Estado e Prefeitura de Belém qualificam batedores de açaí
Há quatro anos, Marcos Davi, de 42 anos, sustenta sua família por meio de um ponto de venda de açaí, no bairro do Barreiro, em Belém. O negócio começou pequeno, com apenas uma despolpadeira, mas hoje, Marcos já conta com duas máquinas, que conseguem processar cerca de 20 baldes do fruto por dia, e gerencia quatro funcionários em seu estabelecimento. Essa expansão fez com que ele buscasse qualificação para garantir a qualidade do produto vendido, por isso ingressou na turma piloto do curso “Boas Práticas para Manipulação e Higienização do Açaí”.
O curso, que terminou em julho deste ano, foi promovido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), dentro do Programa Pará Profissional, e contou com a parceria da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Economia (Secon), e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Abri o negócio sem ter qualificação alguma para exercer a função de batedor de açaí. Quando soube da capacitação, fiz com que a minha família toda participasse do curso e ele foi o ponto forte na nossa vida, pois aprendemos as práticas adequadas para a manipulação do fruto, inclusive a técnica do branqueamento”, relata Marcos Davi.
Ao todo, 27 batedores da Região Metropolitana de Belém participaram da capacitação, porém, muitos deles não possuem a máquina de branqueamento do açaí, que possibilita a eliminação de microorganismos que causam doenças, em especial a de Chagas. Para tentar viabilizar essa necessidade tecnológica, a Sectet convidou o Núcleo de Gerenciamento de Microcrédito (Credcidadão) para apresentar as linhas disponíveis para que os concluintes do curso possam adquirir o equipamento e garantir a qualidade do produto à sociedade paraense.
A apresentação foi realizada na tarde desta terça-feira, dia 1º de agosto, na sede da Sectet, e contou com a participação do secretário municipal de Economia, Mário Freitas; da diretora geral do Credcidadão, Maria Alves dos Santos; além dos concluintes do curso. “Para dar prosseguimento ao Pará Profissional, precisamos de boas parcerias e união de políticas de Estado. Casar o Credcidadão a um curso de formação profissionalizante traz um resultado muito maior do ponto de vista social e econômico, pois os egressos podem tirar real vantagem dos cursos ofertados”, pontuou o titular da Sectet, Alex Fiúza de Mello.
Oportunidades
A diretora geral do Credcidadão, Maria Alves dos Santos, explicou que a instituição possui uma linha especial para atender batedores de açaí do Estado, a qual disponibiliza até 8 mil reais para aquisição de equipamentos e insumos. O empreendedor tem até 30 meses para pagar o crédito cedido e a taxa de juros é de 0,5% ao mês. Para requisitar o crédito, o empreendedor precisa estar vinculado a uma entidade/associação representativa da categoria e o plano de negócios é discutido e elaborado junto com o Credcidadão.
“Não podemos correr riscos em uma cadeia produtiva tão importante para o Estado. Parabenizo a Sectet e a Prefeitura de Belém pela iniciativa de promover esse curso e por estimular a busca por qualidade em nossos insumos. Certamente é uma iniciativa para se tornar exemplo para a expansão e ao melhoramento de outras cadeias produtivas estratégicas”, afirmou Maria Alves dos Santos.
O Credcidadão se prontificou a recepcionar o pleito dos egressos do curso à linha de crédito. Eles irão à sede do Núcleo no dia 8 deste mês, para iniciar as proposições. “O Pará Profissional é um instrumento de transformação que abre portas para muita gente que estava à margem do progresso da atividade econômica. Estamos muito felizes em fazer parte do programa e felizes pelo auxílio do Credcidadão, que só fez engrandecer essa iniciativa”, concluiu o secretário municipal de Economia, Mário Freiras.
Pará Profissional
O programa Pará Profissional foi instituído pela Lei no 8.427, de 16 de novembro de 2016, descrito como um dos principais instrumentos de superação das desigualdades interregionais, com a finalidade de ofertar educação profissional e tecnológica nas diversas modalidades, a fim de consolidar, ampliar e verticalizar as cadeias produtivas aos eixos prioritários de desenvolvimento no Estado. A coordenação do programa foi determinada à Sectet.