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FORMANDO CIDADÃOS

Há 27 anos, a Escola da Vida incentiva a cultura de paz e faz a diferença na vida de jovens carentes

O Corpo de Bombeiros Militar contribui com a sociedade na formação básica do cidadão, inserido na política social do Governo do Estado.

Por Jackie Carrera (SECOM)
12/11/2019 15h01

“-Qual a diferença do fogo para o incêndio?”, perguntou o sargento Pantoja.

“- O fogo a gente controla, o incêndio não!”, responderam, num coro só, cerca de 40 crianças e adolescentes, entre 12 a 15 anos.

O diálogo simples faz parte da didática do Programa Escola da Vida, ação de responsabilidade social do Corpo de Bombeiros Militar que incentiva a cultura de paz nas periferias e municípios do Estado.

No interior do salão principal da Associação de moradores do conjunto Catalina, no bairro do Mangueirão, crianças e adolescentes se socializam, aprendem juntos a evitar acidentes e cultivam bons hábitos e atitudes, baseados no respeito e na solidariedade. Na hora da recreação, os jovens vão buscar seus lanches sem tumulto e correria, seguem em fileiras, um por um, e voltam para seus lugares. A disciplina e o respeito são a veia principal da interação entre eles.

“Somos o Estado passando conhecimento de valor para o dia a dia de crianças e adolescentes de bairros carentes e periféricos. Aqui eles aprendem práticas de combate ao incêndio, acidentes de trabalho e domésticos e levam isso para casa deles, para o colégio, para a vida. Aprendem a se proteger e a ajudar pessoas”, diz o sargento Pantoja.

Tamires da Silva, de 13 anos, já sabe como reanimar uma pessoa desacordada. “Ainda não precisei reanimar ninguém de verdade. Mas acho que estou preparada para ajudar se for preciso".

Além do sargento Pantoja, que é militar da reserva do Corpo de Bombeiros, também são voluntários do projeto, mais cinco mulheres da comunidade (vó e mães de alunos) e uma ex-aluna da Escola da Vida.

Antes de ser monitora do projeto, Daniele Reis foi integrada ao ‘Escola da vida’ quando tinha 13 anos de idade. Durante 4 anos absorveu todos os ensinamentos e participou das atividades no pólo do Comando Geral, em Val-de-Cans. Alunos que se destacam nas turmas podem durar mais tempo no Programa, passando para a monitoria. Foi o que aconteceu com ela. Hoje com 18 anos, Daniele é cheia de gratidão.

“Aprendi só coisa boa aqui, eu era uma adolescente muito rebelde, revoltada mesmo. Não queria estudar, desrespeitava meus pais e qualquer pessoa mais velha. Não sou mais assim. Eu amo, amo muito estar com esses jovens. Tento passar a minha experiência. Vou ser bombeiro militar e estou me preparando para fazer concurso e integrar à corporação. Hoje, eu tenho certeza que ‘Escola da vida’ fez muita diferença na minha vida”, revelou Daniele.

E se as raízes do programa estão assentadas na educação, no respeito e na ética, não faltam também amor e acolhimento. " A escola vida foi a minha segunda família", completou a monitora.

Dona Vânia Oliveira, presidente da associação de moradores do conjunto Catalina também reforça que a iniciativa faz a diferença na sociedade. No bairro do Mangueirão, vivem pouco mais de 36 mil habitantes, segundo o IBGE. Uma parte considerável dessa população é formada por jovens, entre 13 e 21 anos (23,5%). O projeto social funciona ali há um ano e tem sido a esperança de dias melhores na periferia.

“O nosso bairro é muito carente e a maioria dos jovens não tem muita ocupação. Então era um sonho pra gente trazer os Bombeiros pra cá. E realizamos. Eles transformam esses jovens em cidadãos de verdade. O objetivo é fazer com que eles saiam daqui felizes”, disse Vânia Oliveira.

Ser feliz é o que Cássio, de 13 anos, determinou ser. Pró-ativo, comunicativo e dedicado nos estudos, ele leva o projeto a sério e pensa no futuro.

“Quero ser jornalista. Vou ser repórter. Aqui eu aprendi que existe tempo pra tudo. Pra brincar, pra conversar, pra estudar”, disse com desenvoltura o aprendiz de repórter, que aproveitou pra me perguntar o que eu queria saber do projeto.

Dona Jarina Botelho, vó de Cássio, fez questão de ser voluntária porque também acredita no potencial transformador da ação.

“Eles precisam se tornar bons exemplos para os jovens, tanto dentro de casa, quanto no colégio e na rua. Nesse bairro tem muito jovem no ócio, nas esquinas da vida, aprendendo coisa errada. A gente não quer que eles sejam aliciados para o tráfico de drogas. Esse projeto veio pra mudar”, reitera a aposentada.

Atendimento - O Programa Escola da Vida existe há 27 anos e atende 3.200 alunos espalhados em 26 pólos que ficam em Grupamentos do Corpo de Bombeiros Militar do Pará. O Pólo do Mangueirão é o único que acontece dentro de uma associação comunitária. Cada turma oferece 50 vagas por ano. O público-alvo são crianças e adolescentes de 10 a 15 anos. Além das aulas e atividades físicas sobre cuidados, prevenções, riscos e desastres, os alunos do PEV também participam de passeios em praias, parques, museus e etc. Eles também realizam ações em hospitais e escolas públicas. As turmas duram dois anos e podem ser renovadas por mais dois.

Serviço: As matrículas para as próximas turmas do 'Programa Escola da Vida' devem abrir no mês de janeiro do ano que vem. Mais informações pelo telefone: (91) 98899-6498