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Papo Cabeça debate conexões e criatividade da Mulher na Amazônia

Por Luiz Flávio (PRODEPA)
29/08/2019 12h39

“Onde uma mana chega, é tudo certo, é tudo nosso!” Foi com esse espírito afirmativo e de emponderamento feminino que a mediadora Joyce Cursino introduziu, na manhã de hoje, na Arena Multivozes, o tema “Mulheres em Conexão: o pulsar criativo na Amazônia”, dentro do projeto “Papo Cabeça” na programação da 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes” no Hangar Centro de Convenções da Amazônia.

Durante quase duas horas, Maynara Santana, idealizadora do Espaço Art Ato em Belém e Ana Suav, rapper paraense, debateram o papel da mulher – sobretudo a mulher negra - na Amazônia e de que forma ela pode ocupar seu papel de protagonismo na vida e na sociedade.

E nada melhor para o debate que a Arena Multivozes, espaço dedicado aos temas da feira e literatura onde estão acontecendo debates, palestras e encontro literário. É o centro pulsante da feira, sempre valorizando as produções paraenses. Cada dia da feira será dedicado “a uma voz”, onde os temas debatidos serão voltados à ela.

 Além de MC, Ana Suav é jornalista, poeta e empreendedora. É manauara de nascimento, mas já está há 3 anos radicada no Estado do Pará buscando, segundo ela, um local e um espaço na cultura hip-hop”. Para ela as mulheres precisam fazer uma contra narrativa: “Falam muito de negros, de favelados, mas não de nós, mulheres”, criticou.

 Suav fez várias intervenções artísticas em sua apresentação. Em maio deste ano, lançou o single “Madalena” em parceria com a rapper amapaense MC Deeh. O trabalho fala sobre o empoderamento de mulheres, fazendo alusão ao julgamento histórico vivido por elas, citando a representação bíblica de Madalena. Faz também uma crítica ao machismo.

Maynara Santana acredita no potencial do empreendedorismo criativo, junto à transformação social. Para ela, a economia criativa será a terceira guinada da humanidade. Virá como a solução/alternativa depois que a ganância do capital exaurir todos os recursos naturais.

”Acredito no meu potencial de transformação, aliei o empreender criativo às minhas bandeiras de luta. Não é fácil ser mulher, negra, jovem e sonhadora, num meio onde as regras decretam o meu fim. No entanto, eu sigo. Mais que acreditando, sigo protagonizando as mudanças que irão possibilitar a dignidade e autoestima dessa juventude”.

Com um discurso forte e de conscientização de classe e de gênero, Joyce Cursino buscou a todo momento interatividade com a plateia, fazendo muitas perguntas e reflexões. “Precisamos de mais expansão e conexão entre nós, mulheres. Mulheres são potentes e protagonistas. Sempre”, assegura.

A empreendedora Lonena Saavedra também foi convidada a participar do debate contando um pouco da sua experiência de vida e de trabalho e como mulheres podem alcançar o sucesso que, segundo ela, não depende de dinheiro. “Sucesso não é o que conseguimos materialmente na vida, mas sim o poder que alcançamos para transformar as coisas”, rebateu.

A plateia, majoritariamente formada por estudantes, gostou muito do debate. “Aprendemos muito aqui, hoje. Sou estudante, mulher, adolescente e negra que estou começando a minha vida e as reflexões colocadas, aqui, serão muito importantes para a minha vida daqui para a frente”, afirma Adrielle Costa, de 17 anos, que cursa o convênio na Escola Madre Celeste.

“Esse debate também é importante para nós, homens, que muitas vezes maltratamos e discriminamos as mulheres apenas por serem mulheres. As colocações que fizeram aqui hoje me esclareceram demais”, garante Wesley Conceição, também de 17 anos, que cursa o Ensino Médio na Escola Estadual Barão de Igarapé Miri.