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MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Projeto Flora do Utinga já catalogou quase 700 espécies de fungos e plantas no Parque

Técnicos orientam os frequentadores do Parque do Utinga sobre as espécies tóxicas da flora da Unidade de Conservação, cujo manuseio é proibido

Por Giovanna Abreu (SECOM)
15/03/2021 14h02

Entre as espécies identificadas pelo projeto, está a Lantana Camara - Verbenaceae, cujas folhas podem causar vermelhidão na pele Cerca de 700 espécies de fungos e plantas do Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna já foram catalogadas, desde 2018, por meio do Projeto Flora do Utinga, desenvolvido pelo Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio). Muitas das espécies ainda não haviam sido registradas no Estado.

“Através de visitas sistemáticas de monitoramento, fazemos registros fotográfico e coletas de espécies de plantas e fungos. Quando iniciamos, o banco de dados contava com cerca de 150 espécies de árvores. Depois de dois anos, já estamos perto de 700 espécies catalogadas, o que representa um salto muito grande e mostra a importância das Unidades de Conservação Estaduais para a nossa biodiversidade”, explica Leandro Ferreira, pesquisador do Museu e coordenador do Projeto.

Entre as espécies identificadas pelo projeto, algumas apresentam substâncias tóxicas aos animais e seres humanos. Por isso, o pesquisador alerta sobre cuidados que devem ser tomados pelos frequentadores do Parque. 

“Os fungos na Amazônia, por exemplo, são espécies essencialmente tóxicas. Alguns podem causar reações alérgicas ao simples toque. A ingestão pode causar sintomas mais graves. Então, ao ver um fungo, por mais bonito que ele seja, fotografe, contemple, mas não toque”, alerta o coordenador. 

Os técnicos frisam que espécies como a mata-calado (Ryania speciosa – salicaceae) podem provocar problemas à saúde humanaO gerente do Parque do Utinga, Ivan Santos, reforça que o Parque está inserido em uma Unidade de Conservação Ambiental do Estado, e que, de forma nenhuma, além dos pesquisadores autorizados, pode ter a fauna ou flora manuseada pelos visitantes. “Deve-se permitir que a natureza se desenvolva sem nenhuma interferência, o que representa maior segurança aos frequentadores da Unidade, e fortalece a educação ambiental”, assegura.

PLANTAS

As mesmas orientações são feitas para o manuseio das plantas. Algumas delas possuem substâncias químicas de defesa contra herbívoros, insetos ou larvas, que podem ser extremamente tóxicas aos seres humanos e aos animais. 

Uma das mais comuns é a alamanda (Allamanda cathartica - Apocynaceae), que é uma flor amarela vistosa muito utilizada em jardinagem. Entretanto, ela solta um látex branco, que, se ingerido, pode causar intoxicação, vômito, diarreia, dermatite, entre outros sintomas incômodos.

As folhas da lantana (Lantana camara - Verbenaceae) também podem causar vermelhidão na pele e até dificultar a alimentação de animais e os frutos podem provocar nos seres humanos, náuseas, desregular o intestino e até levar a óbito quando consumidos em doses elevadas. Espécies como a mata-calado (Ryania speciosa – salicaceae) e a arrebenta-boi (Hippobroma longiflora – campanulaceae) também podem provocar reações. 

“Como as plantas são muito bonitas, as pessoas querem coletar, fazer uma muda e plantar em casa. Todo esse manuseio apresenta riscos, além de que os animais domésticos, por exemplo, podem comer a planta, que também chama a atenção de crianças, pela beleza das cores. Por esses motivos é preciso ter muito cuidado”, reforça o pesquisador Leandro Ferreira.