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Dia Mundial de Combate ao AVC: saiba como identificar os sinais de um derrame cerebral

De acordo com a OMS, 17 milhões de pessoas sofrem um Acidente Vascular Cerebral todos os anos no mundo

Por Ederson Oliveira (HRSP)
28/10/2020 10h22

Ilustração virtual de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que pode atingir diferentes áreas do cérebro e provocar sequelas graves O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como "derrame", é a segunda maior causa de mortes no mundo, podendo acometer uma a cada quatro pessoas em idade adulta durante a vida. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta principalmente para a prevenção sobre os sintomas, tratamentos e prevenções da doença, pois que a cada seis segundos alguém é cometido por um AVC no mundo, e, por ano, são cerca de 17 milhões de pessoas.

“Um AVC pode afetar diferentes áreas do cérebro e trazer sequelas motoras, como paralisação dos movimentos ou dificuldades para andar e falar, por exemplo. Além disso, pode impactar na compreensão e reconhecimento, prejudicando inclusive a memória”, explica Marcio Costa, neurocirurgião com atuação no Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP), em Marabá (PA).

O especialista destaca que existem diferentes tipos de AVC, com diferentes possibilidades de tratamento. “A maioria dos casos são do AVC do tipo isquêmico, quando acontece a obstrução ou entupimento de uma ou mais veias no cérebro. De acordo com a OMS, mais de 6,5 milhões de mortes acontecem todos anos devido a doença no mundo, por isso, devemos manter o cuidado e a prevenção”.

Entre as estratégias de prevenção, o neurocirurgião Marcio Costa ressalta os cuidados com os fatores de risco, como o sobrepeso, tabagismo, consumo de álcool, falta de exercícios físicos e má alimentação.

Nesta quinta-feira (29) comemora-se o Dia Mundial de Combate ao AVC. A data reforça os cuidados para a doença. Além da prevenção, reconhecer os sinais de um AVC pode contribuir para evitar mortes.

Para o especialista Marcio Costa, “é importante que todos possam reconhecer os principais sinais do AVC, o que pode ser feito com quatro medidas simples, que seguem a abreviação de S.A.M.U. Esses passos podem salvar muitas vidas e evitar sequelas profundas".

Quais os sinais de um AVC com base no método SAMU?

Sorria: Peça para a pessoa dar um sorriso, caso um dos lados da face entorte ou paralise, é provável que seja um AVC;

Abrace: Veja se a pessoa consegue levantar os dois braços, se um deles cair, pode ser outro sintoma;

Música: Incentive a pessoa a repetir uma frase de uma música preferida, se ela não conseguir pronunciar corretamente, pode ser mais uma indicação da doença;

Urgente: Caso tenha identificado alguns dos sintomas, busque ajuda de um profissional médico imediatamente. Entre os serviços públicos de emergência está o telefone 192, para remoção de pacientes e totalmente gratuito.

Conheça as medidas de prevenção ao AVC

*Atenção com o colesterol: é importante reduzir a quantidade de alimentos ricos em LDL (conhecida como colesterol ruim, e que se deposita nos vasos sanguíneos);

*Controle do Diabetes;

*Controle o peso: mantenha o peso saudável para a sua idade e altura, evite o acúmulo de excesso de gordura no corpo. Consulte um médico para saber qual é o seu peso ideal;

*Evite fumar e cuidado com as drogas: estudos mostram que o tabaco favorece consideravelmente as chances de um AVC. As drogas ilícitas, como a cocaína, alteram drasticamente o fluxo sanguíneo no organismo, podendo provocar a doença;

*Alimentação equilibrada: reduza o consumo de açúcar, gorduras, sal e bebidas alcoólicas. Modere o consumo de sódio (para pressão alta);

*Pratique exercícios: o exercício contribui para o controle da pressão arterial, melhora as taxas de colesterol e glicose, além de melhorar a qualidade do sono e reduzir o estresse. A prática regular de exercícios aeróbicos, está diretamente ligada à redução do risco de ter AVC.

Hospital Regional do Sudeste do Pará registra mais de quatro  mil procedimentos neurológicos

De acordo com o médico neurocirurgião do Hospital de Referência Público do Leste do Pará (HRPL), em Paragominas, João Fabrício Palheta, de uma forma simples as pessoas podem ficar atentas aos sintomas de um Acidente Vascular Cerebral. De julho do ano de 2016 a outubro deste ano de 2020, o HRPL atendeu 1.267 usuários com AVC.

O doutor João Palheta aponta, por exemplo, as mudanças súbitas no rosto, como desvios da boca (paralisia facial); fraqueza nos braços e ou pernas e dificuldade para falar. "É muito importante também, registrar o horário de início dos sintomas, ligar para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) ou procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), imediatamente".

Na última segunda-feira (26), a dona de casa e usuária dos serviços de saúde do HRPL, Ivone Nazaré Cota, 55 anos, realizava tarefas domésticas na casa dela, quando de forma repentina, sentiu uma sensação de dormência, “repuxamento” do rosto, “formigamento” e perda de força em todo lado esquerdo do corpo.

Ivone Nazaré pediu ajuda imediatamente para ser encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento de Paragominas que, após prestar o primeiro atendimento, a encaminhou para o HRPL, unidade de saúde referência estadual no tratamento da doença.

"Como já conheço os sintomas de AVC, assim que comecei senti-los, já pedi ajuda para ter auxílio médico. Algumas pessoas da minha família faleceram por causa dessa doença, sei o quanto ela é perigosa, mas graças a Deus fui atendida com agilidade pela equipe do HRPL. Sou grata aos médicos e enfermeiros e todos os envolvidos no meu atendimento", reconheceu Ivone Nazaré.

A paciente contou que "todos foram atenciosos, pois como fiquei consciente, eles iam me falando tudo o que estava sendo feito para salvar a minha vida. Estou muito satisfeita com o atendimento, e feliz por ter tido alta hoje da UTI. Oriento que caso alguém tenha os sintomas dessa doença, procure primeiramente, a UPA, depois o HRPL, pois aqui estão todos capacitados para prestar o melhor atendimento possível às pessoas com AVC".

"O tratamento em fase aguda do AVC com administração da trombólise é uma rotina pioneira da unidade de AVC do HRPL, em Paragominas no Estado do Pará. Isso só é possível graças ao treinamento contínuo de toda unidade hospitalar, o que inclui, equipe do pronto- atendimento; setor de radiologia; laboratório e o serviço de Neurocirurgia é claro", destacou o neurocirurgião João Palheta.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVC é a principal causa de incapacidade hoje no Brasil. "Essa realidade precisa ser mudada. No caso de dona Ivone ela teve melhora clínica completa. Um verdadeiro sucesso. A realização da trombólise proporcionou o retorno do fluxo sanguíneo cerebral, impedindo a formação do coágulo no interior dos vasos sanguíneos, evitando, dessa forma, a progressão do AVCI na paciente. Foi repetido o exame tomográfico e não foi evidenciado nenhuma isquemia cerebral", atestou o especialista.

O sucesso do tratamento da paciente, conforme informou o neurocirurgião, deve-se também, a uma corrida contra o tempo. "Temos o que chamamos de “janela terapêutica” e a velocidade de todo atendimento pode determinar o bem-estar do doente. Nesses casos, vale a seguinte frase: “tempo é cérebro” e não podemos permitir que o paciente fique com sequelas por conta da demora no atendimento".

O fluxograma do atendimento do paciente com AVC no HRPL

O atendimento de pacientes com AVC no HRPL segue um protocolo que inclui avaliação neurológica para confirmação clínica dos sintomas; exames laboratoriais de sangue; realização de eletrocardiograma e tomografia de Crânio.

O tempo total  leva aproximadamente 20 minutos, da entrada do paciente no HRPL, contando com a interpretação dos exames, aplicação dos critérios de Inclusão e Exclusão e decisão terapêutica sobre a realização da trombólise.

"Toda essa pressa tem uma explicação: só é possível fazer o trombolítico Rt-PA em casos de acidente vascular cerebral isquêmico em sua fase aguda respeitando o limite máximo de tempo de 270 minutos ou quatro horas e meia, a contar do início dos sintomas. Após esse período passa a ser contraindicado devido alto risco de sangramento'', frisou o especialista.

*Com informações do Hospital de Referência Público do Leste do Pará (HRPL)