Projeto da Ferrovia Paraense ganha apoio da Embaixada sul-coreana
O embaixador da Coréia do Sul no Brasil, Jeang-gwan Lee, conheceu nesta terça-feira, (8) o projeto da Ferrovia Paraense e garantiu que vai buscar apoio junto ao governo de seu país para o empreendimento.
“Não consigo imaginar a não participação da Coréia em um projeto como esse, de tal magnitude e importância”, disse o embaixador ao secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do Pará, Adnan Demachki. Os dois se encontraram na Embaixada da Coréia do Sul, em Brasília, na presença do presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec), Olavo das Neves, e do consultor Frederico Bussinger.
A apresentação do projeto aos coreanos foi estratégica. Em uma pequena península de pouco mais de 100 mil km², os coreanos fazem um enorme investimento em linhas férreas, se especializando principalmente no transporte de passageiros. A grande quantidade de linhas de trem torna desnecessárias as viagens de avião dentro do país.
No Brasil, a Coréia do Sul já tem projetos nas áreas de tecnologia, como o Centro de Cooperação em Tecnologia da Informação e Comunicação (CCTIC), localizado no município mineiro de Santa Rita do Sapucaí, e uma usina siderúrgica em Pecém, no estado do Ceará.
Na área de transportes, os coreanos chegaram a participar de projetos para a construção de um TAV (Trem de Alta Velocidade) na região sudeste do Brasil, mas a ideia não teve continuidade.
“Vemos que o projeto da Ferrovia no Pará é diferente”, disse o embaixador. “É bem estruturado, bem pensado em muito importante sob vários aspectos”, afirmou Jeang-gwan. “O governo do Pará se antecipou, garantindo licenciamentos e, o principal, cargas de grãos e minérios, que tornarão a ferrovia economicamente viável”, concluiu.
“Tão importante quanto um bom projeto é buscar investidores para ele”, disse Demachki. “Já estivemos na embaixada da China e agora viemos à representação diplomática da Coréia do Sul, que tem grande interesse em investir no Brasil, trazendo sua experiência em ferrovias para o nosso país. Passamos dois anos e meio trabalhando no projeto da Ferpasa, já construímos parcerias com a Vale e com a Norsk Hydro para garantir cargas mínimas que a viabilizem, agora estamos buscando investidores”, afirmou Adnan.
Senadores conhecem projeto da ferrovia
Da embaixada sul-coreana, o secretário Adnan Demachki foi ao Senado Federal, onde participou de audiência pública na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado. O ministro dos Transportes, Maurício Quintella, foi convidado a participar do encontro para debater a situação de obras de melhoria e ampliação de portos e ferrovias.
Durante a audiência, o secretário e o senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA), falaram ao ministro e aos senadores sobre a importância da Ferrovia Paraense para o desenvolvimento do país no transporte de grãos e minérios. Em seguida, um vídeo com detalhes do projeto foi exibido aos senadores.
A ferrovia
A Ferrovia Paraense deverá cortar a porção oriental do estado de sul a norte em 1.316 quilômetros, devendo se conectar com a Ferrovia Norte-Sul, permitindo que esta chegue até o Porto de Barcarena, que no Brasil é o mais próximo dos grandes mercados consumidores como China, Europa e Estados Unidos.
O custo do projeto é estimado em R$ 14 bilhões, considerando investimentos na construção da própria ferrovia e de entrepostos de carga. O licenciamento ambiental está sendo conduzido por órgãos estaduais, com chance de o vencedor do certame assinar o contrato de concessão já com a licença em mãos, e também foi feito um mapeamento de desapropriações de 770 imóveis ao longo da ferrovia.
A possibilidade de coligação da Ferrovia Paraense com a Norte-Sul, num trajeto de apenas 58 quilômetros entre Rondon do Pará (PA) e Açailândia (MA) - trecho final da Norte-Sul - abre caminho para uma nova alternativa de escoamento de carga em um porto paraense, e é um dos atrativos do projeto para a iniciativa privada.
A Ferrovia Paraense cruzará 23 municípios paraenses e terá capacidade de carga de até 170 milhões de toneladas/ano.