Governo realiza ação integrada para melhorar vida de comunidade
Como aproveitar todo o potencial turístico, fruticultor, piscicultor e empreendedor de uma comunidade, gerando renda e qualidade de vida às pessoas? Foi esse questionamento que norteou a visita de representantes de diversos órgãos do Governo do Pará, pesquisadores, empresários e voluntários à comunidade de Boa Vista do Acará, nesta quinta-feira, 30.
A visita foi marcada por uma reunião na Associação de Produtores Orgânicos de Boa Vista (APOBV). O encontro foi organizado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet) depois de uma solicitação da comunidade, a partir de visitas anteriores realizadas pela equipe da diretoria de Ciência e Tecnologia do órgão.
Durante a reunião, associados, moradores e trabalhadores locais e de comunidades vizinhas falaram sobre o interesse de turistas, pesquisadores, esportistas, investidores e empresários nas atividades que desenvolvem com ervas, artesanatos, cultivo de frutos como açaí, cupuaçu e cacau e produção de farinha. Além disso, a comunidade é fornecedora de plantas como priprioca, pataqueira e captiú que servem de matérias-primas para uma grande empresa nacional de cosméticos.
Por isso, os moradores sentem a necessidade de se estruturar melhor, por meio da profissionalização dos serviços e apoio na área de gestão. Diante disso, a comitiva de representantes do Governo se comprometeu em elaborar um planejamento estratégico para organizar a atuação de cada órgão em Boa Vista do Acará, para desenvolver ações em conjunto com os moradores, a fim de dar firmeza e sustentabilidade às atividades do lugar.
Para a moradora de Boa Vista do Acará, Débora das Chagas, a ação integrada possibilitará uma conexão entre as atividades desenvolvidas pela comunidade. “Eu acho que só vai fluir quando conectar um serviço com o outro. Quem vem passear quer saber como plantamos, quer ver o que produzimos, quer comer o que comemos, quer levar a farinha, a polpa, um produto, então como é que podemos fazer para melhorar isso? Deixar de uma forma mais apresentável? A partir do momento que nos organizarmos, conseguiremos abranger outras comunidades e ajudar, porque existem várias localidades que precisam dessa ajuda também”, afirmou.
A diretora de Políticas para o Turismo da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), Fátima Gonçalves, destacou que a comunidade de Boa Vista do Acará já é um destino bastante procurado, entretanto precisa-se trabalhar na instituição de uma rota turística bem definida para o local. Segundo ela, “todos juntos trabalharão em função do desenvolvimento”.
Além de Sectet e Setur, também estiveram na comunidade representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas); Companhia de Desenvolvimento Econômico (Codec); Companhia de Portos e Hidrovias (CPH); Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater); do Programa Credcidadão; Rede Namor; Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); Prefeitura de Acará; Associação Brasileira de Agência de Viagens do Pará (Abav); Produtora Casa4; Juruá Cosméticos; Chamma da Amazônia; Amazon Star Turismo, pesquisadores e voluntários.
Integração
A comunidade de Boa Vista do Acará fica a 105 km da sede do município ao qual pertence, Acará. O acesso à comunidade pode ocorrer via terrestre por meio da Alça Viária, entretanto o contato mais rápido e fácil com a capital Belém é de barco, com a viagem durando em média 30 minutos. Por isso, muitos moradores do local optam por estudar, trabalhar e até morar em Belém. Foi o que ocorreu com o consultor de vendas e produtor rural José Gomes.
Nascido em uma família com dez filhos, ele resolveu buscar recursos com a venda de diversos produtos em Belém, com muita força de vontade e ajuda de amigos e até desconhecidos, ele se qualificou realizando cursos técnicos, foi quando conseguiu emprego com carteira assinada e passou a residir permanentemente na capital. Entretanto, a vida urbana sufocou o acaraense acostumado com a liberdade e ele voltou à comunidade onde cresceu.
Hoje, José Gomes é um dos associados da APOBV, onde já exerceu mandato de presidente e vice, totalizando quatro anos. Para ele, a comunidade tem muito a crescer, principalmente com o apoio governamental. “Nos sentimos mais fortes, começamos a perceber que podemos conseguir e eu acredito que vamos, porque se percebe que tudo é uma rede, por isso vínhamos insistindo em reunir com todos os órgãos para verem a nossa necessidade, porque às vezes discutimos com um e esse depende de outro que não está, agora vendo que eles estão agregados, juntos, a possibilidade de acontecer é muito maior”, comemorou.