‘Círio das Águas’ promove na Estação Cultural de Icoaraci a harmonia entre arte e fé
A exposição retrata o clima da Romaria Fluvial em barcos de miriti guiados pela imagem de Nossa Senhora de Nazaré
Arte e cultura da Amazônia em plena harmonia com a fé. Esse foi o clima da abertura da “Estação 5: Círio das Águas”, parada obrigatória no cortejo do Preamar da Fé, programação realizado pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), para o Círio de Nazaré 2020. A exposição foi aberta nesta quarta-feira (7), às 18 h, na Estação Cultural de Icoaraci, distrito de Belém.
De acordo com Anselmo Paes, diretor do Museu do Círio e curador da exposição, a Estação 5 foi inspirada na Romaria Fluvial, instituída pelo Governo do Pará em 1986, em um projeto conjunto com a Igreja Católica, que também incluiu a criação do Museu do Círio. A Romaria Fluvial colore as águas da Baía do Guajará, em um trajeto de Icoaraci até a escadinha ao lado da Estação das Docas.
Para a exposição foram selecionados 20 barcos e uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que compõe o acervo permanente do Museu do Círio desde 2010. A mostra simboliza o trajeto das embarcações, que são guiadas pela imagem da Virgem Maria. O material utilizado nas peças - o miriti - vem de uma palmeira encontrada principalmente na região do Baixo Tocantins, cujo interior do tronco é tão leve e fácil de manusear que passou a ser chamado de “isopor” da Amazônia. Nas mãos de hábeis artesãos, o miriti se transforma em várias peças, com destaque para os tradicionais brinquedos, que colorem as imensas girândolas nos trajetos das procissões.
“Esse é um dos muitos cortejos que envolvem o ciclo de procissões do Círio e seu complexo ritual. Este ano, o Círio Fluvial, não vai ocorrer dentro da tradição, mas na vivência coletiva se faz presente. Assim, essa Estação nos traz a memória dessa fé que atravessa rio, baía, mar, oceano, todas as águas, e tem em Icoaraci seu porto”, disse Anselmo Paes.
Ambientação - De acordo com Stefani Henrique, gerente da Estação Cultural de Icoaraci, levar a mostra para o espaço ajuda a conectar o acervo do Círio à cultura local. "A Estação Cultural abre as portas para essa maravilhosa exposição, trazendo uma representação do Círio das Águas. Para o povo de Icoaraci é muito interessante aproximar a arte dessa forma, principalmente por aqui ser a nascente desse trajeto pelas águas. Mês que vem é o Círio de Icoaraci, e a mostra já cria uma ambientação para esse momento futuro", ressaltou.
Nascida e criada em Icoaraci, a aposentada Ana Cláudia Santos, 63 anos, aproveitou para visitar o espaço e conferir a exposição. "Eu acho muito importante ter esse tipo de exposição, que homenageia nossa arte, nossa cultura, principalmente nessa época de Círio de Nazaré, que é tão marcante para nós. Este ano não vai ter Círio como conhecemos e estamos acostumados, mas eu vejo nesses objetos, que nos lembram tanta coisa boa, um acalanto e a certeza de dias melhores. Ter vindo aqui e me deparado com essa exposição, que traz um pouco dessa memória, foi muito importante", afirmou a moradora.
Serviço: A mostra “Círio das Águas” prossegue até 1° de novembro na Estação Cultural de Icoaraci, de segunda a quinta-feira, das 10 às 18 h, e de sexta a domingo, das 10 às 21 h. Entrada franca.
