Dificuldade para engolir alimentos é um dos sintomas do câncer de esôfago, alerta médico
Carcinoma é mais comum em homens e os principais fatores de risco são o tabagismo e o consumo de alimentos excessivamente quentes
O esôfago é um órgão muscular e tubular que conduz os alimentos da faringe ao estômago. Quando um indivíduo desenvolve o tumor maligno, o DNA das células que revestem o interior do órgão é danificado, podendo também causar danos a outros órgãos, como estômago e traqueia, devido à sua proximidade.
De acordo com o Instituto do Nacional do Câncer (INCA), esse carcinoma é mais comum em homens. A estimativa é de 11,3 mil novos casos para este ano, doz quais 8,6 mil em pessoas do sexo masculino.
A causa do surgimento do câncer de esôfago é multifatorial, no entanto, os maiores fatores de risco são o tabagismo, o alcoolismo e bebidas muito quentes ingeridas com frequência, como chá, café e chocolate. A obesidade e doença do refluxo gastroesofágico também podem ser causadoras do carcinoma.
Segundo o cirurgião oncológico do Hospital Ophir Loyola, Alessandro França, o principal sintoma de câncer de esôfago é a repulsão para engolir. "A dificuldade para engolir começa com alimentos sólidos, depois pastosos e por fim até mesmo líquidos, e com isso vêm os demais sintomas, como a perda de peso, fraqueza e dependendo da localização e do estado avançado do tumor, pode haver rouquidão e alterações respiratórias. Quando a doença é detectada precocemente, maiores são as chances de tratamento e de cura, por isso, quando houver os primeiros sinais, o paciente precisa procurar logo atendimento”, alerta o cirurgião.
O diagnóstico é feito principalmente com a endoscopia digestiva alta. Esse exame é para analisar a mucosa do esôfago, estômago e duodeno, é realizado com anestesia, pois pode causar náuseas e desconforto. A duração dos agravos é somente no decorrer do procedimento.
AZIA
O caminhoneiro Fernando Antônio Castelo, 63 anos, natural de Castanhal, fumou e bebeu durante anos, tinha uma má alimentação, principalmente, por conta do seu trabalho na estrada. “Eu sentia muita azia, me automedicava e ficava alguns dias sem sentir nada. Até que um dia, especificamente em outubro, eu tentava comer e não conseguia engolir. Em novembro, eu fiz uma endoscopia, foi quando eu descobri o câncer de esôfago. Imediatamente, comecei a realizar os exames e comecei o tratamento ", relatou Fernando.
O tratamento para o câncer de esôfago depende do estágio em que o tumor está. No entanto, podem ser utilizados desde a cirurgia para a retirada do órgão (esofagectomia), assim como radioterapia e quimioterapia, como recurso terapêutico exclusivo ou em conjunto com a cirurgia. A doença também pode ser tratada com medicamentos, via oral ou diretamente no sangue.
O próprio tumor dificulta a alimentação do enfermo, dependendo do grau da neoplasia maligna, existem várias formas de continuar a nutrição desse paciente, seja ela através de pequenas quantidades de alimentos várias vezes ao dia, suplementação ou sondas.
"Pacientes já com a doença devem tentar se alimentar da melhor forma possível, com uma alimentação hiperproteica e hipercalórica para evitar cada vez mais o processo de catabolismo, que é quebra ou degradação de moléculas mais complexas para gerar outras mais simples para poder adquirir energia. A alimentação poderá ser por via oral, caso seja possível, por sondas gástricas ou em casos mais raros com nutrição parenteral”, ressalta Alessandro França.
Atualmente, em Belém, o Hospital Ophir Loyola atende 54 pacientes, 12 dos quais do sexo feminino e 42 do sexo masculino.
*Por Viviane Nogueira