Corregedoria Geral da PM discute feminicídio em evento
“Por nós mesmas” foi o tema do evento promovido pela Corregedoria Geral da PM, na manhã desta quinta-feira (7), em alusão ao Dia Internacional da Mulher. A cerimônia de homenagem, realizada no auditório A da Polícia Civil, no bairro Nazaré, em Belém, rompeu paradigmas ao propor a discussão de temas contemporâneos relacionados à mulher.
Abrindo o evento, a palestra “Feminicídio: a invisibilidade que mata” foi ministrada pela cabo Tatiana Tolosa, graduada em sociologia, especialista em polícia comunitária e gestão da informação, e mestre em segurança pública. A policial esclareceu o conceito do termo e a importância do tema nos dias atuais.
“O feminicídio é o fim de um ciclo de violência que inicia com uma palavra, a partir da violência psicológica, física, moral e patrimonial; e termina em um ato dominado pelo sistema patriarcal que leva, por fim, às ‘reticências da violência’”, explica a palestrante.
Uma das homenageadas, a capitã Aline Mangas, conta que o evento realmente foi especial ao tratar sobre o feminicídio. “Não temos mais lugar para esse tipo de comportamento. Hoje a sociedade precisa evoluir a qualquer custo porque nós estamos, sim, alcançando todos os postos na sociedade e para isso nós precisamos mostrar o nosso valor”.
Para elas, alcançar os postos mais altos não é tarefa fácil, como conta a tenente-coronel Marielza Andrade, que completou há pouco 25 anos de efetivo serviço na PM. “Eu fui a primeira mulher, em 200 anos de corporação, a receber uma estrela dourada, a que só tem direito quem comanda batalhão. Vou encerrar minha carreira no dia 21 de abril e até aqui posso me considerar plena”, afirmou a oficial que está partindo para a reserva remunerada.
A segunda palestra foi ministrada pela bacharel em direito e voluntária civil, Vanessa Vieira, que repassou mais informações voltadas para o embasamento jurídico do crime de feminicídio.
Mudança de padrão – Diferente dos eventos habituais realizados no Dia Internacional da Mulher, a Corregedoria da PM escolheu fazer um evento protagonizado, de fato, por elas. “Formatamos o evento de forma que todas elas pudessem tocar o evento, desde o cerimonial até as palestrantes. Pessoas escolhidas não só por serem mulheres, mas por terem qualificação para poder falar para todo o público”, afirmou o major Marcelo Mangas, um dos organizadores.
De acordo com o tenente-coronel Élson Luiz Brito da Silva, subcorregedor-geral da PM, o dia 8 de março deve ser utilizado para discutir temas socialmente importantes. “Hoje o IBGE aponta que nós temos 52% de população feminina; mas é a mulher que ganha menos, que tem mais instrução, é a mulher que tem uma tarefa árdua social diária de mãe, mulher, policial militar. Hoje, homem e mulher precisam e devem ter direitos iguais”.
Atualmente, a Polícia Militar conta com 1.837 policiais militares femininos na ativa, distribuídas em quase todas as unidades da corporação.