Universidade do Estado do Pará auxilia no planejamento familiar com ações de atenção às mulheres
O dia amanhece e a tecnóloga em redes Susan Gonçalves aguarda a consulta de pré-natal da gravidez que acabara de confirmar. Ela se diferencia das outras pacientes da fila de espera do Centro Saúde Escola da Universidade do Estado do Pará (Uepa), pelo fato de que a concepção foi programada com antecedência. Susan é acompanhada pelo serviço de planejamento familiar da Uepa desde 2011, quando engravidou pela primeira vez.
Na época, ela fez todo o pré-natal na unidade e quando o bebê nasceu ambos permaneceram no atendimento. Logo após o parto, as mulheres tem uma consulta de retorno para avaliar a saúde da criança e o puerpério da mãe. É nesse momento que muitas desistem do tratamento e perdem o vínculo com a instituição.
Com Susan isso não se repetiu. De lá pra cá, a cada seis meses ela retorna para fazer consultas e exames de rotina. “Na primeira gestação me falaram que era muito bom o pré-natal daqui. Tive início de trombose e a médica identificou logo e me orientou para o tratamento. Eu decidi continuar porque quando se fala de planejamento para mim significa prevenção. Não de filho, mas de doenças também”, afirma.
Ela preferiu esperar o primeiro filho crescer e, quando se sentiu preparada, já estava com todos os exames em dia para dar prosseguimento ao sonho de infância. Filha única, sempre quis um irmão, mas como não foi possível no passado, agora vai concretizar esse desejo com o marido.
O acompanhamento da Uepa oportuniza às mulheres atendidas a possibilidade de decidir com segurança se querem ou não engravidar e avaliar o melhor momento para tal. A unidade ainda fornece preservativos e anticoncepcionais, de acordo com a política do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a assistente social Lena Rocha, há casos de mulheres muito jovens que operaram para não engravidar. Essa situação vai contra, inclusive, a própria lei de planejamento familiar que desencoraja a esterilização para menores de 25 anos, entre outros critérios.
Entretanto, ainda que a cirurgia seja uma opção para casais, não é a mais segura. De acordo com o Ministério da Saúde, as laqueaduras não devem ser realizadas indiscriminadamente, devido ao impacto na produção hormonal no futuro e a relação com o aparecimento de menopausa precoce e câncer de colo de útero.
O planejamento familiar não está relacionado somente à gravidez. “É o planejamento da saúde da família, a mulher precisa estar bem não apenas para gerar uma vida, mas estar com a saúde plena para si e para as necessidades dos filhos”, frisa Lena. É por esse motivo que também os homens são bem vindos ao atendimento e é comum ver os pais acompanharem as gestantes.
Mas a acompanhante da gestante, Mônica Machado, foi também especial: a filha de 14 anos. O longo intervalo entre as gestações chama a atenção do enfermeiro Nilson dos Santos. “É um dos fatores que consideramos para traçar um perfil de risco da saúde da paciente, além disso, buscamos verificar a idade, se houve algum aborto, doenças no histórico dessa mãe”, explicou. Outros aspectos que são observados no pré-natal são o peso, a medição abdominal e os resultados de exames, inclusive para identificar infecções sexualmente transmissíveis.
Em 2016, foram atendidas 250 mulheres. O atendimento no Centro Saúde Escola é dirigido para os moradores dos arredores do bairro do Marco. As consultas integram as práticas dos cursos de graduação e pós do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Uepa.
A assistência às gestantes faz parte da disciplina Saúde da Mulher na Atenção Primária da turma de Enfermagem, ministrada pela professora Joice Santos. “Os acadêmicos também estão presentes no atendimento, de forma supervisionada. Enquanto um subgrupo se divide nos consultórios, outro faz abordagem aos pacientes para a conscientização sobre a prevenção de doenças”, finalizou.