Detentos são certificados em curso de capacitação do Senai
Um grupo de 80 internos do Centro de Recuperação Feminino e da Central de Triagem Metropolitana II de Ananindeua participaram, na manhã desta quarta-feira (17), da certificação do curso de Operador de Computador, promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em parceria com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe).
O curso teve carga horária total de 160 horas e foi realizado dentro da Unidade Móvel do Senai, que ficou instalada de setembro de 2018 a fevereiro de 2019 no Complexo Penitenciário de Ananindeua. Os alunos aprenderam sobre a parte operacional do sistema, além de conceitos de mercado e empreendedorismo.
"É uma satisfação qualificarmos os internos do sistema penal. A maioria dos alunos das turmas são jovens que necessitam de profissionalização para alcançar oportunidades melhores no mercado de trabalho. Este curso abrange não só a parte do sistema operacional, mais também o sistema de integração social, oferecendo aos alunos visão de mercado, empreendedorismo e relação interpessoal", explicou o coordenador das Unidades Móveis do Senai, Ivan Lopes.
As unidades são estruturadas com notebooks, mesas, cadeiras, quadro magnético e data show. As aulas foram divididas por módulos. No básico, os internos aprenderam desde noções de sistema operacional, memória, placa mãe, hard drive até a criação de documentos e planilhas. Já o módulo avançado, elas tiveram treinamentos para a produção de slides, praticas de digitação e navegação na internet.
A interna Sara Gonçalves, 26, custodiada no CRF de Ananindeua foi destaque da turma e apresentou um trabalho falando sobre a "Ressocialização no Cárcere". O projeto da reeducanda obteve a melhor média, sendo escolhido para ser apresentado aos alunos da Universidade Uninassau, em Belém.
"O trabalho de conclusão de curso foi o de criar uma apresentação utilizando todas as ferramentas que nos apresentaram no curso de computação. Decidi falar sobre 'Ressocialização no Cárcere' e os professores gostaram bastante. Doi dai que surgiu a ideia da direção da casa penal de me levar para apresentar aos alunos de uma universidade. Jamais imaginei que chegasse tão longe”, disse Sara.
Fábio Lobo, 38, custodiado na Central de Triagem Metropolitana II, nunca havia feito um curso de computação antes. Para ele, a conclusão desperta esperança e novas expectativas de trabalho quando sair da prisão. "Foi muito gratificante participar desse curso. Trabalhava como mototáxi, não tinha condições de aprender informática. Com essa oportunidade já vou poder me candidatar para uma vaga melhor de emprego", afirmou o interno.
Custoadiados – Atualmente, mais de 2 mil detentos custodiados pela Susipe estão envolvidos em alguma atividade educacional, destes 300 são mulheres inseridas em algum tipo de atividade educacional.
O Pará tem hoje 557 mulheres em situação de privação de liberdade e um índice de reicidencia abaixo dos 20% entre os internos que realizan atividade de educação e trabalho dentro do cárcere.
Para a gerente de Educação Profissionalizante da Susipe, Nayana Tulio, a educação é um caminho fundamental para evitar a reincidência no crime. "Para nós é motivo de muito orgulho e satisfação dentro de um universo tão grande, com tantos desafios e barreiras, como o do sistema prisional, certificar 80 internos. É um passo importante, para diminuirmos o índice de reincidência desses apenados. A educação e o trabalho tem um papel importantíssimo nesse processo, por isso nossa meta é manter as parcerias e criar projetos que incentivem a inserção dos presos nessas atividades”, reiterou.
Ressocialização – O diretor de Administração Penitenciária da Susipe, Ten. Cel. Janderson Paixão, representou o secretário Extraordinário para Assuntos Penitenciários, Jarbas Vasconcelos, na certificação, e falou sobre a importância do Estado em dar condições de trabalho e educação para a reinserção social dos presos.
Para ele, a Susipe é a ponta do processo de custódia de quem está privado de liberdade, com o papel é de agregar valores a essas pessoas. “Não estamos aqui somente para guarda-los até o cumprimento de suas penas, mas, principalmente, para resgatar esses homens e oferecer capacitação e condições de educação e trabalho, através de parcerias e instituições de credibilidade, como o Senai, que dá validade a esse processo, oferecendo assim melhores oportunidades para a entrada no mercado de trabalho quando saírem do cárcere", finalizou o diretor.
O Senai possui mais de 400 unidades móveis em todo o País, que vão não só às instalações de empresas industriais que contratam os cursos, como também a comunidades nos mais distantes pontos em que não há escolas fixas, por exemplo. Os cursos oferecidos nas unidades móveis são, prioritariamente, de curta duração, de 40 a 160 horas, para áreas como panificação, confecção, soldagem, usinagem CNC, automação, mineração, construção civil e nanotecnologia. Com estrutura e equipamentos modernos, têm como principal característica a flexibilidade para levar os cursos a qualque lugar, como por exemplo, os presídios.
Texto: Walena Lopes