Governo japonês estuda parcerias com o Pará em duas áreas de atuação
O presidente da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), Shinichi Kitaoka, e comitiva estão no Pará para conhecer os projetos desenvolvidos em parceria com o governo do Estado e prospectar novos desenhos para o desenvolvimento da região. Além da área de infraestrutura, o governo japonês também está interessado em investir no agronegócio e na preservação ambiental no Estado. Na manhã deste domingo (12), o grupo visitou a Ilha do Combu para conhecer mais da produção e biodiversidade local.
Esta é a primeira vez que Kitaoka vem ao Brasil desde que assumiu a presidência da Jica, em 2015. O representante do governo japonês ficou impressionado com a beleza dos rios e a riqueza de espécies de árvores e animais da região. "Outras autoridades já tinham visitado o Pará e sempre comentavam comigo que se eu não conhecesse a Amazônia, não teria conhecido o Brasil. Estou bastante feliz por ter vindo", afirmou.
Durante o passeio, o grupo visitou uma das famílias residentes na ilha, que trabalha com a produção de açaí, pupunha e cacau, fruto usado para fabricação de chocolate artesanal, reconhecido por grandes chefs nacionais e internacionais. O Combu é uma das quatro áreas de preservação ambiental da Região Metropolitana de Belém, criada pelo governo do Estado em 1997. Gerido pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-bio), o local é exemplo das grandes possibilidades do turismo rural do Pará.
A visita foi acompanhada por funcionários públicos estaduais que participaram de cursos de formação e qualificação técnica feitos no Japão, por meio da parceria entre os governos do Estado e japonês. Desde 2015, quando começou, dez servidores já foram enviados, por meio da Coordenadoria de Relações Internacionais do Pará, para intercâmbio de conhecimento, e dois ainda estão em treinamento no país. As despesas são custeadas integralmente pela agência.
A coordenadora de Produção Animal da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Edith Mello, passou pela experiência em 2015, quando participou do curso sobre desenvolvimento de comunidades rurais. "Foi proveitoso ver como eles superam as dificuldades, muitas iguais às nossas, e como, às vezes com poucos recursos, desenvolvem um produto diferenciado. Foi uma oportunidade fantástica de falar sobre nosso Estado e trocar experiências com profissionais de outros países, no meu caso, com os da América Latina, como Chile, Peru, Paraguai e Colômbia", avaliou.
Quem também aprova a iniciativa é a diretora de produtos turísticos da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), Conceição Silva. "Essa parceria entre o Governo do Pará e o japonês é de suma importância para o melhoramento da equipe técnica do Estado, pois nos oportunizou trabalhar melhor as questões locais. Não tenho dúvida que isso foi um diferencial na minha vida profissional", acrescentou. A gestora participou da capacitação em planejamento, gestão e marketing de turismo, em 2003, ainda durante as primeiras articulações da parceria.
Natureza – Também estão entre os objetivos da visita da comitiva japonesa ao Estado a análise de novas possibilidades de parcerias ligadas à preservação do meio ambiente. "A Amazônia é um mundo à parte, um tema global. Não podemos pensá-la como as outras cooperações, temos que ter uma ideia nova. Gostaríamos de atuar também na área de diversidade biológica, mas temos que consultar o governo brasileiro e o Estado do Pará para vermos que tipo de atuação seria possível nesse sentido", adiantou Shinichi Kitaoka.
Em relação à produção, os representantes japoneses destacaram o trabalho desenvolvido por cooperativas de Tomé-Açu, no nordeste paraense. O município foi um dos pontos visitados pela comitiva no Estado. " Eles têm uma técnica muito especial de plantio para reflorestamento, e esse tipo de cooperação é bastante interessante", disse o presidente da Jica sobre o sistema agroflorestal. Para ele produzir e preservar é fundamental no mundo, e nesse sentido a Amazônia ocupa um papel fundamental. "Já fui embaixador da ONU, e posso dizer que o Brasil tem atacado firmemente a questão ambiental. O Japão também é bastante interessado nessa questão, então temos que dar as mãos para combater a poluição e os demais problemas", ressaltou.
Parcerias – O órgão do governo japonês é responsável pela implementação da Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA), que presta assistência a mais de 150 países. Os japoneses são parceiros dos paraenses há mais de 20 anos, além de financiadores do Ação Metrópole. Entre as obras que fazem parte do projeto está o BRT Metropolitano, que visa melhorar o trânsito da capital e o serviço de transporte público na Região Metropolitana de Belém.
"A questão do BRT vem da expansão muito rápida da cidade, e todos os países do mundo estão solicitando a nossa cooperação nossa", disse Kitaoka. O BRT Metropolitano representa investimento na ordem de R$ 530 milhões, recursos oriundos de financiamento da agência, parceira técnica do projeto. "Agora que já temos a parceria do BRT Metropolitano, também queremos continuar a cooperação especialmente na capacitação dos recursos humanos, pois uma obra de infraestrutura sem capacitação não tem autossustentabilidade", acrescentou o representante chefe da Jica Brasil, Ryuichi Nasu.
A iniciativa faz parte de um sistema que foi pensado para trabalhar integrado com outros projetos executados pelo governo do Estado, como a Avenida Independência (orçada em R$120 milhões), já concluída; a duplicação da Avenida Perimetral (R$ 77 milhões), cuja primeira fase já foi executada e entregue e a segunda está em andamento, e o prolongamento da Avenida João Paulo II (R$ 300 milhões), que está em andamento e tem previsão de entrega para o segundo semestre de 2017.
Nesta segunda-feira (13) a comitiva visita as obras do Parque Estadual do Utinga, em Belém, espaço de 1.340 hectares que, com investimento de cerca de R$ 36 milhões em obras, passará a ter circuito de quatro quilômetros de pistas, preparado para caminhadas e passeios de bicicletas, patins e skates, além de estacionamento de 500 lugares para veículos e do centro de recepção aos visitantes, equipado com auditório para 50 lugares e café. Estima-se que cerca de 140 mil pessoas visitem a reserva a cada ano após a conclusão das obras, previstas para o primeiro trimestre deste ano.