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SEMANA DE PREVENÇÃO

Pais e profissionais de saúde devem estar alertas à violência na primeira infância

Sespa e Fundação ParáPaz atuam no cuidado e enfrentamento a qualquer tipo de violência sofrida por crianças, adolescentes e seus familiares

Por Roberta Vilanova (SESPA)
14/10/2020 18h08

A proteção à primeira infância é essencial para evitar a violência no futuroNa Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância, de 12 a 18 de outubro, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) alerta pais e profissionais de saúde para que fiquem atentos às orientações contidas na Caderneta da Criança, editada pelo Ministério da Saúde, e distribuída aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) pelas unidades de saúde pública.

A Semana foi instituída pela Lei nº 11.523, de 18 de setembro de 2007, com “o objetivo de conscientizar a população brasileira sobre a importância do período entre 0 (zero) e 6 (seis) anos para a formação de um cidadão mais apto à convivência social e à cultura da paz”.

No Pará, em 2019, a Fundação ParáPaz realizou 3.502 atendimentos de crianças e adolescentes vítimas de todos os tipos de violência. Em 2020, o número de atendimentos, de janeiro a setembro, já chegou a 1.823. A Fundação ParáPaz oferece atendimento especializado por meio de 13 polos integrados, em 12 municípios paraenses.A proteção na primeira infância, afirmam especialistas, deve começar muito antes do nascimento

Nesse contexto, a Coordenação Estadual de Saúde da Criança chama a atenção para os cuidados que os pais ou responsáveis devem ter com a criança nessa faixa etária, assim como alerta profissionais de saúde para que observem as crianças que chegam para atendimento na rede de serviços do SUS.

Assim, a Caderneta da Criança, oferecida em duas versões (menino e menina), é um documento importante e único, no qual devem ficar registradas todas as informações sobre o atendimento à criança nos serviços de saúde, de educação e de assistência social, para o acompanhamento desde o nascimento até os nove anos de idade.

Ações da Sespa – A médica pediatra e coordenadora estadual de Saúde da Criança da Sespa, Ana Cristina Guzzo, informa que o tema da violência contra a criança é trabalhado por meio da Linha de Cuidado e Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes e suas Famílias, e também com a Caderneta da Criança. “Temos trabalhado o tema no acompanhamento do desenvolvimento infantil, alertando para as questões das negligências com a criança, que também são um tipo de violência”, afirma a coordenadora.O método canguru, já oferecido a bebês não prematuros, garante o acolhimento necessário ao pleno desenvolvimento infantil

Como exemplos de negligências, ela cita dar responsabilidades que a criança até nove anos ainda não tem capacidade de ter, como andar sozinha em ônibus, cuidar de outra criança e tomar banho sozinha em praia ou rio. Ela lembra, ainda, que geralmente as pessoas só pensam em violência como agressão física e psicológica, mas, na verdade, é uma questão que precisa ser considerada muito antes de a criança nascer.

Segundo Ana Cristina Guzzo, a prevenção da violência doméstica deve ser feita desde o planejamento reprodutivo e o pré-natal. “Ser uma criança desejada também reduz a violência. Saber que ela vai nascer numa maternidade que promove o contato pele a pele precoce com a família, que usa o método canguru, (que já não é mais exclusivo para o bebê prematuro) de cuidado com as crianças, que oferece atenção humanizada ao recém-nascido na promoção do aleitamento na primeira hora de vida e tem compromisso com o desenvolvimento infantil, tudo isso previne a violência”, detalha a médica.

Conteúdo – Da Caderneta da Criança, Ana Cristina Guzzo destaca a página 64, que alerta os pais e profissionais sobre possíveis violências sofridas. A Caderneta aponta que, como o aprendizado se dá pela imitação do comportamento, as crianças que presenciam ou são vítimas de violência podem acreditar que essa é a forma natural de resolver conflitos - as atitudes dos adultos no dia a dia são exemplos para elas.

Cartilha com orientações sobre o combate a violência sexual foi entregue à OBA pela Imprensa Oficial do ParáPortanto, os adultos não devem gritar ou bater, pois a criança aprende e repete esses comportamentos, podendo incorporá-los à personalidade. O texto ressalta que “sofrer maus-tratos na infância traz prejuízos maiores do que em qualquer outra fase da vida e pode comprometer o desenvolvimento físico, emocional, mental e social”.

O documento também mostra a necessidade do cuidado especial com os casos de violência em crianças menores de três anos, porque nessa idade elas ainda não sabem dizer o que estão sentindo e percebendo no seu corpo. “Quanto mais cedo começar e mais tempo durar a exposição da criança à situação de violência, mais graves e permanentes serão os danos causados”.

Já entre as crianças maiores, que já frequentam a escola, a Caderneta chama a atenção para as situações de violência intencional e contínua, como o bullying, caracterizado por empurrões, insultos e humilhações, como apelidos que ferem a dignidade e mentiras que causam situações vexatórias.

O Governo do Pará combate o trabalho infantil, uma das formas de violência contra criançasOs principais sinais e sintomas desse tipo de violência são irritabilidade frequente, receio exagerado da proximidade de pessoas, tristeza constante, isolamento, manchas no corpo, ferimentos em diferentes estágios de cicatrização, comportamento de agressividade extrema, distúrbio do sono, atraso e dificuldades no desenvolvimento da fala, distúrbio de aprendizagem e até insucesso na escola.

Prevenção de acidentes - A coordenadora estadual de Saúde da Criança destaca, ainda, a página 59 da Caderneta, que traz orientações sobre a prevenção de acidentes por faixa etária, como sufocação, queda, intoxicação, queimadura, afogamento, acidente de trânsito e choque elétrico. “Com atitudes simples, os pais ou responsáveis podem impedir acidentes que podem matar ou deixar sequelas para o resto da vida”, enfatiza.

Um dos acidentes mais graves que uma criança pode sofrer é queimadura. Só no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), localizado em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, em 2019 foram atendidas 175 crianças de zero a 14 anos vítimas de queimadura. Em 2020, de janeiro a setembro, já são 116 vítimas atendidas, demonstrando que o alerta continua necessário.Menino na ala de queimados do Hospital Metropolitano, um dos acidentes mais comuns entre crianças

Segundo Ana Cristina Guzzo, o conteúdo da página 58, que alerta sobre os cuidados que os pais ou responsáveis precisam ter com o uso de equipamentos eletrônicos, como TV, celulares, tablets e computadores, cujo excesso prejudica as habilidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais. Além disso, conforme a Caderneta, “podem ter conteúdos violentos, eróticos ou outros impróprios para a sua idade. É importante dar limites em relação ao tempo em que a criança pode ficar diante desses equipamentos e observar o tipo de programação e a recomendação etária dos filmes, jogos e desenhos”.

Serviço: Qualquer suspeita de que uma criança sofre maus-tratos, violência física, psicológica e sexual, ou seja obrigada a trabalhar, deve ser denunciada imediatamente ao Conselho Tutelar, à Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente e ainda pelo serviço Ligue 100. A ligação é anônima e gratuita. As Cadernetas da Criança Menina e Menino estão disponíveis nos links abaixo:

Caderneta da Criança - menina - http://www.saude.pa.gov.br/sespa-faz-alerta-sobre-violencia-na-primeira-infancia/

Caderneta da Criança - menino - http://www.saude.pa.gov.br/sespa-faz-alerta-sobre-violencia-na-primeira-infancia/