente conseguir manter esse nível de discussão no ambiente virtual, vamos produzir bastante”, pontuou Paulo.
A partir de agora, as aulas do curso de formação serão realizadas por uma plataforma online, às segundas e sextas, das 10h às 12h. Apenas no último módulo haverá um novo encontro presencial para a execução da parte prática do curso, que envolve manuseio de objetos, medição e marcação. O curso híbrido foi adotado pela Secult como forma de prevenção à Covid-19.
Texto: Josie Soeiro (Ascom/Secult)