Equipes de busca localizam mais onze corpos de vítimas de naufrágio no rio Xingu
As equipes que trabalham nas buscas das vítimas do naufrágio da embarcação "Capitão Ribeiro" localizaram mais onze corpos na manhã desta quinta-feira, 24, o que aumenta o número de vítimas fatais para 21. Outras 23 pessoas foram resgatadas com vida e prosseguem as buscas a cinco desaparecidos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, os corpos foram achados flutuando, a uma distância de cerca de quatro quilômetros do local onde ocorreu o acidente com a embarcação, que saiu de Santarém e seguia para Vitória do Xingu.
A previsão é de que os corpos cheguem por volta do meio dia em Porto de Moz. Assim que chegarem à cidade serão levados para o ginásio municipal, onde os peritos do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” iniciarão o trabalho de identificação, seguido de reconhecimento por parte dos familiares e liberação.
Já foram liberados na noite de quarta-feira, 23, os corpos das nove vítimas identificadas do naufrágio, ocorrido na noite de terça-feira (22), no rio Xingu, entre as cidades de Porto de Moz e Senador José Porfírio, no sudoeste paraense. O Corpo de Bombeiros e Defesa Civil estadual coordenam as ações de busca, salvamento e atendimento social na sede da Câmara Municipal de Porto de Moz, onde foi instalado um gabinete de crise com a presença das forças de segurança estaduais, poder executivo municipal e demais órgãos envolvidos na operação de resgate às vítimas do naufrágio.
A identificação dos mortos está sendo feita no ginásio municipal Chico Cruz. Uma equipe de oito profissionais - entre peritos, médico e auxiliares - do Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” de Belém e de Altamira atua no trabalho. Com o apoio da Prefeitura de Porto de Moz foi montado um atendimento padrão para “desastres em massa”.
Os mortos identificados são de Luciana Pires, de 28 anos; Neiva Romano, 18; Maria Duarte, 57; Aurilene Sampaio, 36; Lucivalda Marques Oliveira, 41; Roseane dos Santos Leite, 25; W.L.O , 56, de Santarém; Orismar Miranda, 61, e S.H.S.S (1 ano) provenientes da cidade de Altamira. O CPC liberou os corpos com a expedição da declaração de óbito para os familiares. O corpo de um homem, conhecido como Sebastião, a décima vítima, ainda aguarda, oficialmente, pelo reconhecimento da família.
“Fizemos entrevistas com os familiares a fim de identificar características das vítimas para ajudar no reconhecimento. Contudo, a liberação está sendo agilizada”, disse o perito Felipe Sá, coordenador das unidades regionais do Centro de Perícias.
Operação e sala de gerenciamento
A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social deslocou três aeronaves do Grupamento Aéreo para a cidade de Porto de Moz, sendo dois aviões e um helicóptero (EC 145). As equipes enviadas são compostas por mergulhadores do Corpo de Bombeiros, integrantes dos Grupamentos Aéreo de Segurança Pública (Graesp) e Fluvial (GFlu), além de peritos e representantes da Defesa Civil estadual e municipal. Uma balsa e embarcações da Prefeitura de Porto Moz, além de lanchas do Corpo de Bombeiros, estão sendo utilizadas na operação. O helicóptero do Graesp está apoiando as ações na área de buscas.
De acordo com o Corpo de Bombeiros/Defesa Civil, a embarcação, com capacidade para 90 a 100 passageiros, foi ancorada às proximidades da margem com o apoio de uma balsa da prefeitura, o que deve facilitar as ações da manhã. Técnicas da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) já acompanham e realizam o atendimento psicossocial dos familiares. “Cada órgão, seja estadual ou municipal, teve atuação no atendimento ao desastre. Contudo, o Estado deu o apoio à prefeitura e aos moradores de Porto de Moz, e utiliza a experiência de ter atuado em situações similares”, explicou a titular da Seaster, Ana Cunha.
A Segup também disponibiliza aos familiares das vítimas do naufrágio que ainda estão desaparecidas o número da sala de situação montada em Porto de Moz para maiores informações: (093) 3793-1504
Investigação e tromba d’água
A Polícia Civil já ouviu integrantes da tripulação e sobreviventes. O dono da embarcação será ouvido ainda até o final da tarde desta quinta-feira, mas já informou que 48 pessoas, entre tripulação e passageiros, estavam a bordo. De acordo com o delegado de Porto de Moz, Elcio de Deus, muitos sobreviventes afirmaram que a embarcação foi atingida por uma tromba d’água – fenômeno similar a um tornado.
“A tripulação disse ter visto, no horizonte, algo com o formato de um funil, acompanhado de muita chuva e vento forte, e que teria pego o barco pela popa e o afundado. De acordo com os relatos a embarcação girou e afundou em seguida”, informou o delegado.
A Polícia Civil deve solicitar informações à Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon) e à Capitania dos Portos sobre a autorização concedida ao dono da embarcação “Capitão Ribeiro”. A Arcon já informou que a embarcação, que pertence à empresa Almeida e Ribeiro Navegação Ltda, não estava legalizada para fazer o transporte de passageiros, por não se encontrar registrada na agência.
A empresa Almeida e Ribeiro Navegação LTDA havia sido notificada (veja documento ao lado) pelos fiscais da Arcon durante operação realizada no dia 5 de junho deste ano, mas nenhum representante da empresa compareceu à agência para regularizar a situação.
Em carta aberta, governador lamentou o acidente e pediu desempenho máximo das forças do Estado
O governador do Pará, Simão Jatene, divulgou na manhã desta quinta-feira uma mensagem de pesar pelo episódio ocorrido no rio Xingu em que se solidariza com os familiares das vítimas fatais e com os sobreviventes. “Só com muita fé, a ajuda e o amor dos mais próximos essa perda poderá ser superada. Aos familiares das vítimas que ainda estão desaparecidas, deixo não apenas minha crença e esperança de que sejam resgatados com vida, mas também a determinação e a orientação repassada aos órgãos do Estado para que não poupem esforços nas buscas pelos sobreviventes”, declarou o governador.
E também destacou o esforço conjunto que vem sendo feito desde o primeiro momento, envolvendo diversos órgãos e secretarias do Estado, para apoiar a Marinha do Brasil nas buscas pelos passageiros que ainda estão desaparecidos, bem como para a necessária prestação de auxílio, inclusive psicológico, aos familiares das vítimas.
“É neste momento, porém, que a sociedade acaba demonstrando toda sua natureza solidária – seja no auxílio nas buscas, no apoio às vítimas ou mesmo no conforto de uma palavra amiga ou na fé através de oração. Sem dúvida, cada gesto e atitude como esta tem sua importância e seu valor e, como paraense, agradeço a solidariedade que vem de todos os cantos para nossa gente.”
Durante toda a última quarta-feira, entre as reuniões previstas na agenda de trabalho, o governador manteve contato com os agentes que estão coordenando os trabalhos na região de Porto de Moz, reforçando a necessidade de que não se meçam esforços para prestar o melhor auxílio e atendimento às vítimas e familiares no que ele definiu como “um momento dramático”.