Secretário de Saúde do Pará solicita antecipação da vacinação contra a gripe
Devido à proximidade com o Estado do Amazonas, que já registrou 12 óbitos por gripe causada pelo vírus H1N1, o secretário de Saúde Pública do Pará, Alberto Beltrame, solicitou ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na quinta-feira (28), a antecipação da Campanha de Vacinação contra a Gripe em território paraense. Em ofício enviado ao ministro, Alberto Beltrame argumentou que “é grande o fluxo de pessoas entre os dois estados, e que ambos têm similaridades climáticas e epidemiológicas”.
Segundo a coordenadora estadual de Imunizações, Jaíra Ataíde, a vacina protege contra três tipos de vírus (Influenza A H1N1, Influenza A H3N2 e Influenza B), sendo atualizada anualmente, uma vez que as cepas dos vírus sofrem mutação todo ano. A coordenadora ressaltou, no entanto, que a vacina é direcionada aos grupos prioritários - crianças de seis meses a menores de 5 anos, mulheres gestantes e puérperas, idosos com mais de 60 anos, indígenas, pessoas com doenças crônicas, profissionais de saúde, professores e pessoas privadas de liberdade. “Com exceção dos profissionais de saúde e professores, que tomam a vacina em função do seu trabalho, são essas as pessoas mais afetadas pelo agravamento da doença”, acrescentou Jaíra Ataíde.
Em 2018, o Pará conseguiu vacinar 90% da população, mas não alcançou a meta entre as crianças menores de 2 anos. Por isso, Jaíra Ataíde disse esperar que, neste ano, a população participe mais da campanha. “Porque a vacina é umas das medidas mais eficazes, e todas as pessoas que fazem parte de grupos prioritários devem procurar o posto para tomar a vacina nesse período”, enfatizou.
Apesar de a campanha de vacinação abranger apenas os grupos prioritários, há uma série de medidas preventivas que a população pode adotar para evitar a gripe, como: lavar e higienizar as mãos antes de consumir alimentos e após tossir e espirrar, utilizando lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar nas mucosas dos olhos, nariz e boca; não compartilhar objetos de uso pessoal - talheres, pratos, copos e garrafas; manter os ambientes bem ventilados, e evitar ficar perto de pessoas com sinais e sintomas de gripe.
Notificação - Segundo Martha Nóbrega, chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em função da mudança no sistema de notificação do Ministério da Saúde ainda não foi possível divulgar nenhum informe epidemiológico sobre a Síndrome Gripal (SG) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) neste ano. No entanto, até o momento o Laboratório Central do Estado (Lacen-PA) ainda não recebeu nenhuma amostra de secreção nasal para exame, o que indica a ausência de notificação de casos suspeitos de SRAG no Estado.
Em 2018, o Pará fechou o ano com a notificação de 1.208 casos de SRAG, incluindo 97 óbitos, dos quais 58 (62%) tiveram coleta de nasofaringe, confirmando que a maioria - 13 óbitos (40,6%) - foi causada pelo vírus Parainfluenza 3. O H1N1 causou oito mortes (25%).
Conforme a diretora do Departamento de Epidemiologia da Sespa, Ana Lúcia Ferreira, para evitar o agravamento da síndrome gripal é preciso que os pacientes com SG que integram o grupo prioritário, e aqueles com SRAG, iniciem o tratamento com o antirretroviral Oseltamivir nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas, pois a demora pode provocar a morte do paciente. “Por isso, nesse período chuvoso os profissionais de saúde devem ficar atentos aos casos de gripe em pessoas com condições e fatores de risco para complicações”, alertou. “Nesses casos, e inclusive em pacientes sem condições e fatores de risco para complicação, conforme a gravidade do caso e avaliação do médico, pode ser utilizado o medicamento Oseltamivir, que está disponível em todos os municípios paraenses”, informou a epidemiologista.
Sinais e sintomas – Os principais sinais e sintomas de síndrome gripal são febre de início súbito (mesmo que apenas referida, quando não é constatada com o termômetro), acompanhada de tosse ou dor de garganta, e pelo menos um dos seguintes sintomas: dor de cabeça e dores nos músculos ou nas articulações, na ausência de outro diagnóstico específico.
Em crianças menores de 2 anos de idade também é preciso considerar a febre de início súbito (mesmo que referida) e sintomas respiratórios, como tosse, coriza e obstrução nasal. Os sinais e sintomas de agravamento da doença, que evoluem para SRAG, são dificuldade para respirar (dispneia), desconforto respiratório, saturação de oxigênio menor que 95% no ambiente e piora da doença pré-existente, além de pressão baixa em relação à habitual do paciente.