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Pesquisa registra trabalho da Emater no protagonismo feminino no campo

Por Aline Miranda (EMATER)
06/07/2020 20h12

O papel da mulher no campo, atuando com atendimento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), é o tema da dissertação de mestrado de Zélia Vanusa Marques, que atua no escritório da empresa em São João da Ponta, nordeste paraense. Feito em quatro municípios da região, o levantamento mostra o protagonismo feminino na gestão das atividades rurais e o êxito dessa atuação com apoio regular da Emater.

A apresentação do trabalho foi feita no último dia 30 de junho, mas os resultados preliminares já haviam sido compartilhados em novembro do ano passado, na roda de conversa “Mulheres, Feminismos e Agroecologia” do XI Congresso Brasileiro de Agroecologia, que ocorreu no campus da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em Aracaju.

Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural e Gestão de Empreendimentos Agroalimentares do Instituto Federal, do Núcleo de Estudos em Educação e Agroecologia na Amazônia (NEA), do Instituto Federal do Pará (IFPA), o trabalho “Diferentes mulheres nas práticas de assistência técnica e extensão rural: Reflexões sobre a equidade de gênero”, orientado pelo doutor em Agronomia Romier Souza, registra a história de assistência regular da Emater a quatro famílias agricultoras nos municípios de Curuçá, Inhangapi, São Francisco do Pará e Terra Alta.

Atendidas pela Emater no período de três a 12 anos, as famílias são consideradas experiências exitosas no fortalecimento da autoestima das mulheres no arranjo doméstico, sobretudo como trabalhadoras rurais, empreendedoras e gestoras das propriedades.

“São trajetórias diversas, que se coadunam quando reconhecemos. São mulheres que assumem posições de liderança e exercem poder de decisão. Comprovamos que foram apoiadas diretamente pelas equipes locais da Emater nesse processo de conquista, por meio de inúmeras abordagens e incentivos. Elas se galgaram não em confronto com o meio, com a comunidade, mas com sensibilização e integração”, diz a pesquisadora.

Um dos exemplos é a agricultora que passou a gerenciar a contabilidade das vendas nas feiras quando o extensionista explicou como usar a calculadora. Outro movimento importante foi o reconhecimento de propriedades com dupla titularidade, não mais somente no nome do homem, mas também no da mulher. Há, ainda, casos de jovens evadidos da sucessão familiar que retornaram às propriedades para atuar na agricultura e resgatar ancestralidades, como receitas de iguarias cuja produção se tornou fonte de renda.

Subsídios - O trabalho identifica as práticas da Emater a partir da aplicação de ferramentas consagradas no universo extensionista, como “chuva de ideias” (dinâmica de grupo para despertar manifestação e criatividade, na mira de objetivos pré-definidos) e “mapa falado” (desenho representativo do espaço ou do território em questão, para percepção e debate de aspectos relacionados).

Os dados coletados indicam que, pouco a pouco, a imersão respeitosa dos profissionais da Emater na vivência das famílias do campo permite que mulheres se identifiquem como "protagonistas" e sejam ouvidas e valorizadas, com acesso a capacitações, renda própria e adesão a organizações sociais, como cooperativas e sindicatos. 

A pesquisa gerou, inclusive, um caderno metodológico intitulado “Sistematização de Experiências de Assistência Técnica e Extensão Rural - com Enfoque de Gênero”, que está em análise pelo Núcleo de Metodologia e Comunicação para ser incorporado à base normativa da Emater.

“O caderno contém uma síntese dos aportes teóricos e metodológicos que referenciam a construção de uma ferramenta didática: estruturação, ordenamento, roteirização. São dicas de fontes e de perguntas para se estimular e embasar”, aponta a pesquisadora.