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FEIRA PAN-AMAZÔNICA DO LIVRO

Conhecimento sobre céu dos indígenas brilha na Arena Multivozes

Por Tayná Horiguchi (COSANPA)
30/08/2019 23h58

No dia das Vozes Indígenas e Originárias, as estrelas foram tema de debate na mesa-redonda “Patrimônio e Memória: perpetuação, vivência e cultura”, na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes. A Doutora em Linguística Ivânia dos Santos Neves e a mestranda Matania Suruí falaram, na Arena Multivozes, sobre os estudos que fizeram em comunidades indígenas do Pará.

Mesa-redonda sobre o tema “Patrimônio e Memória: perpetuação, vivência e cultura”“O conhecimento sobre o céu, como qualquer conhecimento, é produzido pelas pessoas e as pessoas vão olhar para o céu a partir de sua cultura. A gente olha e vê as Três Marias e o Cruzeiro do Sul. As sociedades indígenas olharam e viram a floresta no céu. Claro que, hoje, se eles fossem chamar essas constelações, elas teriam outro nome. Mas o fato de elas permanecerem com nomes antigos, mostra a força desse conhecimento, dessa tradição. Atravessaram séculos, e estão aqui”, explicou Ivânia Neves.

A professora informou ainda que as “Três Marias” são o cinturão da constelação de Orion, um guerreiro da mitologia grega. Mas, entre os Suruí-Akewara, as mesmas estrelas são conhecidas como a constelação da Cutia, definição que a mestranda Matania Suruí, da aldeia Sororó, conhece desde criança. Pela primeira vez, ela teve a oportunidade de falar sobre a cultura dos Suruí em uma feira literária.

A aldeia Sororó fica às margens da Rodovia BR-153, entre os municípios de São Domingos do Araguaia e São Geraldo do Araguaia, no sudeste do Pará. A professora trouxe para o debate o tema de uma pesquisa que fez sobre o ritual denominado “Karuwara”, realizado a cada quatro anos em sete aldeias da tribo Suruí-Akewara para abençoar as colheitas e garantir fartura na alimentação. 

A doutora em Linguística Ivânia dos Santos Neves e a mestranda Matania Suruí mostraram o trabalho com os indígenas'Cultura do próximo' - “Eu achei muito importante estar aqui falando, porque muita gente não conhece a cultura do indígena, e muitos criticam sem conhecer e ainda nos discriminam. É importante conhecer a cultura do seu próximo para ter noção e poder falar. Não adianta você julgar sem conhecer”, frisou Matania Suruí.

Quem participou da roda de conversa aprendeu um pouco mais sobre as estrelas e também sobre a cultura indígena, que, assim como os astros do firmamento, às vezes parece tão perto de nós, mas em outros momentos parece muito distante. “Acho de suma importância, não só pela conjuntura atual. Muito além disso, acho que é colocar a gente no percurso da história para entendermos que tem que respeitar, aprender o quanto de herança a gente tem e quão temos que aprender com os verdadeiros povos e donos da terra. O que elas falaram aqui promoveu para mim novos pensamentos e questionamentos. Vou levar para os meus alunos”, garantiu a professora de História Glaucia Batista, estudante de Museologia.

A 23ª Feira do Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes prossegue até domingo (1º de setembro), com uma programação intensa de palestras, mesas-redondas, conferências, atrações culturais e muito aprendizado de diferentes vozes, talentos e experiências.