Custodiados de Abaetetuba participam de curso de robótica virtual
Pela primeira vez, custodiados do sistema penitenciário paraense competem em um torneio de robótica.
Pela primeira vez, custodiados do sistema penitenciário paraense competem em um torneio de robótica, e o melhor, obtendo resultados positivos. Ao todo, seis internos da Central de Triagem Masculina de Abaetetuba se classificaram às quartas de final no Campeonato Internacional de Robótica a Distância (CIRDI) um torneio virtual de futebol com robôs que incluiu três duplas. Eles disputaram na quarta (26) e nesta quinta-feira (27).
A proposta do torneio visa a realização de competições com o uso da robótica a distância, por meio da internet, o que possibilita o controle dos robôs em qualquer lugar do mundo, sendo adquirido como método pedagógico para muitos estudantes+ e admiradores da tecnologia. As equipes integrantes do evento internacional foram: "Quebrando Paradigmas", "Reintegrar" e "Novos Rumos". Entre os participantes da Fase Adulta da competição, os membros da equipe “Quebrando Paradigmas” alcançaram as quartas de finais do campeonato.
A ideia do torneio foi sugerida pelo professor Gilberto Luiz Souza, responsável pelo instituo Açaí: Ciência e Cidadania na Amazônia, que contribuiu para que a ação fosse realizada através da organização que ofertou treinamentos e assessoramentos de forma gratuita aos internos. “Pelo fato de estarem participando do evento, por meio de ações como essas, os internos podem alcançar, mesmo estando dentro da casa penal, o mundo lá fora de uma forma positiva”, disse.
O CIRDI é um programa sobre robótica educacional que pode levar a oportunidade independente das condições financeiras que tenha. A ideia é motivar aos participantes a se envolverem com esse projeto e, futuramente, ensinar outros custodiados para que também participem.
Para o interno da CTMAbt, Alainor Christian, a sua participação no campeonato foi um privilégio. “Por causa do meu bom comportamento e da minha conduta dentro do cárcere, chegou até aqui para nós essa oportunidade. Para mim, foi uma honra ter participado”, expressou.
De acordo com Natanayara Negrão, técnica de reinserção social da unidade de Abaetetuba, o torneio a distância é mais uma demonstração de como os métodos educacionais são importantes para preparação dos internos à reintegração social. “A ideia surgiu por conta do distanciamento social necessário diante do cenário pandêmico que vivemos hoje. O que se mostrou como uma oportunidade para inclusão educacional aos apenados, que demonstraram interesse, disciplina e comprometimento, que são pilastras do nosso sistema e que refletem os frutos da Reinserção social como essencial à quebra de paradigmas construídas em torno da metodologia do cárcere em nosso Estado”, ressaltou.
“Muitos colegas dentro da cela estão mudando suas condutas e querendo uma oportunidade dessas. Eles olhavam e se espalhavam em nós, mudando suas posturas para conseguir uma oportunidade. Por isso, para nós, foi um privilégio sermos escolhidos entre tantos encarcerados para representar a central de Abaetetuba”, ressaltou Luiz Cláudio Amorim, custodiado há 2 anos na CTMAbt, participante do torneio. Ele já está com autorização para progressão de pena ao regime Semiaberto e a experiência provocou nele a vontade de continuar. "Quero aprender mais sobre informática, sobre tecnologia. Sobre o novo mundo virtual e, se possível, trabalhar com isso quando estiver livre", afirma.
Segundo o diretor de Reinserção Social da Seap, Belchior Machado, os avanços do sistema também são perceptíveis nas atividades de reinserção social. "Em um mundo informacional e tecnológico, essa atividade contribui para que os custodiados tenham acesso a tecnologias e se qualifiquem para o mercado de trabalho", destaca.