Governo do Estado desenvolve ações preventivas no carnaval
Para conscientizar a população e combater as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e outras infecções, o Governo do Estado desenvolveu, por meio da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa) e outras secretarias de cunho social, um conjunto de ações para este período de carnaval. As ações ocorrerão na Região Metropolitana de Belém (RMB) e nos principais pólos de folia do Estado. Distribuição de preservativos, testes rápidos e aconselhamentos fazem parte do planejamento, além da conscientização sobre o combate do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
“Este ano vamos focar em outras formas de contágio de doenças, e não somente as DST’s. O carnaval em nossa região coincide com o período chuvoso, que é quando doenças como a dengue, zika e chikungunya aumentam sua incidência. Vamos manter as ações de conscientização da população junto com a distribuição de preservativos”, explicou a psicóloga do Ministério Público do Estado do Pará, Débora Crespo, coordenadora estadual de DST’s – Aids.
Débora chama atenção para o número de casos confirmados de HIV e Aids no Pará. A psicóloga explica que os dados aumentaram nos últimos 10 anos porque a quantidade de pessoas que se submetem aos testes cresceu, o que faz com que o quantitativo de registros de exames positivos consequentemente aumente. “O tabu está sendo quebrado com a conscientização. Quanto mais a população se esclarece sobre o assunto, mais procurados os serviços serão. Mas, além disso, é preciso que o indivíduo entenda que precisa se precaver justamente para que o teste não revele um resultado desagradável”, alerta.
De acordo com Cisalpina Cantão, coordenadora Estadual de Hepatites Virais da Sespa, dengue, zika, chikungunya, DSTs e hepatites virais são agravos que precisam de políticas especiais para sua contenção e erradicação. “A Sespa trabalha no sentido de conscientizar a população em como evitar a contágio, além de combater focos de proliferação. É importante destacar que as hepatites também são transmitidas sexualmente, além do compartilhamento de objetos como alicates de unha, esmaltes e barbeadores. É preciso estar atento quanto a utilização desses utensílios”, afirma.
Abaetetuba, Ananindeua, Belém, Mosqueiro, Barcarena, Bragança, Baião, Castanhal, Curuçá, Cametá, Marituba, Marapanim, Marudá, Marabá, Peixe Boi, Salinópolis, Tucuruí, Santarém e Vigia de Nazaré serão algumas localidades que receberão essas ações junto com a distribuição de preservativos para os foliões. Nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), onde os indivíduos poderão fazer testes rápidos, os foliões terão acesso em 20 minutos aos seus exames de HIV, sífilis, Hepatite B e C.
Conscientizar para prevenir
De acordo com o relatório do Ministério da Saúde, a quantidade de casos de hepatites notificados tem diminuído desde 2015, quando o total alcançou a marca de 1.142 notificações. Em 2016, o total caiu para 783 e, até agora, em 2017, o total aponta 17. Em 2015, a incidência de hepatite A foi a maior com 476 confirmações, em 2016 a hepatite B apresentou o maior grau de contágio, assim como em 2017 até o momento.
O Ministério da Saúde publicou o Boletim Epidemiológico de 2016, que revelou que o público mais afetado pela Aids são jovens de 15 a 24 anos de idade, o que significa que a contração do HIV se deu cerca de 10 anos antes da confirmação da Aids no organismo. O boletim aponta que o despertar sexual dos jovens no Brasil começa de forma precoce e sem a orientação necessária para evitar casos de contração dessas infecções.
É justamente a conscientização que é trabalhada pelo projeto “Viva Melhor Jovem”, que visa esclarecer pontos que ainda são considerados tabus para a juventude. O projeto, que começou simultaneamente em Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS), foi inscrito em Belém pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Governo do Estado, por meio do Pro Paz, Seduc, Sespa, Seeips e Fasepa. O projeto foi implementado com apoio da Prefeitura de Belém, e consistiu na formação de jovens multiplicadores da informação.
Ao todo, 30 jovens passaram por três meses de preparo para visitar 20 escolas, sendo oito municipais e 12 estaduais, para formar outros 400 jovens, entre 15 e 29 anos de idade. Os assuntos abordados pela formação abrangiam temas como Cultura de Paz, Identidade e Grupalização, Prevenção de Uso e Abuso de Álcool e Outras Drogas, entre outros temas. O projeto também visitou cinco unidades da Fasepa e logradouros públicos como praças, órgãos públicos e manifestações culturais.
Estes espaços receberam o serviço de testagem, onde o indivíduo tinha acesso ao resultado do exame de sangue. Na ocasião, 2.030 pessoas participaram, sendo que 1.230 adolescentes foram alcançados. Quando o teste era entregue, um aconselhamento era feito por um psicólogo ou pessoa treinada para a atividade com as pessoas que recebiam resultado positivo.
“Percebi que havia uma quantidade considerável de meninas que não usavam preservativos e sim a ‘pílula do dia seguinte’ porque tinham medo de engravidar, mas não se importavam com o perigo de contrair uma DST. É importante destacar que o projeto não incentiva adolescentes a manterem relações sexuais, mas conscientizá-los sobre a maneira correta de se portar nessa situação para preservar a sua saúde e a do parceiro, caso aconteça. O cenário só vai mudar se o assunto for debatido com franqueza. Consciência é a melhor forma de prevenção”, explica Edgar Barra, servidor da Fundação Pro Paz que é um dos coordenadores do projeto.
O coordenador explica que escolas, faculdades e empresas que estejam interessadas em receber os serviços do projeto devem solicitar a formação ao Pro Paz Escola para que haja o planejamento das ações. “É necessário que toda a sociedade se envolva com a causa para que a realidade comece a mudar entre os jovens. É um trabalho de base. Além de disponibilizar os serviços é preciso debater para compreender a causa do problema”, complementa.
Serviço
Fundação Pro Paz
Endereço: Av. João Paulo II, 632, Marco
Site: www.propaz.gov.br