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Emater apresenta tecnologia pioneira de criação de pirarucu para empresários

Peixes são cultivados em tanques suspensos. Carne é vendida para restaurantes de Belém e couro segue para exportação

Por Rodrigo Reis Emater (EMATER)
10/03/2020 13h40

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) realizou, no último final de semana, intercâmbio com piscicultores e empresários do setor pesqueiro do município de Capitão Poço, nordeste paraense, e de alguns municípios da região metropolitana, sobre projeto de criação de pirarucu em tanque suspenso. O projeto modelo da Emater está instalado na propriedade do piscicultor Eduardo Arima, em Benevides, onde possui cerca de 2.500 pirarucus em 10 tanques. 

Arima comercializa a carne do pirarucu para restaurantes da capital e o couro está sendo testado, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), para, depois de curtido, abastecer o mercado europeu de alta-costura, constituindo bolsas, cintos e sapatos. O material é disputado no estilismo de luxo pelo caráter exótico, reciclado, ecológico e biodegradável.

“O Arima procurou a Emater pedindo ajuda para sua produção, hoje a condição dele é outra, já exporta para outros países e é exemplo para outros produtores do Estado, tanto é que muitos vão até a sua propriedade para conhecer o projeto de perto. Essa integração com o produtor é muito importante para a Emater e tem feito a diferença no dia a dia de quem produz” - Cleide Amorim, presidente da Emater.

Na propriedade de Arima, são abatidos cerca de 20 peixes por semana, o que totaliza 30 toneladas por ano. O Projeto da Emater tem o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme).

Para o engenheiro de pesca da Emater e coordenador do projeto, Tiago Catuxo, a empresa trabalha com um pacote tecnológico durante os encontros para que os interessados adquiram conhecimento e divulguem a iniciativa para outras pessoas. “A criação de pirarucu em tanque suspenso tem boas perspectivas de negócios, tanto é que recebemos 40 produtores no encontro”, comenta. 

O cultivo de pirarucu em tanque é regido por normas governamentais de segurança e registro. São necessários, por exemplo, licença simplificada, conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e Cadastro Técnico Federal (CTF) emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, a propriedade precisa de Cadastro Ambiental Rural (CAR) e outorga de água.

A produtora Elisângela Pereira, de Capitão Poço, aprovou o encontro. “Como tenho curso técnico em agronegócio, me interessei pela piscicultura, quero investir, muito em breve pretendo ter minha própria produção”. Pereira já trabalha com pimenta do reino e criação de galinhas em sistema semi-intensivo, inclusive com o apoio técnico da Emater. “Recebo orientação desde o começo e, agora, com o projeto do pirarucu, também vai me apoiar”, afirma. 

Projeto – O projeto-piloto de Benevides envolve vários aspectos e municípios da agricultura familiar. O produtor Eduardo Arima Arima adquire alevinos de fornecedores de Abaetetuba e ração de São Miguel do Guamá; o couro é enviado para curtimento artesanal em uma comunidade de Bragança.

Os tanques possuem 6m de diâmetro e 28 m³ de profundidade, com 180 peixes em cada, sendo esse considerado um adensamento condizente com a performance típica da espécie em seu habitat natural. Os peixes são abatidos em um ano, quando atingem 10 quilos.