Exames neonatais são fundamentais para a saúde do bebê
Como a maioria das mães, Deiseane Oliveira, 32 anos, chorou junto com o seu bebê durante a realização do teste do pezinho. Através do sangue retirado do pé do recém-nascido, é possível detectar doenças do metabolismo.
Deiseane teve os três filhos na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, que realiza o teste do pezinho e outros exames neonatais fundamentais para prevenir doenças em potencial.
“A cada filho que tenho, os testes vão aumentando, mas sei da importância de cada um deles”, disse a mãe.
Os exames - Ao nascer, o bebê passa por uma triagem para a sífilis, através da retirada do sangue do cordão umbilical. Em 24 horas sai o resultado. Depois, o bebê recebe as vacinas BCG e Hepatite. E em seguida, são realizados os testes de triagem neonatal. Esses exames são importantes porque muitas doenças só vão apresentar sinais com alguns meses de vida, ou seja, elas passam silenciosas e a mãe pode perder um tempo precioso sem tratar os recém-nascidos. Por isso, os pais precisam ficar atentos a cinco exames básicos neonatais, na maioria das vezes realizados na própria maternidade, nas primeiras 48 horas de vida do bebê. São eles:
Teste da linguinha - É realizado por um fonoaudiólogo para verificar se o freio lingual do bebê é curtinho (língua presa). O teste é necessário para verificar se o bebê vai ter dificuldade de sucção na hora da amamentação e consequentes problemas na fala. Caso positivo, o bebê é submetido a uma cirurgia simples na própria maternidade, feita pelo especialista. O teste é realizado tanto na Santa Casa quanto no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, duas referências neonatais do Governo do Estado.
Teste da orelhinha - Através de estímulos otoacústicos, esse teste detecta a perda auditiva precoce da criança. O teste leva apenas 10 minutos para ser realizado, não tem contra-indicação e não incomoda o bebê. É realizado também na Santa Casa e no Hospital de Clínicas.
Teste do olhinho - Teste do reflexo vermelho. Através de um oftalmoscópio, o pediatra diagnostica doenças como
catarata congênita, retinoblastoma e ainda tumores cerebrais graves que podem ter um diagnóstico precoce. O exame consiste na emissão de um feixe de luz do oftalmoscópio (lanterninha). É indolor, não utiliza colírios e é rápido. É realizado no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.
Teste do coraçãozinho - Precisa ser feito até 48 horas de vida para detectar precocemente cardiopatias congênitas. O teste foi transformado em lei há três anos, depois de um protocolo da Sociedade Brasileira de Cardiologia junto com a Sociedade Brasileira de Pediatria.
O exame é realizado com um aparelho chamado oxímetro. É simples, indolor e rápido. “A gente mede a oxigenação na mão direita do bebê e em um dos pezinhos. Essa oxigenação precisa estar acima de 93%. Quando ela dá abaixo disso e a diferença entre mão e pé é superior a 3%, existe a possibilidade de o bebê ter uma cardiopatia. Diante dessa possibilidade, a gente pede um eletrocardiograma, e se confirmada a cardiopatia, o bebê é encaminhado à UTI para o devido tratamento”, explica Elaine Figueiredo, coordenadora de neonatologia do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.
Com uma média de 120 partos por mês, o HC é uma das referências neonatais do Estado na capital e oferece gratuitamente o teste do coraçãozinho, assim como os da orelhinha, linguinha e olhinho. “Esses exames são 100% eficazes. E é fundamental que a gente possa os realizar na nossa assistência, porque a gente com certeza evita doenças que têm tratamento”, reforça Elaine Figueiredo.
Teste do pezinho - Serve para detectar doenças metabólicas e genéticas no recém-nascido, e deve ser coletado até o sétimo dia de vida, com agendamento na Santa Casa de Misericórdia do Pará, nos postos de saúde ou clínicas particulares. “A importância do teste do pezinho e de outros exames neonatais é triar doenças mais graves, para que você possa intervir de alguma forma. As mães ficam angustiadas, mas elas entendem a necessidade”, disse Luciana Ataíde, médica neonatal da Santa Casa.
Todos os resultados são imediatos, exceto o teste do pezinho que sai depois de 15 dias. De posse desse resultado, a mãe leva a um posto de saúde próximo de casa para fazer o devido acompanhamento.
Da aflição ao alívio - O teste do pezinho é o único que causa dor no bebê, pela retirada de sangue. Rafaela Santos, 20 anos, mãe de primeira viagem da pequena Hannah, já se prepara psicologicamente para o momento. O carinho dispensado à filha no Hospital das Clínicas, onde nasceu, deixa a mãe menos nervosa. Dois dias depois do nascimento, o bebê de Rafaela realizou, com sucesso, antes de ir para casa, os testes do olhinho e coraçãozinho.
Hannah chegou dormindo, mas durante a realização dos exames acabou chorando. Rafaela ensaiou a aflição, mas logo as médicas providenciaram a solução relaxante para o bebê: gotas de glicose na ponta dos dedos a serem sugadas. “Os médicos foram todos muito atenciosos, me acalmaram bastante. E depois desses exames, eu e minha filha estamos voltando para casa tranquilas, sabendo que agora está tudo bem”, disse a mãe.