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SISTEMA PENITENCIÁRIO

Custodiadas realizam desfile com roupas produzidas por Cooperativa de internas

Por Vanessa Van Rooijen (SEAP)
12/03/2020 17h41

Usando acessórios e vestindo peças produzidas pela Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), formada por internas do Centro de Recuperação Feminino (CRF), de Ananindeua, custodiadas do sistema prisional paraense participaram de um grande desfile no último dia de programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, promovida pelo governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP). A atividade ocorreu na manhã desta quinta-feira (12), em um dia voltado para a beleza e empoderamento da mulher. 

Nervosismo e ansiedade marcaram os momentos que antecederam o desfile. As 18 custodiadas/modelos de suas próprias criações receberam todos os cuidados que precisavam para a passarela, como maquiagem, penteado e corte de cabelo feitos em parceria pelo Instituto Embeleze e Igreja Universal, para que se sentissem prontas para a apresentação.

Recebidas com muitos sorrisos e aplausos, as internas fizeram o desfile que apresentou a Coleção da Coostafe 2020, produzida com materiais recicláveis e retalhos de panos, visando a sustentabilidade. Janília Góes, custodiada no Centro de Reeducação Feminino (CRF), trabalha no Coostafe e, pela primeira vez, pode ser modelo do próprio trabalho. Ela desfilou ao lado de outras internas usando roupas e acessórios produzidos por elas mesmas.

"Está sendo uma honra participar desse evento e da cooperativa. Desde o início eu tive vontade, mas só tive oportunidade com a vinda da implantação de procedimentos na unidade. O evento está focado na diversidade e mostra para a sociedade que devemos respeitar as diferenças. Sinto muita felicidade e alegria. Estamos vendo como é importante mudar, trabalhar para sair daqui e nos tornarmos pessoas melhores", comemora.

Rafaela Geane, custodiada do CRF, representou o trabalho produzido pelas internas durante o desfile da Coleção Coostafe 2020. "A criatividade do evento e dos produtos está linda. Eu me sinto maravilhada. É uma honra estar aqui representando o trabalho das colegas. Não é todos os dias que podemos desfilar em um momento lindo desse".  

Quem também desfilou e arrancou aplausos foi Eloá da Silva, mulher trans, custodiada na Central de Triagem Metropolitana II (CTM II), em Ananindeua. Para ela, participar dessa atividade é uma felicidade. "Nesta oportunidade estou representando todas as mulheres trans e LGBT. Estar participando mostra que temos nosso espaço e somos lembradas", afirma. Ela foi prestigiada por outras 24 internas trans do CTM 2, que assistiram ao desfile. 

No último dia de programação elas conferiram a exposição de trabalhos manuais feitos por elas mesmas, dentro do cárcere, através de atividades desenvolvidas pela Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), além da exposição fotográfica, resultado da Oficina de Fotografia ocorrida durante a programação, bem como dos textos também produzidos pelas internas em outro dia de oficina.

Para a diretora do CRF, Rita Canto, cada dia da programação especial às internas pode proporcionar momentos diferenciados e que buscaram atender a todas, respeitando seus interesses. "A semana foi fechada com muito louvor e a felicidade no olhar de cada uma delas, confirma o objetivo alcançado e a reinserção é isso: é olhar para além da sentença, o talento e procurar resgatar vidas". Conclui.

Sheila Faro, chefe de gabinete da SEAP e uma das idealizadoras do evento, afirma que a atividade é importante para mostrar que, mesmo privadas de liberdade, as internas - bem como as LGBTQI+ -, tem e merecem ter a oportunidade de desfrutar de outros direitos, como lazer, educação e saúde.

"A punição delas se restringe a liberdade, mas os outros direitos é preciso ser assegurado e garantido, trazendo para a unidade ações que mostram que é possível que isso seja feito. Esse governo permitiu que a gente ousasse na garantia desses direitos. O retorno é muito bacana porque você vê isso estampado nos rostos. Vemos o quanto isso é preciso para elas verem o que está esperando por elas lá fora", finalizou.