Endocrinologista alerta sobre os riscos do colesterol alto
Consumir gorduras mais saudáveis, presentes no azeite, abacate, óleo de canola e peixes ricos em ômega 3, ajudam a reduzir o chamado colesterol ruim
Mais da metade da população brasileira possui hipercolesterolemia no Brasil, popularmente conhecida por colesterol alto. A informação é da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que divulgou recentemente que 61,5% dos brasileiros têm a doença.
Integrante da equipe do Hospital Jean Bitar (HJB), unidade referência no tratamento do colesterol alto no Estado do Pará, a endocrinologista Ryssia Braun explica que o colesterol é um lipídeo, uma substância necessária ao organismo. "Ele participa da formação de vitamina D, da formação da bile, da formação de hormônios esteróides e, principalmente, faz parte da membrana celular de diversos órgãos''.
“Como o colesterol é uma gordura, ele não dilui em meios líquidos. Por conta disso, não é solúvel no nosso sangue e precisa ser transportado por lipoproteínas que são partículas esféricas e são classificadas por sua densidade. Aí estão inseridas as duas principais, LDL que levam o colesterol do fígado para circulação e, portanto, são consideradas o colesterol ruim; e HDL, que são lipoproteínas que transportam o colesterol das artérias para fígado, considerado o colesterol bom”, explica a endocrinologista.
Segundo a especialista, um dos agravantes para a evolução da doença, é que na maior parte das vezes, ela é assintomática e circula livremente, e as pessoas que têm colesterol alto, não sentem nenhuma diferença, dificultando o diagnóstico precoce. “Quando as pessoas começam a ter sintomas, aí já são consequentes a lesões ateroscleróticas, que podem levar à dor no peito, à angina e até mesmo ao infarto agudo do miocárdio”.
Ryssia Braun informa ainda que a causa do colesterol alto está no excesso de colesterol, que ocorre por fatores genéticos e alimentares, uma vez que, 70% do colesterol no sangue vem do fígado e apenas 30% vêm da alimentação.
“Outro fator importante de atentar, é o fato de que o colesterol não depende do peso da pessoa. Os níveis de colesterol no sangue dependem muito mais da taxa de remoção do colesterol pelo fígado, que tem ligação com a genética. Se você tem um parente de primeiro grau, por exemplo: pai, mãe, irmãos, com colesterol alto, sua chance de ter colesterol alto é maior independente se você é magro ou tem obesidade”, alerta a médica.
Ela informa ainda que a formação de uma placa de ateroma - manifestação da aterosclerose caracterizada pelo acúmulo focal de lipídios, hidratos de carbono, sangue e produtos sanguíneos, tecido fibroso e depósito de cálcio na camada íntima da artéria - demora muito tempo para se desenvolver e, com isso, provocar infarto ou AVC. Mas, segundo a profissional, quanto mais idade, maior o risco. “Crianças geralmente demoram a apresentar as placas, mas a carga genética delas, pode influenciar nessa formação”, destaca.
A doença não possui uma cura definitiva, já que sem os cuidados necessários, ela reaparece no organismo. “Como mais da metade dos riscos de ter colesterol alto é atribuído à genética, é muito importante ter um estilo de vida saudável, pois isso reduz de forma segura do risco de infarto e AVC. Evitar o sedentarismo; evitar comer alimentos com gordura saturada e evitar fumar são medidas importantes a serem seguidas”, orienta a especialista.
A endocrinologista também alerta quanto aos alimentos que mais aumentam o colesterol, que são a gema de ovo, queijos amarelos, bacon, pele da carne das aves, manteiga, creme de leite, nata de leite, frituras, as salsichas, embutidos e as carnes.
Já sobre o tratamento, ela informa que ele tem a finalidade de reduzir mortalidade por doenças cardiovasculares. “As estatinas são as medicações mais seguras e importantes no controle do colesterol''.
"O tratamento adequado com a medicação, associado à mudança do estilo de vida com atividade física e dieta, são fundamentais nos casos de hipercolesterolemia. O Dia Nacional de Combate ao Colesterol, comemorado dia 8, faz isso: reforça que todos os dias, precisamos estar atentos aos cuidados necessários para que a população não tenha consequências mais sérias, decorrentes da doença”, finaliza a endocrinologista.