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Doação de sangue do cordão umbilical é mais uma forma de salvar vidas

Por Redação - Agência PA (SECOM)
14/05/2017 00h00

Gerar uma vida envolve uma série de sentimentos e emoções. Embalada por esse momento de grandes transformações, há mulheres que, ao se tornarem mães, doam muito mais do que amor ao filho; muitas delas fazem outro tipo doação, no exato momento do parto, e que pode salvar vidas: a doação de sangue do cordão umbilical.

O cordão umbilical une o feto à placenta, sendo responsável pela nutrição e oxigenação do bebê durante a gestação. Seu sangue é rico em células tronco e essenciais para transplante de medula óssea. O material coletado pode tratar doenças como leucemias, linfomas e anemias graves. O Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) possui o primeiro e único Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP) da região Norte, que funciona em Belém.

A biomédica Mariana Cunha, responsável pelo BSCUP do hemocentro, explica que o Banco foi criado em 2010 e tem capacidade para armazenar 3,6 mil amostras no seu bioarquivo, que conserva as bolsas de sangue a -196ºC em nitrogênio líquido, possibilitando a validade das amostras por tempo indeterminada. “Atualmente, o Hemopa possui 661 bolsas liberadas para transplante, aguardando apenas paciente compatível”, fala.

Os dados genéticos dos materiais coletados no Pará fazem parte da lista nacional da Rede Brasil Cord, que foi criada pelo Ministério da Saúde em 2004. A iniciativa surgiu para ampliar esse tipo de serviço no país e aumentar as chances de quem precisa encontra doador compatível.

A coleta das bolsas de sangue do cordão umbilical é feita na Fundação Santa Casa de Misericórdia, onde o Hemopa mantém quatro enfermeiras. “Elas fazem a pré-triagem das parturientes no centro obstétrico. Se a mãe selecionada concordar em doar, as enfermeiras solicitam que assinem um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para que possamos acompanhar a evolução do trabalho de parto, para posterior coleta do sangue de cordão umbilical”, esclarece a biomédica.

Os critérios para uma mãe participar estão dispostos na resolução número 56 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 16 de dezembro de 2010. O documento determina que a mãe deva ter idade mínima de 18 anos, ter ausência de processo infeccioso e ou doença durante a gestação que possam interferir na saúde placentária, tenha se submetido há – no mínimo – duas consultas pré-natais documentadas. Além disso, é necessário ter tido idade gestacional igual ou superior a 35 semanas, bolsa rompida há menos de 18 horas e trabalho de parto sem anormalidade.

A dona de casa Sâmia Silva se encaixou em todos os critérios e se tornou doadora do sangue de cordão umbilical e placentário do filho Gabriel. “Não sabia desse tipo de doação. Fiquei sabendo na Santa Casa, quando a enfermeira me abordou e explicou o que era. Aceitei fazer porque pode ajudar pessoas que estão muito doentes”, explicou.

Segundo Mariana Cunha, o volume de sangue de cordão coletado varia muito. "Já coletamos volumes entre 50 e 234 ml”, recorda. Após a coleta, as bolsas são transportadas para a sede da Fundação Hemopa e passam por sorologia. Nesses quase sete anos de existência, o banco disponibilizou duas bolsas para transplante, uma em março de 2014 e outra em janeiro deste ano, todas para pacientes de fora do estado.

Coleta aparentada - Quem transborda de esperança é a paragominense Luziane Braga. A jovem de 23 anos soube da existência do BSCUP quando engravidou do terceiro filho. “Minha menina mais nova, de três anos, tem doença falciforme e faz acompanhamento no Hemopa. Quando engravidei, a médica me explicou que podiam coletar o sangue do meu cordão umbilical e, se fosse compatível, fazer um transplante nela”, comenta a jovem.

A doença falciforme é genética e se caracteriza por hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) anormais que, por serem pouco maleáveis, causam obstrução nos vasos sanguíneos. Uma anemia profunda surge porque essas células defeituosas têm uma vida muito curta e a medula não consegue reproduzir células tão rapidamente para compensar essa rápida eliminação. O transplante de medula óssea é a chance de cura para esses pacientes.

Luziane faz parte da denominada coleta aparentada. A doação entre aparentados acorre quando a própria mãe tem a possibilidade de proporcionar o transplante para um filho doente por meio do sangue do cordão umbilical. “Mas mesmo que, por falta de compatibilidade ou por algum outro motivo, esse transplante não seja possível, a bolsa de sangue continua no nosso bioarquivo para que possa vir a ajudar outra pessoa”, alerta Mariana.

O parto de Luziane aconteceu na primeira semana de maio. O sangue do cordão umbilical foi coletado e agora passa por uma série de procedimentos e exames que devem demorar cerca de três meses para ficarem prontos. Se não houver qualquer impedimento, o transplante pode feito ainda neste ano. “Tenho consciência que isso é só uma possibilidade de ajudar minha filha. Mas estou agarrada nessa possibilidade”, anima-se.

Serviço: O BSCUP funciona na sede do Hemopa, que fica na travessa Padre Eutíquio, 2.109. Na Santa Casa, a coleta de sangue do cordão umbilical funciona de segunda a sexta-feira, de 7h as 19h.