Hospital debate "morte digna" como princípio da medicina paliativa
A medicina paliativa encara a morte como um evento natural da vida, algo que não deve ser apressado e nem prolongado artificialmente. Por isso, para suscitar debates sobre esse princípio da filosofia paliativista, o Hospital Ophir Loyola iniciou, nesta quinta-feira (14), o simpósio “Morte Digna: A Perspectiva dos Cuidados Paliativos Oncológicos”, reunindo profissionais e acadêmicos de diversas áreas da saúde, no auditório Luiz Geolás.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o Paliativismo como o cuidado ativo e total do indivíduo com doença não responsiva ao tratamento de cura. É uma especialidade dedicada a promover a dignidade e a qualidade de vida do paciente e familiares, por meio do alívio do sofrimento biopsicossocial e espiritual. O cuidado é direcionado para aqueles com doenças crônicas degenerativas como, por exemplo, os pacientes oncológicos, cardiopatas e neuropatas.
No Brasil, a filosofia, o ensino e alguns serviços paliativistas surgiram na década de 80. Hoje, existem em média, 30 serviços de cuidados paliativos no país e a maioria funciona em instituições privadas. Em 2001, criou-se a Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO) do Ophir Loyola que tem por finalidade, oferecer assistência multidisciplinar ativa e integral em internação hospitalar, serviço de pronto atendimento, assistência ambulatorial e domiciliar aos pacientes oncológicos, além do suporte aos respectivos familiares.
Carla Lima, da comissão organizadora do evento, explica que o Ophir Loyola possui o único serviço de cuidados paliativos localizado em Belém, onde se trabalha com a "morte digna". “Essa problemática não é prioridade em outras realidades hospitalares, mas o assunto desperta o interesse dos profissionais por provocar reflexões sobre as práticas de qualidade para os pacientes com o perfil de atendimento abordado durante o simpósio”, afirmou.
A médica Pâmela Viana, coordena a CCPO do HOL, ministrou sobre a morte na contemporaneidade. Segundo ela, “O óbito ainda é um tabu, um assunto banido da sociedade, mas esse processo natural faz parte do ciclo de vida e vem sendo mascarado pela industrialização. A gente costuma falar de vida, bem-estar, longevidade, no entanto, existe uma demanda de enfermos em cuidados paliativos que precisam ter uma assistência de qualidade e os desejos atendidos”, destacou.
Os conflitos éticos foram abordados pelo médico Manoel Walber, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará, e envolvem o desrespeito à autonomia da vontade do paciente, que é manifestada antes da perda de consciência. “Ele pode decidir ou não por ser sedado em casos de sofrimento extremo, encarar a finitude de forma inconsciente ou desejar enfrentar a dor de forma consciente, nesse caso, tem o direito de receber todo o suporte terapêutico que leve a uma tranquilidade na espera desse momento”, disse.
A programação continuará nesta sexta-feira (15) com a apresentação de trabalhos orais, mesas redondas e palestras.