Estudo da Uepa, em Marabá, ajuda no combate à comercialização ilegal de madeira e carvão
Objetivo dos pesquisadores é construir um banco de dados que ajude a diferenciar espécies protegidas por lei das que podem ser comercializadas
Estudantes da Uepa, em Marabá, coletam amostras para estudo descritivo que visa ao combate do comércio ilegal de madeira e carvãoCom o objetivo de combater práticas não sustentáveis, como o comércio ilegal de madeira e carvão vegetal na Amazônia, foi desenvolvida, no Campus VIII da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Marabá, sudeste do Estado, a pesquisa intitulada “Descrição anatômica de madeira e do carvão vegetal de espécies florestais nativas da Amazônia como subsídio para a fiscalização”.
A colheita de espécies florestais ameaçadas de extinção é proibida por legislações federais ambientais, mas identificar quais das espécies tem este status é um desafio. Por isso, a pesquisa contribui com a construção de um banco de dados com informações sobre espécies de vegetais da região, o que facilita a triagem em casos de comércio ilegal, por conseguir diferenciar espécies protegidas das que podem ser comercializadas.
“Os resultados da pesquisa são fantásticos e animadores, acredito que é um grande passo em direção à sistematização do controle do comércio de carvão vegetal na Amazônia. A partir disso, será possível estabelecer protocolos, matérias e informativos que possibilitem fiscalização, diminuindo assim práticas ilegais que causem degradação e desflorestamento”, afirma o discente de engenharia florestal na Uepa, Marcelo Mendes, um dos coautores da pesquisa.
Segundo o professor da Uepa, Dr. Luiz Eduardo Melo, que também é coautor do estudo, foram analisadas as características anatômicas da madeira e do carvão de três espécies florestais importantes da Amazônia - a castanheira, seringueira e mogno - em comparação com o eucalipto, considerado a melhor madeira para carvão vegetal. A pesquisa evita que espécies em risco de extinção sejam usadas neste comércio.
IDENTIFICAÇÃO
Estudo fornece subsídios para que a fiscalização faça seu trabalho“Fornecemos subsídio para que os fiscalizadores façam essa diferenciação. Consideramos que os resultados da pesquisa têm uma contribuição direta no combate ao comércio ilegal. Os agentes governamentais podem usar nossos resultados para a identificação de carvão vegetal possivelmente ilegal e para basear políticas públicas”, ressalta o professor.
Ressalta-se que, segundo o discente da Uepa, o trabalho não criminaliza o uso do carvão vegetal, tendo em vista que a utilização é benéfica, entretanto, deve ser usado de forma sustentável e com respeito às espécies preservadas e ameaçadas.
RECONHECIMENTO
O estudo, coordenado pelo Laboratório de Ciências e Tecnologia da Madeira da Uepa, em Marabá, é fruto de uma parceria interinstitucional entre pesquisadores do Pará, Santa Catarina e Minas Gerais e resultou em um artigo que será publicado, até o fim do mês, em um importante periódico internacional, o “International Association of Wood Anatomists” (IAWA Journal), classificado pelo Capes Qualis como A3.
PREMIAÇÃO
O discente da Uepa, Marcelo Mendes, bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), foi contemplado com o prêmio “Prof.ª Odete Fátima Machado da Silveira, de Ciências Exatas, da Natureza, da Terra e Engenharias”, em 2019, na categoria iniciação científica.
Sob orientação do professor Dr. Luiz Eduardo Melo, Marcelo se emocionou ao receber a premiação. “Foi um reconhecimento do nosso esforço. O que mais nos motiva é a certeza de que o nosso trabalho está no caminho certo e que devemos fornecer mais informações para a conservação da nossa terra de ricas florestas fecundadas ao sol do equador”, ressalta.