Adepará fiscaliza terceiro período do Vazio Sanitário da Soja
O espaço de tempo que se caracteriza pela ausência completa de plantas vivas de soja, chamado de Vazio Sanitário, começou seu terceiro período nesta terça-feira (1°), no Pará, nos municípios de Tucuruí, Santarém, Almeirim, Óbidos e Castanhal. A medida, que segue até 30 de novembro, também alcança as zonas do Salgado e Bragantina, Belém, Cametá, Furos de Breves, Portel, Guamá, Tomé-Açu, Itaituba e Altamira (com exceção dos distritos de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra).
A medida fitossanitária, cujo cumprimento é fiscalizado por servidores da Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adepará), é colocada em prática para proteger plantações contra a ferrugem asiática da soja, doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, e que pode ocasionar até 70% de perda da safra. Em tempo: dentre todas as culturas desenvolvidas no Pará, a soja é uma das mais importantes para o agronegócio e das mais lucrativas para os produtores rurais.
"A soja foi, em 2018, o principal produto da pauta de exportação brasileira, atingindo o volume recorde de 1,4 milhão de toneladas, equivalente a, aproximadamente, US$ 568 milhões. No Estado, essa cultura já é o principal item da pauta do agronegócio, representando cerca de 25% do valor exportado pelo setor. E, para completar, no Pará, a soja cresceu e expandiu sua área cultivada, entre 2010 e 2017, de 85,4 mil para 500,4 mil hectares aproximadamente", explica o gerente dos Programas de Pragas de Importância Econômica da Adepará, Rafael Haber.
Essa fiscalização é feita por engenheiros agrônomos e fiscais estaduais agropecuários, que procuram, nas propriedades, se há pés de soja vivos e, caso sejam encontrados, solicitam aos produtores que os destruam, ficando passivos de multas. O sojicultor tem a obrigação de efetuar, em sua área de plantio, a eliminação das plantas de soja, cultivadas ou espontâneas, estejam elas em quaisquer fases de desenvolvimento, durante o período de Vazio Sanitário em sua região.
E, para que o Estado fortaleça ainda mais a sojicultura paraense, é fundamental que o produtor cadastre seus plantios na Adepará, no município em que trabalha, todo ano, a cada safra, de maior ou menor porte. Quem não cumpre a obrigatoriedade do Vazio Sanitário, está sujeito a notificação e autuação. As multas podem ser aplicadas no valor de 10.000 Unidades de Padrão Fiscal (UPFs). Já quem não cadastra seus plantios de soja, a penalidade é a partir de 67 UPFs. Cada UPF, no Estado, custa R$ 3,4617.
"O Programa Estadual da Soja começou em 2005, ainda de forma lenta, pois a soja não tinha a força que tem hoje no Estado. E, dois anos depois teve início o Programa Nacional Contra a Ferrugem Asiática da Soja. A obrigatoriedade do cadastro foi a partir de 2009, quando a fiscalização do Vazio Sanitário também foi incrementada", informa a responsável Técnica do Programa Estadual da Soja, Maria Alice Thomaz Lisboa.
Períodos
O polo da microrregião de Paragominas, no sudeste do Estado, e que abrange ainda os municípios de Dom Eliseu, Rondon do Pará, Ulianópolis, Goianésia do Pará, Bom Jesus do Tocantins e Abel Figueiredo, obedece o segundo período do Vazio Sanitário, entre 1° de setembro e 30 de outubro. Já o primeiro deles engloba os municípios de Conceição do Araguaia, Redenção, Marabá, São Félix do Xingu, Parauapebas, Itaituba e Altamira (exceto os distritos de Castelo dos Sonhos e Cachoeira da Serra), entre 15 de julho e 15 de setembro.
Ferrugem Asiática
A chamada ferrugem asiática tem nome científico Phakopsora Pachyrhizi e sua primeira aparição se dá através de pontos mais escuros no tecido das folhas. Em seguida, ela se torna amarelada e, por isso, é conhecida por "ferrugem". Se não for eliminada, os prejuízos na lavoura podem ser grandes. É necessário que a planta da soja esteja viva para que o fungo sobreviva e complete seu ciclo vital. A ferrugem asiática se espalha, principalmente, através do vento, mas sua disseminação só acontece quando atinge plantas vivas. Então o Vazio Sanitário, aplicado entre safras, reduz a incidência da doença nas lavouras.