Emater planeja sistemas agroflorestais, a partir da colheita da fruta 'golosa'
Proposta é trabalhar as sementes e gerar mudas em propriedades atendidas pelo Programa Territórios Sustentáveis, do Governo do Pará
Técnicos do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) de São Félix do Xingu, na região sudeste, iniciaram, em parceria com agricultores locais, a colheita da “golosa”, fruta nativa da região. A proposta é trabalhar as sementes para gerar mudas que vão compor os Sistemas Agroflorestais (SAFs) em propriedades com passivos ambientais, e que são atendidas pelo Programa Territórios Sustentáveis, do Governo do Pará.
Os SAFs são sistemas de produção que incorporam elementos arbóreo-arbustivos com culturas anuais, plantas bioativas, frutíferas, pastagens e/ou criações em uma mesma unidade de produção, ao longo do ciclo de desenvolvimento florestal, possibilitando geração de renda e segurança e soberania alimentar com conservação ambiental para as atuais e futuras gerações.
Em São Félix do Xingu, a colheita está sendo feita no sítio São João, propriedade do agricultor Delorivaldo Alves da Cruz, localizado às margens do Rio Fresco. “Como meu terreno tem várias árvores, eu decidi contribuir com os técnicos da Emater doando as frutas”, contou.
Após a colheita, os técnicos iniciam o processo de “despolpa” das frutas para que então sejam retiradas as sementes para iniciar o processo de germinação. Até agora, já foram colhidos cerca de 200 kg da fruta, conforme explica Mário Silva, técnico em agropecuária e chefe local da Emater em São Félix do Xingu.
“O nosso planejamento é produzir mais de 20 mil mudas para distribuir aos agricultores que estejam inseridos na proposta de recuperação de áreas. A previsão é entregar as primeiras mudas no início de 2022. Do plantio até a primeira colheita são cerca de seis anos e a árvore pode chegar até 30 metros de altura”, explicou.
POLPA
A polpa retirada das frutas é destinada a Associação das Mulheres Produtores de Polpa de Fruta (AMPPF) de São Félix do Xingu, que por ora comercializa em supermercados, feiras e sorveterias do município. No período escolar, as produtoras também comercializam por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
PRA
Dados da Emater apontam que, dentro do Programa Territórios Sustentáveis 104 hectares de terras precisam passar pelo processo de recuperação de áreas degradadas, no município de São Félix do Xingu. As propriedades de agricultores cadastradas e aptas são atendidas dentro do Plano de Regularização Ambiental (PRA), conforme orientação da Emater no município.
O PRA delimita um conjunto de medidas que propiciarão à área degradada um novo equilíbrio ambiental, em forma de recuperação, deixando-a em uma condição não degradada, ou restauração, restituindo o ecossistema o mais próximo possível de sua condição original.
“Dentro desse contexto, estamos trabalhando os SAFs, que vão proporcionar a adequação ambiental da propriedade junto aos órgãos competentes, além de, futuramente, gerar emprego e renda para o agricultor e, consequentemente, para o município”, finaliza Mário Silva.
TS
O Programa Territórios Sustentáveis é um dos eixos do Plano Estadual Amazônia Agora, que promove o desenvolvimento sustentável no interior do Pará, por meio de apoio técnico aos produtores rurais, fomentos, regularização fundiária e ambiental, acesso a créditos e novos mercados.
O PEAA tem coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), mas é executado de maneira integrada com outras secretarias e órgãos ligados ao meio ambiente, como Emater, Instituto de Terras do Pará (Iterpa), Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio), Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).
