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ESTAÇÕES DISSEMINADORAS

Sespa inicia projeto inovador de combate ao mosquito da dengue

Estrutura, composta por plástico e larvicida, foi instalada em condomínios de Belém e Ananindeua

Por Roberta Vilanova (SESPA)
18/10/2019 12h41

Trabalho tem duração de um ano e está sendo desenvolvido em parceria com as secretarias municipais de saúdeA Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) iniciou, no mês de setembro, em um condomínio de Belém e outro de Ananindeua, o primeiro Projeto de Instalação de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDs) para combate ao mosquito da dengue.

Com duração de um ano, o trabalho está sendo desenvolvido pela Coordenação do Programa Estadual de Controle da Dengue e pela Divisão de Entomologia do Laboratório Central do Estado (Lacen-PA), com apoio das Secretarias Municipais de Saúde de Belém (Sesma) e Ananindeua (Sesau).

Segundo a coordenadora estadual de Controle da Dengue, Aline Carneiro, esse é o primeiro projeto feito por uma Secretaria de Saúde, já que estações disseminadoras têm sido elaboradas por instituições de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz, que instalou EDs em 17 estados, só que o Pará nunca foi contemplado.

Segundo a coordenadora da Sespa, Aline Carneiro, objetivo é diminuir os focos de mosquitos transmissores de doençasO objetivo é diminuir os focos de mosquitos transmissores da Dengue, Zica e Chikungunya, já que a estação ajuda a impedir que o mosquito nasça. “Não vamos interferir nas ações que já são realizadas hoje de combate ao Aedes aegypti. É uma ação complementar. Pois, no estado do Amazonas, por exemplo, que tem clima parecido com o nosso e que foi o primeiro estado a realizar o projeto há dois anos, houve uma redução de 85% no número de focos. Então, a gente acredita que dará certo”, disse a coordenadora.

Estratégia – As Estações Disseminadoras de Larvicidas são confeccionadas com um recipiente de plástico, um pedaço de pano, água e 5g do larvicida Pyriproxyfen. Em pó, é diluído na água até formar uma pasta para ser distribuída com um pincel homogeneamente sobre o pano que está preso ao redor da boca do recipiente com água.

A finalidade é que o mosquito, ao pousar no pano, fique com o produto nas patas, levando-o para os criadouros. Ele age sobre as larvas, que mesmo que cheguem à fase de pupa, não se transformam em adultos capazes de se reproduzir. Além disso, o Pyriproxyfen afeta o mosquito já complemente desenvolvido, diminuindo a sua capacidade de pôr ovos e fazendo com que dos que são postos, 80% não cheguem a se transformar em larva.

Auxílio

Para a realização do projeto, a Coordenação do Programa Estadual de Controle da Dengue escolheu o Condomínio Cidade Jardim II, na Rodovia Augusto Montenegro, em Belém, e o Condomínio Aspha Ville, em Ananindeua, onde puderam contar com a receptividade da administração dos locais e dos moradores, que participaram de uma reunião e assinaram um termo de adesão, autorizando a instalação da ED na residência.

Agentes de saúde serão multiplicadores e vão treinar outros que atuarão na expansão do projetoEra necessário que o condomínio não tivesse realizado nenhum trabalho de borrifação intra ou extradomiciliar com inseticida em um período mínimo de 30 dias.

Em cada condomínio, será instalada uma ED para cada dez imóveis, em ambiente de sombra e protegido da chuva, preferencialmente, em quintais, jardins, lavanderias, áreas de serviço, garagens e varandas. O principal cuidado é que fique longe de crianças e animais domésticos.

A verificação mensal das estações será feita por agentes de controle de endemias, acompanhados de um supervisor, que observa a quantidade de água de cada estação e de larvicida, e completa conforme a necessidade.

Fases – A primeira etapa, que foi finalizada na última quarta-feira (16), consiste do uso de armadilhas para coleta de ovos de mosquitos antes da instalação das EDs para comparação futura.

Coordenadora de Entomologia do Lacen-PA, Paoola VieiraA coordenadora de Entomologia do Lacen-PA, Paoola Vieira, informou que a coleta de ovos de Aedes vem sendo feita semanalmente para saber o número de mosquitos no local onde serão instaladas as EDs. “Hoje, foram retiradas as 45 armadilhas da terceira e última semana de coleta. Na próxima semana, começa a instalação das estações disseminadoras e, daqui a dois ou três meses, faremos nova coleta de ovos para saber se já houve impacto nos focos”, explicou.

No Condomínio Cidade Jardim II, as armadilhas foram colocadas e recolhidas por equipes de Endemias da Sespa e Sesma.

A estrutura é feita com um pequeno balde com água e uma palheta no interior, onde a fêmea do mosquito põe os ovos. Esses ovos vão para a Divisão de Entomologia do Lacen-PA para contagem e verificação se estão ou não infectados pelo vírus da dengue. 

O coordenador da equipe de Endemias da Sesma, Jovelino Silva, disse que os profissionais que participaram dessa etapa devem se tornar multiplicadores e treinar os agentes que atuarão na expansão do projeto. “O uso de estações disseminadoras é uma estratégia importante, principalmente, porque existem muitos imóveis fechados onde os agentes não têm acesso para eliminar os focos de mosquito”, justificou.

Participação – A subsíndica social do Cidade Jardim II, Andréia Rodrigues, disse que é gratificante para a Administração do condomínio poder participar de um projeto de natureza científica como esse. “É uma maneira de nós contribuirmos com o desenvolvimento de uma estratégia que vai ajudar a combater o mosquito, que causa várias doenças”.

A condômina Heloísa Santos Gaspar, que mora há sete anos no Cidade Jardim II, teve sua residência selecionada e apoia o projeto. “É importante porque há muito acúmulo de água em casas ainda desabitadas e em locais que a gente nem percebe”, disse a moradora.

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