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Bolsa transforma a vida e abre caminhos de graduandos da Uepa

Por Redação - Agência PA (SECOM)
05/04/2019 10h06

“A pedagogia é como um bote salva-vidas para mim”. É assim que Sara Oliveira, 22, vê o curso que escolheu quando prestou vestibular para a Universidade do Estado do Pará (Uepa), em 2015. Porém, embora o sonho de ingressar em uma instituição pública de ensino superior tenha sido alcançado, se manter como estudante e investir na própria educação é um desafio diário, devido às condições financeiras de sua família.

Pensando nela e em discentes na mesma situação, a Uepa criou, em 2009, a bolsa de apoio socioeconômico. A verba, no valor de R$ 350, possibilita que os alunos beneficiados custeiem apostilas, transporte e outros gastos necessários para manter a frequência e a qualidade do aprendizado na universidade.

Para receber a bolsa, é preciso comprovar a baixa renda da família e participar de atividades na instituição de ensino. Pode parecer pouco, mas, para Sara e sua mãe, Izidete Oliveira, 45, a ajuda mudou a vida da família, abrindo caminho para novas possibilidades.

Inscrições para 2019 seguem até 19/04. Veja como participar

“Para mim, o mais importante dessa bolsa foi a viagem que ela fez para Salvaterra. Ela nunca tinha participado de nenhum encontro com outros estudantes de pedagogia porque não tínhamos condições”, disse a mãe. Izidete conta que a família vive da agricultura e que Sara, que antes ajudava no campo, será a primeira da casa a ter nível superior.

A jovem lembra que passou na repescagem e que esperava ansiosamente pelo resultado. Porém, quando iniciou o curso, surgiram os primeiros obstáculos. E foi num momento em que a situação financeira da família estava ficando insustentável que ela decidiu se inscrever para receber a bolsa. Ao ser contemplada, a família ficou aliviada.

“Eu sabia que meu pai não tinha para me dar e agora eu tenho a bolsa, então, tudo melhorou. É uma forma de ajudar não só a mim, como várias pessoas. É gratificante ter algo que te ajude a continuar. Hoje estou muito feliz porque daqui a um ano e um pouco eu me formo e vou ser a primeira que vai ter ensino superior na família da minha mãe”, comemora Sara.

“A gente vive da agricultura familiar, essa é a nossa vida e eu amo estar ali, tirando cheiro-verde, hortaliças. Quando era mocinha, me criei pela casa dos outros. Uma criança cuidando de outras crianças, então fizemos de tudo para ela conseguir estudar e ter outras oportunidades”, lembra a mãe.

Beneficiada pela bolsa desde setembro de 2018, Sara começa a alçar vôos mais altos. Em breve, a próxima parada dela será Fortaleza, no Ceará, para participar de um Fórum de Estudantes.

Trajetória estudantil – A jovem viveu boa parte da vida em Belém. Aos 15 anos, voltou para morar em Curuçá, onde os familiares maternos vivem, após um acidente envolvendo sua mãe e irmã, que é especial. Por conta disso, desenvolveu medo de andar de carro. Depois de aproximadamente três anos no município do interior, voltou para a capital quando passou na universidade e, gradativamente, vem superando dificuldades emocionais que a cidade grande lhe acarreta.

“Às vezes, eu me pego dentro de um ônibus sozinha e me sinto muito feliz, porque aos poucos estou conquistando a minha independência, que antes eu não tinha por conta desses problemas”, revela.

Em Belém, Sara mora com o pai, que presta serviços de forma autônoma para manter a filha e sustentar a família. “Só porque é uma universidade pública, não quer dizer que a gente não gaste. Gastamos e muito, então é muito difícil. Com a bolsa, tenho o dinheiro da passagem de ônibus, de apostila. Quando sobra, compro algum material de estudo, uma caneta, caderno”, diz.

A estudante ingressou aos 19 anos na Uepa. Pelas dificuldades financeiras, Sara conta que acabava perdendo aula em Belém, pela falta de recursos para se alimentar ou se locomover. “Em Curuçá, tem família, então necessidade não ia passar. E eu gosto muito de Curuçá. Eu sempre quis trabalhar como professora. Me formando, sei que vou ter como ajudar a minha família onde eu quero morar, que é em Curuçá”, planeja.

Como funciona

O coordenador do Núcleo Assistencial Estudantil (NAE), professor Afonso Delgado, explica que, atualmente, o departamento oferta três programas de apoio: socioeconômico, pedagógico e biopsicossocial. À frente do NAE desde 2012, o educador participou da elaboração da política pública de criação das bolsas e explica o principal objetivo da ajuda que Sara recebe, voltada, especificamente, para alunos de baixa renda.

 “São 400 estudantes contemplados com as bolsas de apoio socioeconômico, durante 12 meses em um ano. Eles são ajudados, sim, a se manter, mas também é uma forma de incentivarmos eles a participarem das atividades da universidade. Nosso objetivo é ver eles inseridos no ambiente acadêmico”, diz.

A instituição de ensino aplica, por ano, R$ 1,4 milhão nestas bolsas. O professor Afonso destaca que a iniciativa, que utiliza recursos exclusivamente estaduais, segue a base de uma polícia nacional, criada em 2010 por meio de um decreto presidencial e depois firmada com uma portaria do Ministério da Educação.

Embora ainda seja considerado pequeno, o número de estudantes contemplados, levando em conta a quantidade de alunos matriculados na universidade – mais de 12 mil, vale ressaltar que a Uepa oferece outros programas de incentivo acadêmico e financeiro, como as bolsas de monitoria – 529 bolsas no valor de R$ 678; as do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) – mais de 200 bolsas, divididas em CNPQ, Uepa e Fapespa, cada uma no valor de R$ 400; além de outros programas de apoio, que não são de assistência estudantil, mas estão dentro da academia. 

Serviço: Alunos da UEPA podem se inscrever para tentar conseguir a bolsa até o dia 19 de abril deste ano. Basta acessar o edital para saber o que é necessário.