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Concerto de aniversário mistura clássicos de Waldemar Henrique ao som da Jazz Band

Por Redação - Agência PA (SECOM)
16/02/2017 00h00

O som do canto dos pássaros, do vento que toca as folhas na copa das árvores e da correnteza do rio criados pelos instrumentos da Amazônia Jazz Band deram as boas-vindas ao público que lotou o Theatro da Paz no concerto que comemorou os 139 anos da casa e os 112 do maestro Waldemar Henrique, comemorados na mesma data, esta quarta-feira, 15.

No palco, chocalhos, tambores, apitos, flautas e molhos de chave completavam o jogo de instrumentos cativos do jazz, como guitarras semi-acústicas, contra-baixos, trompetes, trombones e bateria. Na plateia, aplausos acompanhavam a banda a cada pedido gestual do maestro Nelson Neves, que criava uma sinergia entre músicos e plateia em um ritmo uníssono. Para surpreender ainda mais, o concerto contou com as participações especiais do MC Koala e DJ Morcegão.

“A Amazônia Jazz Band tem raízes no jazz, nas big bands norte-americanas, mas é eclética, então flertamos com outros ritmos, como o funk, carimbó, baião, frevo e hip hop. Nos preparamos arduamente para este concerto. O Da Paz, Waldemar Henrique e o público merecem essa dedicação”, explica o maestro sobre o DNA miscigenado da banda que, atualmente, conta com 20 músicos.

No camarim ao lado estavam MC Koala e DJ Morcegão. Koala, que ganhou notoriedade na “Batalha de MC’s”, realizada no bairro de São Brás, em 2012, conta que o convite para fazer parte do concerto é um motivo de orgulho. “É a primeira vez que entro no Theatro da Paz e a honra que sinto por ter sido convidado para essa apresentação é indescritível. Essa é a quinta vez que me apresento com a Jazz Band e a primeira ao lado do Morcegão, que é um DJ experiente. Apesar do hip hop e jazz terem influências diferentes, casam bem por causa do groove, então não tem como dar errado”, disse ansioso.

Ao todo, a Amazônia Jazz Band tocou 11 músicas, sendo quatro de autoria do maestro Waldemar Henrique. “Tamba Tajá” foi executada em parceria com o MC Koala e DJ Morcegão, que criaram letra e arranjos especiais para a canção. Ao final do concerto, banda e público cantaram “parabéns para você” para o teatro e maestro Waldemar Henrique.

Gerações que se encontram no Da Paz

Na área de coxia, atrás do palco, enquanto o concerto ocorria, o cenotécnico do teatro, Ribamar Monteiro, servidor do Da Paz há 41 anos, conferia cada detalhe do palco. Responsável pela cenografia dos espetáculos, Monteiro lembra que já participou de incontáveis concertos, mas que a dedicação pela casa continua a mesma dia após dia. “Sempre me perguntam o que me faz continuar aqui, e, claro, a resposta é a mesma: o Theatro da Paz me satisfaz porque me dá paz. Gosto da atmosfera daqui. É um espaço cultural para a sociedade e ver o público vivendo o espaço faz com que esse lugar faça sentido para todos nós”, diz.

“Eu não posso contar a minha história sem citar o Theatro da Paz. Foi aqui que me apaixonei pela música, aos sete anos de idade. Não há quem não se encante com ele”, diz a professora pianista do Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG), Doris Azevedo, que aos 90 anos de idade, acompanhada da família, foi assistir ao espetáculo. Ela afirmou que se orgulha ao ver as novas gerações vivenciando o teatro. “Fico feliz em ver jovens frequentando teatros, não só o Da Paz. Acesso à cultura deve fazer parte da formação de qualquer pessoa. Ir ao teatro é alimentar a alma”, comenta.

A estudante de gastronomia, Mariane Bandeira, 20 anos, faz parte da nova geração ávida por eventos culturais. Acompanhada por dois amigos, a jovem diz que eventos desse tipo, gratuitos, fomentam a curiosidade de pessoas que não têm acesso a espetáculos que normalmente têm ingressos vendidos: “Manter o Da Paz vivo com eventos assim é fundamental porque torna a cultura acessível a qualquer pessoa, como deve ser. Como ele é luxuoso e foi construído para as elites nos tempos áureos da borracha, há uma parcela considerável da população que pensa não ter acesso a ele, mas, não. Hoje foi um exemplo de que qualquer pessoa, sem exceção, poderia ter vindo se tivesse pegado o ingresso gratuitamente, e isso é sensacional”, finaliza.