Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
ESTAÇÕES DE TRATAMENTO

Reaproveitamento de resíduos garante menor contaminação das redes de esgoto

Veja como transformar óleo usado em sabão e garantir menos poluição ao meio ambiente

Por Giovanna Abreu (SECOM)
21/09/2020 14h15

Barras de sabão feitas com óleo usadoO reaproveitamento de resíduos é uma das formas que a população tem de ajudar a evitar a contaminação e garantir a preservação das redes de tratamento de esgotos do Estado. O despejo livre de óleo, assim como de sabão e de materiais sólidos grosseiros, são grandes fontes de poluição, prejudicando o meio ambiente.

“É inevitável que uma pessoa não contribua com o despejo de sabão que chega às nossas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), mas se a população conseguir manter as caixas de gorduras limpas e reutilizar o óleo de cozinha já ajuda na redução dos resíduos que interferem no sistema de tratamento de esgoto, o que garante benefícios para o meio ambiente e para nós mesmos”, explica a engenheira sanitarista da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Flávia Farias.

Flávia Farias, gerente executiva da CosanpaO óleo possui substâncias insolúveis em água (os chamados lipídeos) e, quando descartados de maneira irregular, podem obstruir tubos e encanamentos, provocar o refluxo de esgoto, ou ainda poluir os corpos hídricos e afetar significativamente a vida aquática. “As ETEs não conseguem quebrar essas moléculas, ao menos que adicionemos produtos químicos para tratar esse esgoto, o que encarece o processo e são fontes de poluição ao meio ambiente”, informa a engenheira.

Se uma família de quatro pessoas deixar de descartar uma colher de óleo de cozinha na pia, todos os dias, encaminhando esse resíduo para postos adequados de coleta seletiva, ao final de um ano, terá evitado a poluição de mais de 136 mil litros de água, quantidade suficiente para atender as necessidades básicas dessa mesma família por quase um ano.

Reaproveitamento

A dona de casa Cosma do Rozario alerta que qualquer pessoa que utilize óleo, especialmente os donos de fábricas, restaurantes ou mesmo os empreendedores que fritam salgados no meio da rua, e fazem uso do produto em maior quantidade, precisam realizar o armazenamento e o despejo adequado. Há cooperativas especializadas que realizam esse tipo de coleta e também há como fabricar o próprio sabão, a partir do reaproveitamento do óleo usado.  

Segundo a professora Lívia Barbosa, há vários anos, o aproveitamento de resíduos se tornou parte do seu dia a dia. “Aprender a reaproveitar o óleo usado foi maravilhoso, até porque tem uma finalidade muito útil para a limpeza e ainda economizo. Considero uma terapia manipular esses produtos e tem pessoas que ainda transformam essa atividade em renda extra”, afirma.

A dona de casa Cosma do Rozario produz sabão, a partir da utilização do óleo usadoTransformar óleo em sabão

A professora Lívia Barbosa sugere que as pessoas interessadas em produzir sabão, a partir da utilização do óleo usado, procurem lanchonetes, fábricas, padarias ou vendedores ambulantes de salgado para conseguir a quantidade necessária para a produção (3 litros). Devem ser utilizadas garrafas pet para recolher o resíduo.

Já devem estar separados também, de acordo com a professora, baldes, bacias e embalagens que servirão de forminhas para o futuro sabão, como, por exemplo, caixas de leite vazias, vasilhas plásticas rasas, embalagens retangulares de manteiga ou margarina. É importante nunca usar metal para armazenar, mexer ou produzir o sabão, mas sim instrumentos de plástico ou madeira.

“A soda cáustica é corrosiva e pode causar acidentes graves, por isso o manuseio deve ser feito com equipamentos de proteção individual, como luvas, óculos de proteção, máscara e mangas cumpridas. Sugiro que a produção seja feita em locais abertos e que crianças e animais fiquem bem longe da produção”, alerta Lívia Barbosa. A professora se baseia nas dicas da youtuber Marilza Silva.

Como fazer

Segundo Lívia Barbosa, o óleo deve ser filtrado com uma peneira, que pode ser forrada com palha de aço aberta, para garantir melhor filtragem. O líquido, já filtrado, deve ser despejado em outra garrafa pet. Primeiro deve ser preparada a lixívia, que é a mistura da soda com a água em uma bacia plástica.

“A ordem é importante, primeiro despeja a água e depois a soda por cima. Mexa devagar e com cuidado, porque exalam vapores fortes. Após a mistura, isolar por 15 minutos, enquanto o conteúdo se dissolve ainda mais até ficar bem transparente”, alerta. Em outra vasilha, é necessário misturar o sal e a água. Lívia afirma que deve ser dissolvido tudo o que for possível. A sobra pode ser raspada com a colher.

“No balde que será preparado o sabão, acrescente o óleo e, aos poucos, acrescente a lixívia e mexa. Quando não houver mais separação entre os conteúdos, acrescente a mistura da água com o sal, e torne a mexer. Acrescente o detergente e misture por mais uns 15 minutos”, explica.

É necessário despejar o conteúdo nas formas untadas com um pouco de óleo usado, o que facilita a retirada do sabão. Cinco horas depois, deve fazer os riscos no sabão delimitando o tamanho das barras, que serão desenformadas apenas no dia seguinte.

“Após desenformar, entramos no chamado processo de cura, que dura cerca de 21 dias, para que se evapore todo o excesso de soda e não prejudique as mãos, nem cause alergia ou queimadura. Nesse período, o sabão desenformado deve ser coberto com um tecido para que ele vá transpirando. Após esse período, está pronto para uso”, afirma Lívia. Essa receita garante a produção de aproximadamente 5 kg de sabão, que pode ser utilizado em barra ou em pó, caso queira ralar.

RECEITA

500g soda cáustica 99%

500 ml de água para dissolver a soda

500g sal de cozinha

500 ml de água para dissolver o sal

500 ml de detergente de limão

3 litros de óleo usado