Hemopa qualifica profissionais de núcleos transfusionais
Promover a capacitação técnica para garantir qualidade no processamento do sangue e nas transfusões sanguíneas. Esse é o principal objetivo do curso promovido pelo Programa Nacional de Qualificação da Hemorrede (PNQH). O evento, voltado para representantes das agências transfusionais do Pará, começou nesta terça, 20, e segue até a próxima quinta-feira, 22, na Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa).
Quando um voluntário faz uma doação, esse sangue coletado passa por uma série de processos de avaliação e de separação de seus componentes. A coordenadora do PQNH, Jane Terezinha Martins, explica que toda transfusão sanguínea possui riscos, mas, ao qualificar os profissionais no processamento do sangue, esse risco passa a ser mínimo. “Esses processos, quando seguidos corretamente, garantem que a qualidade do sangue seja igual em qualquer parte do Brasil”, informou.
Segundo a coordenadora, a ideia é capacitar todos os profissionais envolvidos, sejam eles médicos, enfermeiros ou biomédicos, pensando sempre no usuário, ou seja, nos pacientes que precisam de sangue. “Ainda ocorrem transfusões desnecessárias ou reações em decorrência de transfusões que não são identificadas como tal e sim confundidas como sintomas da doença que o paciente sofre. Isso acontece por falta de capacitação. A hematologia e a hemoterapia são áreas muito específicas, que precisam de qualificação”, comenta Jane Martins.
A hemorrede paraense é constituída por um Hemocentro Coordenador (em Belém), pela Unidade de Coleta Castanheira, três Hemocentros Regionais (em Castanhal, Santarém e Marabá), cinco Núcleos de Hemoterapia (em Capanema, Altamira, Tucuruí, Abaetetuba e Redenção) e 44 Agências Transfusionais (ATs). Essas últimas têm como função armazenar sangue e seus derivados, realizar exames pré-transfusionais e liberar e transportar os produtos sanguíneos para as transfusões. As ATs, em sua maioria, têm localização intra-hospitalar, ou seja, instaladas nos próprios hospitais.
No Brasil, há uma legislação que regulamenta a política de sangue. É ela que define os critérios de criação de uma Agência Transfusional. “No geral, isso depende do número de leitos e da quantidade de transfusões realizadas pela instituição. Mas isso não é regra, porque o Brasil é repleto de peculiaridades. Por exemplo, pela lei, um hospital para ter uma AT deve fazer no mínimo 60 transfusões por mês. Só que há unidades que fazem 40, mas são tão distantes e de difícil acesso, que foi feita a implantação de uma agência nela”, relata a profissional.
A abertura do curso foi feita pela presidente do Hemopa, Ana Suely Saraiva, que evidenciou a importância desse tipo de evento e da satisfação de ver o envolvimento de toda a hemorrede. “Nosso estado tem uma logística muito específica de locomoção; tudo é muito distante e o transporte do sangue é bastante complexo. A presença dos representantes das agências transfusionais mostra o comprometimento de melhorar cada vez mais a qualidade do nosso atendimento. Essa é uma oportunidade única que estamos tendo de ampliar conhecimento e trocar experiências”, diz a presidente.
A agência transfusional do Hospital Ophir Loyola é a maior consumidora de sangue do Hemopa: são mais de mil transfusões todos os meses. A médica que coordena a AT do Hospital, Polyana Pontes, relata que a preocupação com a qualidade do sangue transfundido é constante. “Nossos pacientes já estão altamente sensibilizados por conta do tratamento contra o câncer, então cuidamos para que eles fiquem bem após as transfusões. Por ser uma área muito específica, os cursos de aperfeiçoamento em hemoterapia são raros, então temos que aproveitar”, ressalta a médica.
O responsável pela agência transfusional do Hospital Regional Público do Marajó (HRPM), que funciona no município de Breves, Milton Júnior, conta que a AT atende sete instituições na região, com uma média de 250 transfusões mensais. “É fundamental buscar melhoria na qualidade dos nossos serviços. Os cuidados nos processos do sangue devem ser grandes. Por isso, estou sempre me atualizando e levando isso aos colaboradores da AT Breves”, detalhou.
Jane Terezinha Martins ressalta que é fundamental que os profissionais participantes possam multiplicar o conhecimento aprendido durante o curso. “Após o curso, com o tempo, alguns profissionais são remanejados de setor ou até se aposentam. Por isso é fundamental compartilhar conhecimento pra que todos trabalhem da mesma forma. Isso é uma responsabilidade de cada um aqui. Também queremos deixar claro que as pessoas têm suporte. Vamos manter contato permanente, porque dúvidas podem surgir”, completou.