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Santa Casa usa técnicas não invasivas em partos humanizados 

Tecnlogias, saberes e acolhimentos de equipe multiprofissional reduzem o número de intervenções e garantem bem-estar e maior seguraça à mulher no parto natural

Por Etiene Andrade (EMATER)
28/07/2020 17h03

Brenda Vianna com sua bebê, junto à equipe que assistiu seu parto natural, para ela a melhor forma de dar à luz uma criança “Vamos, Miguel; vamos, meu filho. Ajuda a mamãe...”, clamava ao filho, Vitória Assunção, 19 anos, nas horas finais de seu trabalho de parto na ala de Pré-parto, Parto e Puerpério (PPP) da maior maternidade pública do Pará: a Santa Casa.

Nos momentos em que a dor aumentava e a jovem precisava cada vez mais de apoio para enfrentar as contrações e o medo, enfermeiros, técnicos e médicos se desdobravam para atender, além de Vitória, todas as mulheres que chegavam. A Santa Casa realiza, em média, 900 partos por mês, a metade é feita pelos profissionais de saúde que atuam no PPP.

Um trabalho vital que exige a capacidade técnica, experiência na assistência a partos e a equipe do PPP da Santa Casa vai além, ao oferecer a humanização do atendimento, por meio de técnicas que dispensam o uso de drogas para o alívio da dor.

Enfermeira obstetra, Cristiane Monteiro fala do atendimento especializado. “Os métodos não farmacológicos vão ajudar a mulher a suportar o processo de dor. Durante o trabalho de parto, a mulher vai sentir uma série de dores, desde o peso do bebê descendo aos ossos da bacia se afastando, as dores das contrações, que são as dores mais fortes. E nesse processo o fazer exercício minimiza algumas dessas dores, fazendo com que ela suporte”.

Cristiane Monteiro também frisou a importância da garantia do apoio emocional. “O fato de ter alguém presente, alguém da equipe junto à ela, faz com que ela se sinta segura”.

E quem estava ao lado de Vitória Assunção, eram a mãe Erica Assunção, a enfermeira residente Tays Freitas e a experiente enfermeira obstetra Conceição Barros, que garantiu o apoio técnico, além do apoio emocional.

Vitória, enfrentou uma pré-eclâmpsia durante a gestação. Ela foi encaminhada às pressas para a Santa Casa, onde foi internada, passou por vários exames e teve finalmente a pressão estabilizada, podendo dar à luz ao Miguel, de parto normal. Para alívio de sua mãe Érica Asunção.

“Ela veio para Santa Casa com a pressão muito alta e eu achava que iam fazer cesariana. Mas foi muito bom o atendimento, foi tudo maravilhoso, principalmente, as técnicas do exercício, e graças a Deus isso fez com que ela tivesse um bom parto, mesmo sendo considerado um parto de risco, por causa da pressão dela. Tudo deu certo e o parto foi normal.”, revelou a avó.

A enfermeira Conceição Barros integra o grupo de profissionais que foi precursor na implantação do parto humanizado, na Santa Casa, e até hoje é uma incentivadora da aplicação das técnicas.

Conceição Barros contou que as técnicas começaram a ser implantadas desde 2013 quando a equipe do hospital fez um curso de aprimoramento na cidade do Rio de Janeiro em duas maternidades da rede cegonha, a maternidade Mariska Ribeiro e maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda. 

“Esse conhecimento foi sendo repassado para os residentes da época, que hoje compõem a equipe e que hoje compartilham com outros residentes, garantindo que esse apoio permaneça sendo dado  às gestantes durante o trabalho de parto” conta a enfermeira Conceição Barros, que também é preceptora dos residentes de enfermagem.

Entre as tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem obstétrica indicadas às mulheres em trabalho de parto no PPP da Santa Casa estão o direito a um acompanhante, o que ajuda no bem estar e segurança da mulher.

Também, são consideradas as técnicas de deambulação - que é possibilitar que a mulher caminhe e não fique apenas deitada no leito durante o trabalho de parto, o que também acelera o trabalho de parto e o alívio da dor -;  a bola, que ajuda aliviar as tensões, realizando uma massagem no períneo e contribuindo para a descida do feto; a massagem, que pode ser feita pelo companheiro, acompanhante ou profissional de saúde e que acelera o trabalho de parto; o banho de chuveiro, que pode aliviar a dor e acelerar o trabalho de parto; e o acesso a alimentos e líquidos, que são fontes de energia.

Letícia Moura, foi residente da Santa Casa em 2015 e hoje atua como enfermeira obstetra da equipe do PPP. Para ela, esse é um trabalho que exige dedicação e persistência, principalmente, por conta do grande volume de partos realizados na maternidade.

“A gente inicia um plantão agitado e às vezes ele continua agitado até o final, mas na medida do possível, a gente tentar fazer com que elas (as mães) não se sintam sós, passando algumas vezes durante o plantão no quarto com elas, fazendo o trabalho do alívio da dor, com o apoio dos residentes e fisioterapeutas’’, disse a residente Letícia Moura.

Ela acrescentou que a Santa Casa tem equipe multiprofissional que também dá apoio às mulheres em outros aspectos, a exemplo do apoio psicológico, de avaliação médica e de assistência social, o que torna o atendimento humanizado possível.

Um suporte que garantiu a outra jovem mãe, a técnica em estética Brenda Vianna, de 23 anos, uma emocionante experiência. Ela estudou muito os tipos de parto e ao completar 41 semanas estava decidida que queria o parto natural e não queria ter o bebê na maca e sim sentada na banqueta.

A médica que acompanhou o pré-natal de Brenda Vianna recomendou que ela procurasse a Santa Casa. “As enfermeiras foram maravilhosas, me explicaram tudo direitinho e graças a Deus eu tive a minha filha com essa equipe. O parto natural é o melhor jeito, a gente participa de tudo e na verdade elas assistem o nosso parto, mas nós é que somos protagonistas e fazemos tudo acontecer’’.

Brenda recordou que teve todo o apoio necessário. “Apesar de eu já estar com 10 centímetros de dilatação a minha filha ainda não tinha descido e eu tive que fazer agachamentos a cada contração e as enfermeiras estavam ali, a cada contração, fazendo massagem na minha lombar, sempre com um sorriso no rosto e graças a Deus correu tudo bem e eu tive minha filha na banqueta, que foi a posição que eu escolhi, e ela nasceu direitinho e eu estou para completar 40 dias e estou super recuperada e é o que eu recomendo às grávidas, que elas optem pelo parto natural”.

“A gente tem muito medo da dor, mas não é uma dor de doença, não é uma dor de coisa ruim. É uma dor de nascimento, de vida, de você estar trazendo o seu filho ao mundo.”, disse Brenda.