Criação de galinha caipira em palafita gera renda e alimento para agricultores de Melgaço
Na pandemia, técnicos da Emater auxiliaram ribeirinhos de Melgaço para execução de atividade
Criação de galinha caipira no MarajóAgricultores da Comunidade Jerusalém, no interior de Melgaço, no Marajó, estão investindo em uma atividade diferenciada, com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater): a criação suspensa de galinha caipira na várzea do rio Tajapuruzinho, com aviário sobre palafita dentro do sítio Projeto de Deus.
A agricultora Noeme Silva, 37, está grávida do quarto filho. Em abril, junto com o marido, ela usou os R$ 600 reais do auxílio emergencial, liberado pelo governo federal, para investir no negócio. A ideia de garantir canja para si própria no puerpério se alongou de tal maneira que, quando Leomara nascer, agora em agosto, a família já estará no quarto lote de comercialização direta. Os principais compradores são vizinhos da região. A ave é vendida viva, com cerca de dois quilos e meio a três quilos, por R$ 30 reais cada.
“Virou um empreendimento, um negócio e, ainda, uma fonte de refeição nossa. Na pandemia, a vizinhança queria frango disponível a qualquer hora, não podia se deslocar e não tinha quem de perto fornecesse. Preenchemos uma lacuna de mercado e ampliamos as opções de proteína para nossa mesa”, conta a agricultora.
Com orientação e suporte da Emater, os agricultores reduziram os custos com pintos e ração, que antes precisavam importar de Breves, e conseguiram controlar e programar a engorda, bem como ajustar as medidas do confinamento.
Hoje, a estrutura do aviário, 24m² de madeira e cobertura de palha, abriga 100 bicos de caipira e branco. O plano é até o fim do ano construir outro aviário e participar de oportunidades governamentais, como a merenda escolar. Além de aves, a família trabalha com criação de porcos e extrativismo de açaí.
Comunidade garante renda e alimentação com criação de galinhas
Galinha caipira em área de várzea
Tipicamente um sistema de terra firme, nos últimos meses a avicultura vem se popularizando entre as famílias ribeirinhas de Melgaço. Sem tradição ou experiência, muita gente nem cogitava a viabilidade de criar animais em cima de área alagada.
De acordo com a Emater, a proposta é barata e propicia geração de renda e segurança alimentar. Os aviários e os utensílios, como comedouros, por exemplo, podem vir de reciclagem de madeira e de tubos PVC.
“No período de pandemia, a Emater nunca desamparou a zona rural. Para evitar que as carências piorassem, mantemos toda a amplitude da nossa assistência técnica, porque a produção de alimento nunca é interrompida e as famílias necessitam de renda constante”, afirma o chefe do escritório local da Emater em Melgaço, o engenheiro florestal Milton Costa.