Atividades educacionais e culturais estimulam estudantes de Cotijuba
Um dia inteiro voltado para atividades educativas e culturais. Foi assim a última sexta-feira (1º) para a comunidade da ilha de Cotijuba, que fica a cerca de uma hora de barco de Belém. A Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Prefeitura de Belém e outras instituições, levou para o local o projeto “Ciência na Ilha”, uma iniciativa que visa popularizar a ciência e aproximar a escola da universidade. O evento teve lugar na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professora Marta da Conceição, que recebeu, além dos seus próprios alunos, envolvidos nas atividades, estudantes de outras escolas estaduais e projetos realizados pela rede.
A Escola Estadual Jorge Lopes Raposo, que fica em Icoaraci, levou para a ilha a rádio estudantil, responsável por apresentar toda a programação do evento e animar os participantes com a trilha musical, basicamente composta por música paraense. Leandro Souza é ex-aluno da escola, mas continua no projeto, ajudando a coordenar as ações e acompanhar os alunos. Segundo ele, nos dias anteriores ao evento, a Rádio Raposo divulgou a programação nas escolas da Unidade Seduc na Escola (USE-12), à qual a Escola Marta da Conceição também está vinculada.
Durante o evento, ele assumiu a função de fazer a apresentação e informar quem estivesse circulando na escola sobre o que estava acontecendo. “A Rádio é um projeto muito interessante porque ela nos estimula a buscar conhecimento, pois, sem pesquisa é impossível apresentar um programa de rádio ou mesmo fazer uma entrevista”, disse o rapaz, que hoje é estudante de Letras da UFPA.
Adaílson Moura, de 15 anos, aluno do primeiro ano do Ensino Médio, é atualmente um dos locutores da Rádio Raposo. Ele conta que é tímido, mas que o projeto tem ajudado nessa superação. “É muito interessante, a gente aprende muitas coisas diferentes e a escola ajuda bastante nesse desenvolvimento”, relatou o jovem.
Também da Escola Jorge Lopes Raposo, há alunos que compõem o coral “Inter Redes Nazaré Pereira – Mãos que encantam”, uma iniciativa que visa difundir a cultura de paz e a superação das diferenças. Os alunos do grupo interpretaram canções do repertório nacional na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Eles abriram a programação na Escola Marta da Conceição.
Segundo uma das professoras responsáveis pelo coral, Solange Reis, a ideia é trabalhar questões de tolerância e respeito às diferenças, sejam elas de cor, gênero, condição física ou etnia por intermédio da música. “Além disso, também pretendemos difundir a Língua de Sinais, seja para alunos ouvintes ou não, até porque para montar as apresentações precisamos fazer várias pesquisas”, explicou.
No evento em Cotijuba, o coral apresentou duas canções em homenagem às populações indígenas: “Benke”, de Milton Nascimento, e “Todo dia era dia de índio”, de Baby do Brasil. “Tínhamos pensado em fazer algo voltado para a temática do meio ambiente e, por que não, homenagear aqueles que sempre se preocuparam com o meio ambiente, que são os indígenas”, completou Solange.
Felipe Santos, de 14 anos, é aluno do oitavo ano do Ensino Fundamental da Escola Jorge Lopes Raposo e participa do coral desde que ele começou, há três anos. O menino diz que sonha em ser músico e viu no grupo a oportunidade de estar mais perto dessa possibilidade. A Língua de Sinais foi um atrativo a mais. “Foi difícil no início, mas agora já até consigo me comunicar com alguns amigos surdos”, pontuou.
Os alunos da Escola Marta da Conceição também participaram da programação com exibição da banda da escola, exposição de fotografias sobre a história de Cotijuba e apresentação de poesia.
Segundo a diretora da escola, Lorena Saem, hoje a Escola Marta da Conceição conta com mais de 660 alunos, divididos nos três turnos e em diversas modalidades de ensino, desde o Fundamental até o multisseriado. “Para nós, é motivo de grande alegria receber este evento, pois ele ajuda a motivar os alunos, principalmente do Fundamental, a ver que existe muito mais coisa além da escola, que a universidade é uma possibilidade real e que eles podem construir esse acesso”, ressaltou.
A ideia é compartilhada pelo aluno Fernando Dias, de 15 anos, que está no sexto ano do Fundamental. O jovem sonha em se tornar pedagogo e trabalhar com crianças especiais. “Esse tipo de evento nos ajuda a conhecer coisas novas e principalmente a pensar sobre aquilo que a gente quer ser. Eu tenho um primo que é mudo e a convivência com ele me fez desejar trabalhar com isso”, relatou.