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ESPORTE E CONSCIENTIZAÇÃO

Corrida Pela Vida incentiva a doação de órgãos no Pará

Hospital Ophir Loyola promoveu o evento para conscientizar a população sobre a importância do ato

Por Leila Cruz (HOL)
27/10/2019 13h04

O Hospital Ophir Loyola realizou, neste domingo (27), a I Corrida Pela Vida - Incentivo à Doação de Órgãos da instituição. O evento buscou mobilizar e conscientizar a sociedade paraense sobre a importância do gesto altruísta para dar esperança a quem está na fila de espera por um transplante. O percurso, de aproximadamente 8 km, foi direcionado para o público em geral e teve largada e chegada no Parque Estadual do Utinga.

Dezenas de pessoas abraçaram a causa e foram às ruas na 'Corrida pela Vida'O idealizador da Corrida, o psicólogo Jairo Vasconcelos, membro da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos Para Transplante, informou que o procedimento cirúrgico pode ser a última opção de terapia para quem sofre de patologias graves. "O transplante ocorre por meio da transferência de células, tecidos ou órgãos de uma pessoa (o doador) para outra (o receptor) ou de uma parte do corpo para outra como, por exemplo, os enxertos de pele, com a finalidade de restabelecer uma função perdida", explicou.

Glaucia Martins, 47 anos, conta que perdeu um irmão para um câncer de fígado e no momento mais difícil da dor, resolveu doar as córneas do ente querido. Quando ela recebeu a notícia do falecimento, sentiu a sensação que poderia mantê-lo vivo por meio da doação desses tecidos.

Gláucia Martins exibe com orgulho a medalha do evento"No momento em que a médica informou que haviam realizado os exames e que ele poderia ser um doador, não hesitei, logo respondi, vamos doar, vamos deixar meu irmão 'vivo'. Quando entrou no centro cirúrgico, ele tinha a esperança de retornar com vida, mas não tinha noção da dimensão do câncer. Hoje, de alguma forma, está vivo, sim, pois trouxe vida, a claridade, a luz. Alguém está enxergando através dele", disse Glaucia.

A concordância da família para a doação de órgãos muitas vezes é motivada pelo desejo de ajudar pessoas. O ato traz uma sensação de consolo e recompensa em meio a dor devido à percepção de contribuir para a continuidade da vida daqueles que precisam de transplante.

Por outro lado, a taxa de recusa familiar para doador cadáver chega aos 66% no Pará. O Estado está entre os sete estados brasileiros com maiores taxas de recusa no Brasil. Mudar essa realidade requer ultrapassar barreiras impostas pela falta de informação, questões familiares e religiosas.

De acordo com a Central Estadual de Tranplantes, até o dia 21 de outubro, 974 pessoas estavam cadastradas à espera por uma córnea e 382 à espera por um rim. Uma delas é o pequeno Pedro, filho do Alexandre Alves, 39 anos. O corredor de rua fez questão de trazer o filho à programação para mostrar aos presentes que a necessidade é real. O menino já nasceu com uma doença renal.

Alexandre Alves e o filhoPara Alexandre é difícil as pessoas se importarem com a causa, só quem sofre sabe a importância. "Há cinco anos eu era um homem obeso e devido à condição dele, procurei ter uma vida com mais saúde, caso ele precisasse de um rim meu. Pesava 120 quilos, perdi 33 quilos. Fiz exame de sangue, não sei se serei compatível, mas estou fazendo a minha parte. Espero que a sociedade passe a olhar a situação com outros olhos", afirmou Alexandre.

Na região Norte, além de referência em oncologia, o Hospital Ophir Loyola é autorizado pelo Ministério da Saúde a realizar transplantes de rim e córnea e a captar múltiplos órgãos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O HOL possui a Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgão e Tecido para Transplante (CIHDOTT), a qual avalia o doador com base na sua história clínica, antecedentes médicos e exames laboratoriais, a viabilidade dos órgãos, bem como a sorologia para afastar doenças infecciosas e teste de compatibilidade para prováveis receptores.

A comissão é responsável pela organização do hospital para que haja a detecção de possíveis doadores com o diagnóstico de morte encefálica, conforme a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), além de abordar os familiares de pacientes falecidos no hospital e oferecer a possibilidade de doação. "É necessário um trabalho contínuo de esclarecimento e conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos. A legislação brasileira determina que a retirada dos órgãos e tecidos para doação só pode ser feita após autorização dos membros da família. Para se tornar um doador de órgãos, basta comunicar a sua família em vida, é  ela quem vai decidir ou não pela doação", disse.

Cerca de 600 pessoas prestigiaram a corrida que contou com o apoio da Secretaria de Esporte e Lazer (Seel) e apresentação da Banda Fruta Quente. "É uma causa nobre, é preciso incentivar a população, muitas vezes esquecemos que um óbito pode ser o momento para dar vida, esperança a quem precisa", incentivou o corredor profissional, Eduardo Silva, 28 anos, que chegou em primeiro  lugar durante o percurso.