Processo de transição para a aposentadoria é tema do "Roda de Conversa" de novembro
No mês de novembro, o encontro ocorre no Sindicato dos Delegados de Polícia do Pará – SINDELP e o tema discutido durante os encontros é a transição de servidores ativos para a inatividade.
Para ampliar o atendimento dos segurados, o Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Pará – IGEPREV, tem realizado um projeto piloto intitulado “Rodas de conversa: Bem Viver a Aposentadoria”, que visa promover encontros semanais para a troca de experiências psicossociais na vivência prévia e posterior da aposentadoria. Este projeto foi inaugurado no mês de outubro e desde então tem ocorrido semanalmente.
Atualmente, o projeto está sendo itinerante e no mês de novembro dedica-se a atender servidores inativos do setor de segurança pública do Estado do Pará.
Durante este mês, o "Roda de Conversa" ocorre no Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Pará (SINDELP/PA) e irá atender servidores inativos que trabalhavam como agentes de segurança pública do Estado. A servidora Juliana Galvão, psicóloga do IGEPREV, estimulou os participantes Marco Antônio Farias, Joana Oliveira e Ester Barbosa a elaborar uma revisão de si mesmo como pessoa, assim como rever seus processos de transição de servidores para aposentados. Este exercício foi proposto a partir de dinâmicas e diálogos entre todos, com o propósito de compreender as histórias pessoais de cada um e compartilhar experiências individuais dos participantes.
Dona Ester, de 60 anos, contou que em 2005 foi aposentada compulsoriamente, aos 46 anos de idade. A aposentadoria dela se deu por problemas de saúde. Como escrivã da Polícia Civil, foi diagnosticada equivocadamente, em 1998, com Lesão por Esforço Repetitivo – LER, mas seu caso era mais grave. Na verdade, ela tinha fibromialgia, uma doença ainda muito discutida na comunidade médica como algo complexo e que pode ser confundido com outras enfermidades. Por isso, deve ser tratada minuciosamente, pois o enfermo sofre muito com dores físicas, transtornos psíquicos e cansaço excessivo.
Ela relata que teve dificuldade na aceitação da doença e que sofreu muito ao ser aposentada, pois não queria deixar de trabalhar. A aposentadoria lhe trouxe um sentimento de não ser mais útil para a sociedade como sempre foi. “Eu saí na marra, porque eu não queria me aposentar. Eu sofri com essa aposentadoria, eu ainda queria trabalhar”, relatou a aposentada.
Dona Ester recorreu a tratamento psicológico para superar as dificuldades de aceitação por não poder mais trabalhar e pela fragilidade física. Em 14 anos como aposentada, ela dedicou-se a lazeres que proporcionavam alegria como estudar, viajar e cuidar da família. “Eu passei muito nova no concurso, ainda quando fazia graduação, aí tive que sair. Daí agora consegui estudar, me dedicava muito. Depois de me graduar até ganhei bolsa de mestrado integral”, contou. Ela se formou em pedagogia e só não seguiu o mestrado, a qual dispôs de bolsa integral em uma instituição privada, porque o médico a aconselhou resguardo de grandes esforços físicos.
O “Roda de Conversa” concluiu com um vídeo reflexivo e motivacional sobre aceitação de limites físicos e mentais, adaptação em um novo ambiente, ousadia e coragem para enfrentar as novas etapas da vida e agir para que os sonhos se realizem. Os participantes sentiram-se identificados com o vídeo.
O seu Marco Antônio, no final da conversa, relatou que este projeto é muito importante para que os aposentados ainda sintam-se valorizados, mesmo que não estejam mais trabalhando e servindo o Governo como o fizeram por mais de vinte cinco anos de suas vidas. Dona Joana Oliveira se sente feliz atualmente vendendo salgadinhos e doces para o antigo instituto onde trabalhou, assim como a dona Ester Barbosa, que esbanja confiança e felicidade tendo mais tempo para dedicar aos seus familiares.
Ao final da programação, os participantes disseram que o projeto é extremamente importante para que as pessoas que estejam passando por dificuldades nesta etapa da vida saibam que há vida feliz na inatividade como aposentado do serviço público.
Texto de Uriens Cañete