Em Breves, Hospital de Campanha salva vidas, gera empregos e deixa legado à região
Após a desativação, novos casos de Covid-19 serão encaminhados para o Hospital Regional de Breves ou para o Hospital de Campanha de Belém
Priorizar a vida. A decisão do Governo do Pará permitiu vitórias, reencontros e esperança em dias melhores. Depois de duas semanas internada por sintomas da Covid-19, a aposentada Doralice Firmino de Oliveira, 70 anos, moradora do município de Curralinho, recebeu alta do Hospital de Campanha de Breves, na região do Marajó Ocidental. Ela foi uma das últimas pacientes a deixar a estrutura, desativada na última quinta-feira (30) diante da enorme queda na procura por atendimento nas últimas semanas. Na volta para casa, o sentimento de Doralice era de alívio e gratidão.
“Não encontrei profissionais, encontrei uma família, que cuidou com amor e dedicação de mim. Agradeço a Deus a oportunidade que eu tive. Eles estarão sempre nas minhas orações. Meu médico foi incansável, noite e dia, não tinha hora para perguntar se estávamos bem”, conta ela, já em casa, pois não precisou de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tendo permanecido na ala clínica durante todo o tratamento.A celebração pelos pacientes que venceram a Covid-19 no Hospital de Campanha de Breves
Antes de ser encaminhada ao Hospital de Campanha, Doralice foi atendida na unidade de saúde de sua cidade. Com tosse e muito cansada, fez um exame de raios X. Por conta da idade, foi transferida ao Hospital de Campanha para monitoramento. “Ter alta foi emocionante. Era uma parte de alegria, porque ia voltar para casa, para os meus filhos, e outra triste, porque as pessoas, quando precisarem, não terão mais aqueles profissionais à disposição”, declarou.
Legado – Pouco mais de três meses de funcionamento foi tempo suficiente para salvar 137 vidas. Foram 186 pacientes atendidos no Hospital. Nem todos com finais felizes: 21 perderam a guerra para o novo coronavírus. Novos casos da doença que ainda surgirem na região serão encaminhados para outras unidades, como o Hospital Regional de Breves e o Hospital de Campanha de Belém.Emoção e gratidão marcaram as altas no Hospital de Campanha
A instalação do Hospital de Campanha de Breves fez parte da estratégia do Governo do Pará para atender, com mais agilidade, pacientes vindos dos municípios de Anajás, Bagre, Curralinho, Gurupá, Melgaço e Portel, localizados na mesma região. Durante o funcionamento, contou com 62 leitos, sendo 48 clínicos, seis de UTI e oito leitos clínicos pediátricos. A unidade, a última a ser entregue à população e a primeira a ser desativada, se somou aos demais hospitais de campanha instalados pelo Estado - em Belém, Santarém (no oeste) e Marabá (no sudeste) -, e que ajudaram a salvar muitas vidas.
Montado a partir de uma estrutura provisória, houve dificuldade na aquisição de equipamentos, mas mesmo assim a unidade atendeu com a capacidade máxima e ocupação média de 60%. Até o término das atividades, teve 152 profissionais, dentre médicos, enfermeiros, assistentes sociais, técnicos, pessoal de apoio e outros -, também contribuindo para fomentar emprego e gerar renda para profissionais das áreas de saúde e administrativa.O empenho da equipe de profissionais ganhou o reconhecimento dos pacientes
Controle - A médica Maitê Gadelha, diretora técnica da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), informa que foram feitas visitas técnicas e outras análises para verificar a permanência de um hospital criado para ser retaguarda ao atendimento em toda a região. O HR de breves herdará parte dos equipamentos utilizados no complexo durante os três meses, enquanto a estrutura de saúde de outros municípios da região receberá o restante. "As atividades se encerram no prazo previsto pela Sespa, que estava pré-estabelecido para o dia 30 de julho no contrato. E isso comprova que aquele momento de altos índices de mortalidade, entre março e o início de junho, nós não estamos vivendo mais", afirma a médica.A unidade contou com 62 leitos, sendo 48 clínicos, seis de UTI e oito leitos clínicos pediátricos
A gestora também reforça que há um controle satisfatório da doença em todo o Estado, com poucos casos graves e diminuição de novos casos. "De qualquer forma, possíveis novos pacientes não ficarão desassistidos. Estamos em uma situação muito mais tranquila, e quem precisar de assistência poderá procurar as unidades municipais de saúde e, caso necessite de internação, será regulado para o Hospital de Campanha do Hangar, em Belém. Além disso, o Hospital Regional Público do Marajó também servirá de apoio para toda a região", orienta Maitê Gadelha.
Experiência - Moradora de Breves, Glinda Farias, assistente social na unidade, viu na instalação do Hospital de Campanha uma oportunidade de emprego. Ela foi aprovada em processo seletivo logo no início do funcionamento, trabalhando até o último dia. Para desempenhar sua função de forma segura, ela ficou quatro meses afastada do filho.A assistente social Glinda Farias e os colegas de luta contra a doença
"Uma experiência que dinheiro não paga. Sei que o trabalho me engrandeceu enquanto profissional, e que através dele posso ser exemplo para minha família. Foram meses de muita intensidade e também de exaustão. Pude ajudar a salvar vidas, e levo no coração o agradecimento de cada paciente e cada família que pôde contar com os meus serviços enquanto assistente social. Encarei um cenário totalmente diferente e precisei de muita coragem para isso. Hoje, saio uma nova mulher e com muita vontade de aproveitar a vida", relata.A estrutura foi montada para ser retaguarda no enfrentamento à doença no Marajó
Gratidão - José Fialho, 74 anos, mora em Portel e passou 31 dias na UTI. A família acompanhava a evolução do quadro de saúde por meio de videochamadas, tanto com ele quanto com a equipe multiprofissional do hospital. A alta foi comemorada com bolo e música, cartazes e certificados de agradecimento pelo serviço prestado e atendimento humanizado.
"Foram 25 dias na UTI e seis na enfermaria. O atendimento foi maravilhoso. Quero parabenizar a todas as equipes médicas. Hoje estou me recuperando de alguma sequela deixada pela doença, mas me sentindo muito bem. Agradeço a Deus por ter sobrevivido. O hospital me ajudou muito no tratamento, com medicamentos, alimentação e com a dedicação dos profissionais", ressalta José Fialho.