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Webinário abre série de debates preparatórios ao Fórum Mundial de Bioeconomia

Por Bruna Brabo (SEMAS)
02/06/2021 22h29

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) iniciou nesta quarta-feira (2), a série de Webnários 'Diálogos da Bioeconomia'. A ação tem o objetivo de introduzir a discussão sobre a temática na Amazônia e prepara a sociedade paraense para o Fórum Mundial de Bioeconomia, que será realizado em outubro de 2021. 

Um dos importantes ativos da Amazônia é a sua biodiversidade, que constitui caminhos para a construção de um conceito da bioeconomia na região. Os eventos onlines buscam auxiliar a construção de políticas públicas no estado com a contribuição de diferentes olhares.

Para o secretário da Semas, Mauro O’de Almeida, a bioeconomia pode ser a via para o desenvolvimento sustentável do Pará. "Esse modelo produção pode tirar muitos de atividades ilegais e transformar a agropecuária numa atividade mais eficiente, para que os produtos vocacionais da floresta, como açaí, cacau, abacaxi, pimenta possam ganhar espaço nacional e mundial. Preparamos-nos desde que entramos no governo para fortalecer a agenda de mudanças climáticas, estabelecemos o Plano Estadual Amazônia Agora, que é um plano de desenvolvimento econômico, mas também de preservação da natureza, de nos transformar em estado de emissão zero de Gases de Efeito Estufa até 2036. Em mais de dois anos, chegamos num contexto de trabalhar a rastreabilidade da cadeia agropecuária e da bioeconomia, estabelecendo uma nova forma de possibilidade econômica no Pará. Tudo isso faz parte de um contexto bem mais amplo que é o Plano Amazônia Agora, que está em processo contínuo de estruturação, de diálogo com sociedade civil e com a academia", ressaltou. 

A bioeconomia  promove o uso consciente de recursos naturais e da floresta em busca do desenvolvimento sustentável, com objetivo de diminuir os efeitos das alterações climáticas. A ecóloga e pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Joice Ferreira, chamou atenção para as diferentes visões sobre esse novo modelo de produção, assim como suas possibilidades e desafios. “Eu vejo que tem uma diferença muito grande em relação à percepção das pessoas em relação à bioeconomia. Temos que refletir de uma forma muito séria num aspecto regional do que é melhor para a Amazônia. É um tema muito rico, porque tem uma diversidade muito grande, tem perspectivas muito diferentes. Mas deve ser adaptada para cada realidade. Precisamos de transformações radicais em vários aspectos, de investimento na conservação da floresta, em ciência e tecnologia e valorização dos povos tradicionais," analisou.

Já Beto Veríssimo, engenheiro agrônomo, co-fundador do Imazon e coordenador do Projeto Amazônia 2030, reforçou a importância dos governos na condução da bioeconomia. “Parabenizo o Pará pela liderança nesse momento, pelo esforço de tomar a vanguarda nesse debate. Nós precisamos de uma agenda ousada e de longo prazo, que combine políticas públicas, marcos regulatórios e fortaleça ciência e tecnologia na região e crie as agências de fomento para que tenha recursos para decolar a bioeconomia. Pensando na dimensão social, isso pode representar uma oportunidade extraordinária para as comunidades tradicionais tenham seus produtos valorizados. A economia não é inimiga do social e do ambiental. Belém pode ser a capital pode ser a capital da bioeconomia”, pontuou. 

O titular da Semas destacou ainda que a Amazônia possui uma cultura suficientemente rica e capacidade intelectual para ter uma posição de destaque na ciência da biodiversidade, em pesquisa e desenvolvimento de diversos produtos da floresta. 

“Nós temos a questão cultural, do consenso, da tecnologia, que precisamos investir pesadamente na pesquisa e desenvolvimento; tem a questão formal da legislação federal de acesso ao patrimônio genético e repartição de benefícios, que é de 2015 e ainda não completou seu ciclo de regulamentação, mas sobretudo precisamos deixar as portas abertas do entendimento de que não fazemos nada sozinhos. Nós precisamos respeitar e permitir que os estados da federação tenham sua autonomia financeira e administrativa reconhecida para que possamos receber com mais facilidade os recursos de organismos internacionais ou de países estrangeiros”, afirmou Mauro.

O Fórum se tornou itinerante para adequar seus debates às características típicas de cada região do planeta, a fim de propor modelos de produção sustentável adequados a cada realidade local e para dar voz a pesquisadores e os povos da floresta. O evento é um laboratório de ideias que promove a economia sustentável como tentativa de atenuar os efeitos das alterações climáticas no planeta. Para isso, promove debates em prol de inovações de conceitos e de tecnologias para substituir indústrias, produtos e serviços não-renováveis por atividades sustentáveis.