Campanha Julho Amarelo intensifica o combate às hepatites
Técnicos da Coordenação Estadual de Hepatites Virais, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), lançaram a campanha “Julho Amarelo” nesta quinta-feira (29), na sede do Laboratório Amaral Costa, em Belém, como parte das mobilizações que marcam o mês de intensificação, no Pará, da prevenção e controle das hepatites, pelo terceiro ano consecutivo. A ação é alusiva a 28 de Julho, Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais.
Para a mobilização, realizada durante o mês de julho em vários pontos da capital e do interior, a Sespa providenciou um reforço de 20 mil testes rápidos para hepatites dos tipos B e C. Em Belém, duas mobilizações com testagens gratuitas ao público serão oferecidas na Santa Casa de Misericórdia nos dias 3 e 28 de julho.
Para o interior estão programadas ações nos municípios de Abaetetuba, Augusto Corrêa, Acará, Barcarena, Bragança, Baião, Cametá, Capanema, Igarapé-Miri, Itaituba, Marabá, Parauapebas, Peixe-Boi, Soure, Salvaterra e Salinópolis, com a parceria dos técnicos que atuam nos Centros Regionais de Saúde (CRS) vinculados à Sespa.
Acesso aos testes - Segundo a coordenadora estadual de Hepatites Virais, Cisalpina Cantão, a campanha “Julho Amarelo” representa um esforço da saúde pública para combater o sub-registro de casos e ampliar o acesso à testagem e ao diagnóstico precoce, por meio do estímulo à vacinação contra o tipo B – ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) –, ampliando a assistência e o tratamento dos tipos mais perigosos de hepatite: B e C.
Por ser uma doença silenciosa, o trabalho é voltado à busca ativa por pessoas que não sabem que têm os vírus, e precisam logo de tratamento para não serem surpreendidas pelas consequências de um diagnóstico tardio, como uma cirrose ou câncer de fígado, e também para não transmitirem a doença a outras pessoas.
Busca ativa - Segundo a hepatologista Márcia Iasi, essa série de mobilizações, com oferta de testagem gratuita, integra uma estratégia de busca ativa pelos pacientes silenciosos de hepatites - aqueles que não manifestaram sintomas. Independentemente de faixa etária, podem procurar o serviço pessoas que colocaram piercing e fizeram tatuagem, as que receberam transfusão de sangue antes de 1993 e profissionais de saúde.
A hepatite é uma inflamação nas células hepáticas do fígado e pode ser ocasionada pelos vírus A, B, C ou D. Conforme a médica Márcia Iasi, não apresenta sintomas, e o diagnóstico pode ser feito por meio de exames de sangue. Caso isso não ocorra, a evolução da doença é devastadora, resultando em hepatite aguda, crônica, cirrose hepática e tumor no fígado.
Classificada como doença crônica, a hepatite “C” é uma doença silenciosa, que pode ficar no organismo até 20 anos sem se manifestar. Pode ser transmitida por agulhas e seringas contaminadas, ou por objetos cortantes não esterilizados. “É de extrema importância a intensificação dessa campanha, uma vez que a cura para a hepatite C ocorre em 95% dos casos. Fiz o tratamento pelo SUS, alcancei a cura e estarei eternamente engajado pela cura de outras pessoas que, porventura, venham a passar pelo que vivi”, relatou o médico David Bichara, que tratou a hepatite na Santa Casa de Misericórdia e está curado.
Locais para tratamento - No Pará, quem quiser saber se tem hepatite deve procurar, para diagnóstico e tratamento, os Centros de Testagens e Aconselhamento (CTAS). Em Belém, a referência principal é a Santa Casa de Misericórdia do Pará, especializada no diagnóstico e tratamento de doenças do fígado.
Além da Santa Casa, Belém dispõe de outros locais para tratamento: Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Centro de Saúde do Marco, Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (Uredipe) e o Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa), no campus da Avenida Almirante Barroso, onde funciona o curso de Medicina.
No interior do Estado, o atendimento para testagem e tratamento é oferecido nos Centro de Testagem e Aconselhamento (CTAS) de Santarém, Marabá, Parauapebas, Tucuruí, Abaetetuba e Barcarena, além do Hospital Regional do Araguaia, em Redenção. Para todos esses locais, é essencial que o cidadão seja encaminhado pela Unidade de Saúde mais próxima de sua residência.
Prevenção - A Sespa tem intensificado as ações contra a doença em todo o Pará, incluindo atividades educativas para prevenção e serviços de saúde prestados em conjunto com os municípios, principalmente em comunidades de difícil acesso, como ribeirinhas e populações indígenas.
Em função do estímulo ao diagnóstico precoce, a notificação de casos de hepatite tem aumentado no Pará. Entre 2007 e 2014 foram 2.211 registros do tipo B e 871 ocorrências do tipo C. Em 2015, foram confirmados 388 casos de hepatite B e 240 de C. No ano passado, 363 pessoas foram diagnosticadas com o tipo B e 295 com o tipo C. Só no decorrer deste ano, já foram confirmados 151 casos de hepatite B, além de 112 de hepatite C.