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Rede de apoio psicológico da Sectet encerra atividades com mais de 1,2 mil atendimentos

Por Dayane Baía (ARCON)
02/12/2020 16h59

O projeto Psicologia Pará, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), encerrou as atividades após 1.208 atendimentos realizados entre os meses de abril a novembro deste ano. Com o avanço da pandemia de Covid-19, a rede de apoio psicológico foi disponibilizada por meio da atuação de quase 200 psicólogos voluntários que atendiam por meio de uma plataforma digital.

Os impactos emocionais desencadeados com o início do distanciamento social e, logo em seguida o lockdown, motivaram a criação do projeto. “Percebendo a vontade de muitos profissionais em dar suporte à população, criamos uma ferramenta para auxiliá-los nesse processo. Devido ao momento de grande incerteza, com muitas pessoas perdendo seus empregos ou que já enfrentavam dificuldades e começaram a questionar quanto ao futuro. Além do simples fato de se estar isolado de familiares e amigos, com receio quanto à doença”, comentou a coordenadora Úrsula Siqueira.

A tecnologia possibilitou tanto o acesso de psicólogos para disponibilizar seus serviços quanto o usuário a encontrar um ambiente de referência para buscar o suporte psicológico. “O psicólogo interessado ao atendimento voluntário, se cadastrava no site. Depois de passar por uma validação, onde era verificado sua regularidade junto ao conselho da classe, podia colocar seus horários disponíveis e o cidadão solicitava o agendamento”, explicou Úrsula.

Foram mais de cinco mil cadastros de cidadãos. Foi muito interessante ver os profissionais todos trabalhando em prol de um mesmo objetivo. As principais queixas variaram, mas acredito que com muita frequência observei relatos de ansiedade e tristeza. Algumas pessoas que já tinham algum tipo de diagnóstico e tiveram uma piora durante esse período. Assim como pessoas que tiveram Covid-19 e ficaram emocionalmente abaladas após a experiência”, acrescentou a coordenadora.

*Adriana tem 49 anos e mora com a mãe de 70 e a filha de 15. Ela lembra que no ponto mais alto da pandemia na capital paraense, quando houve o lockdown, ficou bastante impressionada. “Tinha os sintomas, falta de ar, sensação de febre, mas nada disso era real, era psicológico. Estava trabalhando em home office e limpava tudo em casa sistematicamente. Ao acompanhar os números de crescimento e a situação política de enfrentamento à doença ficava mais angustiada”, contou a servidora pública.

Além disso, ela estava realizando um trabalho acadêmico que exigia muitas leituras. “Sentia muita vontade de chorar com tudo aquilo. Fiz o cadastro no Psicologia Pará e fui atendida por uma profissional em três momentos. Ela percebeu que era ansiedade e me recomendou exercícios físicos e de respiração, evitar assistir aos noticiários e ler livros de entretenimento. No último atendimento eu já estava melhor”, acrescentou Adriana.

Do outro lado da plataforma encontravam-se profissionais como Iraci Bahia, que viu no projeto uma forma de voltar a atuar com voluntariado. “As pessoas estavam completamente perdidas e sem saber como lidar com suas emoções. O alto índice de pessoas ansiosas e com princípio de depressão foi uma constante durante todo esse processo, situações  muito difíceis mesmo! Trabalhei a partir do dia 07 de abril até 08 de agosto. Após isso não consegui mais agendar no sistema, eu ainda pretendia atender pelo menos aos sábados único dia que não tinha consultório”, comenta a psicóloga voluntária.

No período, Iraci atendeu pessoas de várias cidades, além da região metropolitana de Belém, como Barcarena, Rondon do Pará, Vigia, Castanhal, Afuá, Altamira, Santarém, Cametá, Tucuruí, Ponta de Pedras  Magalhães Barata, e até de outros estados como as capitais Manaus e Rio de Janeiro.

O formato online foi novo para ela, mas abriu oportunidade para ampliar suas formas de atendimento. “Ainda não tinha trabalhado via online, meus atendimentos sempre foram presenciais, achei que teria dificuldades, mas foi muito tranquilo. Gostei e continuo fazendo, daqui e de outras cidades fora. Foi uma experiência incrível que me encheu de orgulho ter participado”, avaliou.

*A entrevistada optou por não ser identificada e por isso utilizamos um nome fictício.