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SETEMBRO AMARELO

Sespa alerta para a continuidade da prevenção ao suicídio

Por Roberta Vilanova (SESPA)
30/09/2019 16h36

Denominado Setembro Amarelo, o mês de prevenção ao suicídio termina, mas a sociedade deve permanecer alerta durante todo o ano para perceber sintomas e ajudar pessoas ao seu redor que estejam enfrentando sofrimentos capazes de levá-las a tirar a própria vida.

Kelly Albuquerque, coordenadora Estadual de Saúde Mental, da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), enfatiza a importância de as famílias buscarem ajuda na Rede de Atenção Psicossocial, por meio dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), nas suas diferentes tipologias, e Unidades Básicas de Saúde. Nos casos de emergência também podem recorrer às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e prontos socorros. A referência em Emergência em Saúde Mental é o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.

Os Caps oferecem o cuidado especializado, com equipe multidisciplinar capacitada para acolher toda a demanda de saúde mental e fazer os encaminhamentos necessários. Nos Caps, o usuário pode ir ou ser levado diretamente, sem encaminhamento.

Segundo Kelly Albuquerque, “diante de uma pessoa sob risco de suicídio faz-se necessário procurar imediatamente ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência. O assunto não deve ser reduzido a interpretações simplistas e preconceituosas. É um fenômeno multicausal, as marcas deixadas ao longo da história de vida de cada um precisa ser levado a sério. Falar sobre suicídio causa muito desconforto, mesmo entre profissionais da saúde, pois traz à tona medos, insegurança e angústias. Porém, colocar esse assunto em pauta é extremamente necessário”, reitera a coordenadora estadual.

Atendimento humano - Ela lembra ainda que, durante o mês de setembro, houve diversos eventos no Estado com a finalidade de desmistificar e conscientizar a sociedade sobre o tema. “Mais do que a sociedade geral, os profissionais de saúde também precisam refletir e discutir sobre o suicídio, a fim de fortalecer um atendimento mais humano e saudável a um paciente que tentou ou pensa no suicídio”, acrescenta Kelly Albuquerque.

Os dados estatísticos sobre suicídio continuam alarmantes no Brasil e no restante do planeta. De acordo com o Centro de Valorização da Vida (CVV), 32 brasileiros atentam contra a própria vida. A média brasileira é de seis a sete mortes por 100 mil habitantes, abaixo da média mundial, que está entre 13 e 14 mortes por 100 mil habitantes. Porém, o mais preocupante é que, enquanto a média mundial permanece estável, o número vem crescendo no Brasil, principalmente entre jovens de 15 a 25 anos.

A boa notícia é que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que haja condições mínimas para a oferta de ajuda profissional ou voluntária. O Ministério da Saúde, em conjunto com estados e municípios, busca identificar melhor as causas e qualificar os profissionais e as ações dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A qualificação permite uma melhor notificação das tentativas e óbitos por suicídio, orientação sobre o cuidado a pessoas que expressem a intenção de suicídio e a seus familiares, e organização dos fluxos assistenciais.

Solidariedade - No Brasil, o CVV atua na prevenção há mais de 50 anos e, neste ano, chegou a 110 postos de atendimento em todo o País, com mais de 3 mil voluntários. Quanto mais pessoas participarem das iniciativas, melhor para todos.

Conforme o CVV, a primeira medida preventiva é a educação. É necessário deixar de ter medo de falar sobre o assunto, derrubar tabus e compartilhar informações ligadas ao tema. Como já ocorreu no passado com as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e o câncer, a prevenção tornou-se, de fato, bem sucedida quando as pessoas passaram a conhecer melhor os problemas. Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio em todo o Brasil.

Causas e alertas - O suicídio não tem um único motivo. São diversas as razões que podem levar uma pessoa a se matar. É um conjunto de situações que leva a pessoa a pensar em um gesto extremo diante de pressões externas, como cobranças sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso e humilhação.

"Vou desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”, “É inútil tentar fazer algo para mudar; eu só quero me matar”, “Eu preferiria estar morto”, “Eu não posso fazer nada”, “Eu não aguento mais”, “Eu sou um perdedor e um peso pros outros”, “Os outros vão ser mais felizes sem mim”. Essas são algumas expressões de ideias ou intenções suicidas que devem chamar a atenção de familiares e amigos.

A orientação do CVV é que, ao se deparar com alguém nessa situação, o primeiro passo é perder o medo de se aproximar e oferecer ajuda. “A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Se um amigo se aproxima e pergunta 'tem algo que eu possa fazer para te ajudar?', a pessoa pode sentir abertura para desabafar. Nessa hora, ter alguém para conversar pode fazer toda a diferença. E qualquer um pode ser esse 'ombro amigo', que ouve sem fazer críticas ou dar conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir, respeitando o momento e a forma de pensar dessa pessoa.”

Serviço: o Centro de Valorização da Vida (CVV) atende pelo número 188, gratuitamente, em todo o Brasil (https://www.cvv.org.br/). Mais informações sobre o tema estão em http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio

Onde procurar ajuda:

Caps estaduais: http://www.saude.pa.gov.br/cidadao/hospitais/centros-de-atencao-psicossocial-caps/

Caps municipais (somente os de Belém)