Serviços de saúde e cidadania beneficiam presos monitorados e familiares
A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) promoveu, na manhã desta sexta-feira (12), a ação Saúde e Cidadania, por meio do Núcleo Gestor de Monitoração Eletrônica (NGME). Detentos que cumprem pena no regime aberto, com uso de tornozeleiras eletrônicas, receberam serviços de saúde, além de emissão de documentos. A ação, que atendeu mais de 200 monitorados e seus familiares, contou ainda com uma programação educativa e palestras sobre prevenção de doenças e direitos e deveres.
Para a psicóloga do NGME, Ivana Peixoto, o evento foi planejado para resgatar a cidadania dos detentos e seus familiares. “É uma ação psicossocial e de saúde, porque sabemos que eles têm muita dificuldade no acesso a esses serviços, principalmente quanto à emissão de documentos", explicou.
A programação contou com vacinação contra os vírus Influenza e de hepatites, testes rápidos de HIV, aferição de pressão arterial e teste de glicose. Os detentos e seus familiares também tiveram acesso a vários documentos, como carteira de identidade, certidão de nascimento e carteira de trabalho.
Iraneide Cristina, uma das beneficiadas, está em busca de emprego. Ela tirou a carteira de trabalho e está confiante em uma recolocação no mercado de trabalho. “Progredi de pena no mês passado e passei pro monitoramento. Essa ação é importante, porque somos muito discriminados ainda. Estamos pagando pelo que fizemos, e ninguém quer nos acolher, nos dar uma oportunidade de emprego. Vim emitir meu documento para voltar a trabalhar e me tornar uma cidadã digna para a sociedade", disse.
Já o monitorando Dilermando Tavares aproveitou a ação social para tirar a carteira de identidade e reconquistar a condição de cidadão. “Só queremos uma oportunidade. Mas pra quem sai da prisão ainda é muito difícil, principalmente sem documentação. Com os documentos, pelo menos podemos buscar dignamente um trabalho, como qualquer cidadão”, acrescentou.
Direitos - O defensor público José Arruda também participou da ação promovida pela Susipe, ministrando a palestra "Direitos fundamentais do cárcere: cidadania e saúde”, na qual fez uma análise sobre os direitos constitucionais dos detentos, que, segundo ele, algumas vezes são violados. "Precisamos falar sobre a dificuldade que se enfrenta hoje no País. Porque os direitos humanos não estão sendo observados, apesar de pertencerem à consciência coletiva. É importante fazermos uma reflexão a respeito dessa questão, e como as pessoas e o Estado civil podem contribuir com isso", acentuou.
Atualmente, o NGME monitora 2.015 detentos. O preconceito ainda é grande com aqueles que buscam uma segunda chance. “Na maioria das vezes, os detentos estão sem documentação ou com várias moléstias, adquiridas durante o cárcere. Nossa ação visa possibilitar assistência à saúde e garantir cidadania a quem precisa. É gratificante ver a felicidade deles ao conseguir um documento, como um pai que nunca pôde receber a visita do filho porque o menino não tinha certidão de nascimento. Agora ele tem, e está muito grato. Pretendemos fazer a ação mais vezes", frisou o diretor do NGME, Robervaldo Araújo.
O evento contou com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Defensoria Pública e Escola Superior da Amazônia (Esamaz).
A programação foi encerrada com sorteios de cestas básicas para os monitorados e seus familiares, corte de cabelo feminino e masculino e entrega de kits de higiene. (Por Vanessa Van Rooijen).